JOGOS REALIZADOS DURANTE AS FESTAS JUNINAS
PAU-DE-SEBO
É um divertimento de rua para as crianças ou adultos. Um mastro alto, comumente um tronco de eucalipto, é cuidadosamente recoberto de sebo, e no topo do qual são colocados prêmios, que pode ser dinheiro ou prendas. Sua altura varia de 5 m para cima. É cuidadosamente preparado, tirando todos os nódulos que possam existir, alguns lixam-no, sendo por último revestido de sebo de boi, derretido. No topo colocam um tringulo de madeira quando é em festa do Divino, e neste amarram notas de dinheiro. Em outras festas, é pregada uma tábua no topo, sobre a qual fixam prêmios os mais variados, sendo, porém, as notas de dinheiro as de mais fácil colocação.
Em uma hora determinada, em prosseguimento do programa de entretenimento, com todo o povo reunido, aparecem os valentões, que tentaram subir o pau-de-sebo. Apresentam-se com roupas velhas porque depois da prova ficarão em mísero estado de ensebamento. Alguns mais experientes enchem as algibeiras de areia e a cada conquista de altura na madeira escorregadia vão usando-a aos punhadinhos, que ajuda a segurar melhor, escorregar menos.
Muito raro um atingir sozinho o topo e apanhar o prêmio. Tenta, sobe até uma determinada altura, volta. E a assistência grita:
-"aí batuta, quase chegô".
Outros dizem:
-"quase no céu e vortô pra terra".
A gritaria e a torcida continua, um ou outro fala: "tá liso que nem sabão", "eta que é pior do que quiabo" ou "mais escorregadio do que muçum ensaboado".
Depois das tentavas individuais frustradas, sem êxito, começam a subir um apoiando no ombro do outro. E quando assim conseguem, dividem o prêmio entre os companheiros.
As tentativas de subir no pau-de-sebo, a dificuldade de se conquistar o prêmio, subindo muitas vezes até o topo e depois escorregando para o pé do mastro ensebado, nos dá bem a medida do que o pau-de-sebo simboliza: a ligação entre a terra e o céu. O pau-de-sebo é uma sobrevivência dessa tentativa humana de estabelecer uma ligação, de atingir o paraíso. Aquela que os babilônios tentaram realizar com a Torre de Babel, que os arianos reviveram anualmente na "árvore de maio", quando ao seu redor dançam o "pau de fita", também encontrada nos mastros centrais dos terreiros de candomblé jejê-nagô, ao pé do qual está enterrado o axê, símbolo cósmico para os negros baianos.
Sem saber, o povo revive o significado dessa ligação entre a terra e o céu que o pau-de-sebo proporciona, ao incentivar os que desejam o prêmio lá do topo, gritando: "quase chegô no céu..."
É uma das brincadeiras mais comuns das festas juninas e tem origem portuguesa.