O sol está se pondo. Morre o dia. Estou sozinha. Encontro-me flutuando, como um corpo inanimado pelo outro lado de mim.
Só meu corpo está presente quando o sol está se pondo, o meu pensamento não. Para além do sofrimento levo minha alma comigo.
Quando o sol está se pondo o mundo fica sombrio... Eu também fico sombria, quando o sol está se pondo.
A sombra do sol que morre viola a ordem do mundo. Súbito há pulos das pontes e há também faces molhadas do choro da noite anterior.
O tempo germina, florescem os fantasmas. Um vulto com pompa passa sobre meu rosto. E dispersas no quarto as mãos me afagam. E eu só me reencontro no crepúsculo do sol posto...