DA ÁRVORE
Lembro-me dela, muito, muito, tão vulgar, tão frondosa, sempre ali, nunca me deixou, nunca imaginei não a ver lá, nunca pensei naquilo sem ela, aquele tronco rugoso a que sempre me encostei, aquela copa que me dava alívio do calor, do sol sem pena, aquela copa que guardava segredos, de cheiros, de flores escondidas de ninhos de pássaros.
Seriam só teus os doces cheiros de flores desconhecidas? Que bem ficavas mesmo em frente à casa! Nunca te dei valor...
Sempre te imaginei com um alfaiate e a sua máquina de costura. Debaixo da tua copa, nasceriam calções, blusas, camisas... E a máquina faria truc, truc, truc, todo o dia.
Diz-me: ainda gostas de mim?
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