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FILOSOFIA: John Stuart Mill
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De: NATY-NATY  (Mensaje original) Enviado: 29/12/2009 17:05

John Stuart Mill

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John Stuart Mill

John Stuart Mill (Londres, 20 de Maio de 1806Avinhão, 8 de Maio de 1873) foi um filósofo e economista inglês, e um dos pensadores liberais mais influentes do século XIX. Foi um defensor do utilitarismo, a teoria ética proposta inicialmente por seu padrinho Jeremy Bentham.

Índice

[esconder]

[editar] Contexto

A Inglaterra da década de 1850, na qual John Stuart Mill escreveu “Sobre a Liberdade”, era uma sociedade profundamente conservadora, na qual os escritos de Mill advogando a liberdade econômica e moral do individuo sobre o Estado foram vistos como profundamente radicais.


A Era Vitoriana (1837-1901) é vista como um período de claro aumento das liberdades pessoais e políticas da sociedade inglesa. Dentre os diversos movimentos que fizeram parte dessa luta por maior liberdade podemos citar o exemplo das feministas, dos cartistas e dos abolicionistas. Contudo, não se deve deixar de ter em mente que, embora reformista, a sociedade vitoriana de maneira alguma pode ser considerada revolucionária.


O movimento feminista, na década de 1850, embora já fosse uma força política a ser considerada ainda não tinha obtido resultados de sua luta pelos direitos da mulher. A primeira lei assegurando os direitos da mulher na Inglaterra foi o Ato de Propriedade da Mulher Casada, aprovado pelo Parlamento em 1882, nove anos após a morte de Stuart Mill, que assegurava à mulher casada o direito a propriedade.


O movimento cartista de reforma social lutava pela expansão da participação política para a classe operária e durou da década de 1830 (com a publicação da Carta do Povo) até a sua última convenção em 1858. Dentre os diversos objetivos do movimento os mais significativos foram:


1- Um voto para cada homem (sufrágio universal masculino)


2- Voto secreto


3- Eleição anual


4- Distritos eleitorais com a mesma população, assegurando que os votos tenham a mesma representação


5- Remuneração dos parlamentares


6- Fim das restrições de renda para os parlamentares


Uma prova da estabilidade política da Inglaterra vitoriana pode ser encontrada no ano de 1848, no qual a Europa era convulsionada por revoluções e, no entanto, na Inglaterra o ato de maior revolta social foi a apresentação ao Parlamento de uma petição que transformaria em lei os objetivos expressos na Carta.


O movimento abolicionista inglês, um dos mais fortes do mundo na época, foi o grande responsável pela pressão exercida sobre o governo inglês para que este tomasse medidas contra os países escravagistas. Após a abolição da escravatura em 1833, a próxima vitória dos abolicionistas foi a aprovação do Aberdeen Act, que dava à Marinha britnica o direito de revistar os navios suspeitos de carregarem escravos entre a África e a América.


No contexto mundial a década de 1850 foi marcada pela paz do continente europeu, quebrada somente pela Guerra da Criméia (1853-1856) que se comparada aos conflitos napoleônicos foi uma guerra em pequena escala. A grande expansão econômica mundial fortalecia a economia inglesa e o crescimento do Império, enquanto a segunda revolução industrial se expandia para os outros países europeus.


No contexto científico a publicação de “A Origem das Espécies” por Charles Darwin em 1859 teve um grande impacto em diversos ramos das ciências e também na de Mill, profundamente marcada pelo evolucionismo.


[editar] Biografia

John Stuart Mill nasceu na casa de seu pai em Pentonville, Londres, sendo o primeiro filho do filósofo escocês radicado na Inglaterra James Mill. Mill foi educado pelo pai, com a assistência de Jeremy Bentham e Francis Place. Foi-lhe dada uma educação muito rigorosa e ele foi deliberadamente escudado de rapazes da mesma idade. O seu pai, um seguidor de Bentham e um aderente ao associativismo, tinha como objetivo explícito criar um gênio intelectual que iria assegurar a causa do utilitarismo e a sua implementação após a morte dele e de Bentham. James Mill concordava com a visão de John Locke a respeito da mente humana como uma folha em branco para o registro das experiências e por isso prometeu estabelecer quais experiências preencheriam a mente de seu filho empreendendo um rigoroso programa de aulas particulares.

