Palavras... Ignóbeis Palavras
Auschwitz
Memória que não deseja-mos que se repita
Pedaço de tempo despedaçado que se derramou no chão que pisamos
No ar que respiramos
Absorvido pelas águas de pequenos e grandes rios
Depositando-se nas profundezas da terra
Esperando que a temeridade de povos triturados pela miséria e pelo desespero do isolamento implacavelmente imposto por outras insanidades, lance novamente o fertilizante fétido que precede os grandes genocídios
Porque não te deixam ficar onde pertences?
Que estranho domínio se apodera da mente humana?
Quando devassada pela reflectida imagem da sua pequenez pretende reduzir todas as outras à destruição total
Quando ameaçada por algo que parece maior do que aquilo que pretensamente somos
Impossibilitamos o seu crescimento
Oprimindo povos e culturas
Marginalizando-os, acossando-os, atropelando os sonhos de adultos
Minando as esperanças de crianças que só desejam o mesmo que as nossas…
Olhando para este gigantesco mar vejo surgir das suas águas milhões de espíritos que se manifestam contra a irresponsabilidade presente
Implorando que não se repita tão ignóbil acto
Que cada um dos protagonistas de hoje se aliem de coração desguarnecido
E que coloquem aquele pedaço de tempo no lugar a que pertence
E outros pedaços que se agreguem …