Hoje, sem querer, veio à minha mente antigas amizades por causa de um comentário deixado no post que coloquei para o dia dos pais. E com elas vieram algumas saudades. Cresci brincando com bola, cresci moleque, fui criança: não cresci na frente de um monitor.
Mas, à medida que fui crescendo, minhas recordações foram mudando: comecei a recordar do meu primeiro amor, embalado ao som de oceano de Djavan(tema de uma novela) - era amor de criança, por uma ex namorada de meu irmão, mas tido como o único, o verdadeiro, o eterno!
Sou de uma época em que se seguia uma trilha: procurar, esperar,
amar e sofrer. Ou, simplesmente, tínhamos tempo para pegar o travesseiro, chorar e fazer um dramalhão. E tínhamos um ombro amigo para nos consolar.
Hoje a coisa é meio descartável... A página virou: entrou a ‘amizade virtual’. Não sei a dimensão disso; não se sente o coração pulsar, não se sente um carinho espontneo, uma troca de afeto e nem uma afinidade imediata. É difícil passar emoção através de um teclado. Começa-se um relacionamento na base da desconfiança. Estas buscas e estas conquistas são cansativas. Gastamos horas num lero-lero inútil, indo e vindo dos Chats, dos Orkuts, dos Messengers, passando falsas informações ou dizendo nada, num ‘blábláblá’ sem fim. Mais tarde, no encontro, a suposta Pamela Anderson, aparece com a cara de Hoop Goldberg - com todo o respeito.
O
computador nos ajudou de um lado, mas nos embotou do outro. Temos acesso a todos os cantos do planeta; a pessoa ‘escolhida’ pode vir da China - após trocarmos afetos virtuais -, mas custamos a visitar um parente ou levarmos nossa
solidariedade a um amigo hospitalizado. Desacostumamos com atitudes mais atenciosas, com emoções concretas, de poder acreditar, de compartilhar, de não esconder lágrimas e de poder estar perto de alguém dividindo o peso da vida sem precisar balbuciar algo, apenas sentir e levar conforto. De estar presente.
Amigo a gente não procura, e muito menos através de um micro. Amigo, a gente dá de cara no momento mais inesperado, seja embaixo da chuva ou torrando-se no sol do meio-dia em Teresina, comendo um sopão perto do Karnak ou deliciando-se com caviar, ou apenas, tomando uma cajuina com o vizinho quando mudamos de endereço.
Talvez assim esse sentimento seja menos vacilante e mais verdadeiro