Seus feitos em criança eram excepcionais; com a idade de três anos foi-lhe ensinado o alfabeto grego e longas listas de palavras gregas com os seus equivalentes em inglês. Com a idade de oito anos tinha lido as fábulas de Esopo, a Anabasis de Xenofonte, toda a obra de Heródoto, e tinha conhecimento de Lúcio, Diógenes Laërtius, Isócrates e seis diálogos de Platão (ver a sua autobiografia). Também tinha lido muito sobre a história de Inglaterra.

Um registro contemporneo dos estudos de Mill desde os oito aos treze anos foi publicado por Bain, que sugere que a autobiografia está longe de exagerar o volume de trabalhos! Com a idade de oito começou com o latim, Euclides e álgebra e foi nomeado tutor dos membros mais jovens da família. As suas principais leituras eram ainda em história, mas ele leu também os autores em Latim e Grego lidos normalmente nas escolas e universidades do seu tempo. Com dezoito anos, descreveu a si mesmo como uma "máquina lógica" e, aos 21, sofreu uma depressão profunda. Ele levou muitos anos para recuperar a auto-estima.

A obra de seu pai "História da Índia" foi publicada em 1818, após o qual, com a idade de doze, John iniciou um estudo intenso de lógica, lendo os tratados de lógica de Aristóteles no original. Nos anos seguintes foi introduzido na economia política e estudou Adam Smith e David Ricardo com seu pai - tendo acabado por completar a teoria econômica dos fatores de produção destes.

Mill trabalhou na Companhia Inglesa das Índias Orientais, lidando com a correspondência rotineira referente à atuação do governo inglês na Índia. Aos 25 anos, apaixonou-se por Harriet Tylor, uma mulher linda e inteligente, porém casada, que veio exercer grande influência no trabalho de Mill. Cerca de vinte anos depois, quando seu marido faleceu, Harriet Tylor se casou com John Stuart Mill. Ele se referia a ela como "dádiva-mor da minha existência" e ficou inconsolável quando ela morreu sete anos depois.

Mill ficou horrorizado com o fato de as mulheres serem privadas dos direitos financeiros ou das propriedades e comparou a saga feminina à de outros grupos de desprovidos. Condenava a idéia da submissão sexual da esposa ao desejo do marido, contra a própria vontade, e a proibição do divórcio com base na incompatibilidade de gênios. Sua concepção de casamento era baseada na parceria entre pessoas com os mesmos direitos, e não na relação mestre-escravo.

Devido aos seus trabalhos abordando diversos tópicos, John Stuart Mill tornou-se contribuinte influente no que logo se transformou formalmente na nova ciência da psicologia. Ele combatia a visão mecanicista de seu pai, James Mill, ou seja, a visão da mente passiva que reage mediante o estímulo externo. Para John Stuart Mill, a mente exercia um papel ativo na associação de idéias.

Stuart Mill desenvolveu, em seu livro A System of Logic, os cinco métodos de indução que viriam a ser conhecidos como Os Métodos de Mill.

