Pressa de Amar
Marcelo Santos e Marcos Stefano - jornalistas.
Extrato reproduzido com autorização da Revista ECLESIA
"Sexo antes do casamento é pecado", preceito defendido em praticamente todas as igrejas protestantes, não está sendo obedecido por mais da metade da juventude evangélica brasileira. É o que diz um extenso trabalho de pesquisa levado a cabo entre 1994 e 2000 pelo Ministério Lar Cristão, entidade dedicada à promoção de valores cristãos entre a família e, principalmente, os jovens crentes. Num levantamento inédito, que ouviu mais de cinco mil moços e moças, membros de 22 diferentes denominações - que a revista ECLÉSIA de setembro traz a público pela primeira vez -, o resultado veio ao encontro daquilo que se suspeitava há muito tempo, mas nunca tinha sido comprovado assim, na fria lógica dos números: nada menos que 52% dos jovens evangélicos criados na igreja praticam o sexo pré-nupcial. Destes, a metade não fica numa única experiência e mantém vida sexual ativa com um ou mais parceiros. Mais: todos eles cresceram aprendendo princípios bíblicos e ouvindo pregações que condenam a prática. E se forem considerados aqueles que vieram para a igreja na adolescência, aquele percentual é bem maior.
Segundo a pesquisa, a idade média da perda da virgindade é de 14 anos, para os garotos, e 16, para as moças. Ou seja: para horror de pastores, pais e educadores, quando o assunto é sexualidade juvenil, a Igreja está se aproximando cada vez mais dos padrões liberais da sociedade moderna. É claro que enumerar motivos para isso é bem mais simples do que explicar o fenômeno. Afinal, a moçada crente do século 21, anda com os hormônios em ebulição, ainda mais no efervescente período da vida que vai dos 12 aos 20 anos. É nesta fase que se entra na puberdade, que cada vez chega mais cedo e associa, às evidentes mudanças físicas, uma infinidade de transformações comportamentais que nem mesmo Freud explicaria na sua íntegra.
Este tipo de comportamento causa espanto em gente como o escritor, conferencista e pastor batista Jaime Kemp, presidente do Ministério Lar Cristão e coordenador da pesquisa. Um dos mais respeitados especialistas em família da Igreja brasileira, Kemp não tem dúvidas: tudo acontece devido a um bombardeio de orientações sexuais erradas. "Começando pela disseminação de material erótico e pornográfico, além das tradicionais revistas de variedades que fazem enorme sucesso, principalmente entre as meninas, passando pela TV, internet e outras mídias, e até nas escolas, o jovem recebe uma educação sexual distorcida. Apregoa-se que o sexo antes do casamento não só não tem problema nenhum, como incentiva-se sua prática como necessária ao desenvolvimento da personalidade e identidade".
Cada vez mais cedo
A pesquisa sobre sexualidade do jovem evangélico foi realizada pelo Ministério Lar Cristão durante seis anos. Foram ouvidos cerca de 5 mil depoimentos, num universo de 22 denominações de diversas linhas teológicas, das tradicionais às pentecostais. Os resultados mostram que a moçada crente anda cedendo às tentações e praticando sexo antes do casamento:
52% dos jovens criados na igreja teve pelo menos uma relação sexual antes do casamento
Destes, pelo menos a metade não pararam por aí e mantêm uma vida sexual ativa
A idade média da primeira relação sexual do adolescente evangélico é de 14 anos para os rapazes e de 16 anos para as moças
17% das meninas entre 14 e 18 anos já são mães ou estão grávidas do primeiro filho