Estava concentradíssima na minha aula de Shakespeare, lendo a cena do balcão em Romeu e Julieta, quando Cristina perguntou ao grupo:
“Vocês não acham o Romeu meio enjoadinho, não?”
Ela tem razão – pensei -, Romeu é enjoadinho. Lindo de morrer, no filme do Zefirelli, mas enjoadinho. Como diz minha filha, quase um “malinha”.
“Vocês acham que ele tem alguma semelhança com Hamlet?” – ela continuou.
“Claro que eles tem semelhanças” – palpitei. “Ambos são homens mais de reflexão do que de ação. São mais sensíveis. No caso do Romeu, p.ex, ele tem o atenuante de ser ainda muito mocinho, só tem dezesseis anos. É sonhador demais. Tão bobinho… Quem domina o casal é a Julieta… Já Hamlet é mais velho, mas está em crise dominado por um compromisso de vingar a morte do pai. Para ele que também é um homem mais sensível, de reflexão, isso é paralisante, um peso, sem dúvida… Agora, em condições normais, eles devem ser homens bacanas!”
“Eu também não acho esse tipo de homem enjoado, não. Prefiro esse tipo do que um tipo mais agressivo, mais grosseiro…. – comentou Bia e perguntou: “Quem seria um homem mais sensível, mais doce como eles hoje em dia? “
“Que tal Caetano Veloso?” - perguntou Paula. “Ele não é um tipo autoritário. Parece um tipo de homem mais sensível…”
“E Chico Buarque ?” – arriscou a professora.
Fez se tres segundos de um silencio sonhador e sorridente na sala. E voltamos a leitura :)
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