[editar] Vida de John Stuart Mill

  • 1806: a 20 de Maio nasce John Stuart Mill em Londres; filho do também filósofo e economista James Mill, casado um ano antes, Stuart Mill surge numa época economicamente conturbada para a família Mill: o pai provinha de uma família humilde da Escócia e a mãe, ainda bastante jovem, era igualmente de condição modesta; é Sir John Stuart Fettercairn que virá a apadrinhar Stuart Mill, tal como já fizera com o pai, financiando parte dos seus estudos até 1819, ano em que James é nomeado para o Ministério das Índias Orientais com a posição de assistente;
  • 1809: com apenas três anos de idade, o pequeno Mill começa a aprender grego; o pai é que instrui Mill, rejeitando o ensino institucional e apostando tudo na tentativa de criar um gênio intelectual, capaz de defender o utilitarismo do tio, Bentham; as obras que Stuart leu em tenra idade são imensas; dos oito aos doze anos Stuart lia grego e latim no original;
  • 1818: James Mill publica História das Índias Britnicas, edição que lhe vale a nomeação, primeiro, para assistente e, depois, para Examinador da correspondência política com o estrangeiro; esta data marca a melhoria das condições de vida da família;
  • 1820: Stuart Mill abandona a Grã-Bretanha e viaja até ao sul de França; fica hospedado em casa de Samuel Bentham, general e irmão do filósofo Jeremy Bentham um dos fundadores da teoria utilitarista; acompanha estudos de lógica, metafísica, química, matemática e zoologia na Universidade de Montpellier; estes dias foram por ele considerados os mais felizes da sua vida;
  • 1822: regressando a Inglaterra lê o Tratado de Legislação de Jeremy Bentham; este livro será fundamental na sua formação enquanto filósofo, quer como continuador que foi, quer como reformador do utilitarismo que tentou ser; o mundo deveria ser convertido num lugar melhor, ditame que Stuart Mill vê como impulsionador de uma moral da felicidade, na esteira dos gregos, com certeza, mas reformulada pelos insights, que considerava geniais, de J. Bentham; entretanto, funda a Sociedade Utilitarista, a qual viveria apenas alguns anos;
  • 1825: substituição da Sociedade Utilitarista pela Sociedade em Debate (Debating Society); Mill, aberto a novas influências, diverge significativamente das idéias de seu pai e do seu tio, publicando vários artigos em revistas como a Westminster Review; a Sociedade em Debate é um reflexo dessa abertura e dessa nova sensibilidade eclética;
  • 1826: crise e depressão abatem o físico, a psique e a moral de Mill; as razões plausíveis são o trabalho extenuante, as divergências familiares, sobretudo com o seu pai, e uma certa insatisfação ou frustração intelectual;
  • 1830: conhece Harriet Taylor, casada e mãe de dois filhos; Harriet seria a sua grande paixão e o seu grande amor, influenciando-o sobremaneira, mesmo no concernante à sua filosofia;
  • 1831: começa a corresponder-se com Thomas Carlyle; esta correspondência foi fundamental na redefinição da linha que Mill seguirá, em confronto com Bentham; Stuart Mill procura agora um encontro profícuo com a velha filosofia helênica, aquela que ele primeiro conhecera há mais de vinte anos atrás;
  • 1834: é nomeado Diretor da Westminster Review; a sua filosofia é agora claramente divergente de Bentham;
  • 1835: o seu pai, James Mill, declina ameaçado por um cancro pulmonar, vindo a morrer a 23 de Junho de 1836;
  • 1840: por esta altura lê Tocqueville e Comte; a influência da chamada filosofia positiva faz-se sentir e o pragmatismo revela-se-lhe fundamental, ainda mais do que antes; a Democracia e a maioria são conceitos que lhe serão muito caros; o reformismo social marcará, a partir de agora, a sua filosofia e a sua atuação;
  • 1841: inicia-se a correspondência com Augusto Comte, a qual se manterá até ao ano de 1847;
  • 1843: é publicado o Sistema de Lógica Dedutiva, considerada uma das obras mais relevantes de Mill;
  • 1848: são publicados os Princípios de Economia Política, obra muito importante para compreender algumas das mais importantes influências sobre o espírito de Mill, bem como o seu percurso intelectual, agora com laivos de 'Socialismo';
  • 1851: Mill casa-se com Harriet Taylor, um dos espíritos que muito influenciou o seu pensamento, incluindo as obras editadas antes do casamento, direccionando o utilitarismo do filósofo no sentido do Socialismo, ou se quizermos, da acção social;
  • 1854: entre 1854 e 1860 Mill escreve aquela que é, provavelmente, a sua obra mais conhecida e com mais repercussões, Utilitarismo;
  • 1858: morre Harriet ficando Mill, agora reformado após a extinção da Companhia das Índias, com Helen Taylor, filha de Harriet com o marido anterior, a viver em Avignon junto ao cemitério onde foi sepultada a sua esposa;
  • 1859: é publicado o livro A Liberdade;
  • 1861: são publicadas as obras Utilitarismo ( nas edições da Frazer's Magazine de Outubro, Novembro e Dezembro) e O Governo Representativo; o Utilitarismo foi muito lido e comentado, quer favoravel quer antagonicamente, e grangeou-lhe renome e publicidade na sociedade da época; entretanto escreve o Sujeição das Mulheres;
  • 1865: toma assento na Cmara dos Comuns, eleito por Westminster como candidato radical, defendendo causas como o sufrágio feminino e o reconhecimento da igualdade das mulheres na vida pública;
  • 1868: a Cmara dos Comuns é dissolvida e Mill perde o lugar não voltando a ser eleito, no entanto ganha a Cmara de Avignon;
  • 1869: é publicado o Sujeição das Mulheres; no domínio da intervenção pública defende uma reforma da propriedade rural em todo o Reino Unido, bem como uma lei agrária mais justa para os agricultores Irlandeses, reivindicação que as populações agrícolas daquele território manterão até ao próximo século;
  • 1873: J.S.Mill morre em Avignon de erisipela infecciosa a 8 de Maio; repousa no mesmo túmulo da sua esposa, Harriet Taylor.


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