Página principal  |  Contacto  

Correo electrónico:

Contraseña:

Registrarse ahora!

¿Has olvidado tu contraseña?

TUDO EM PORTUGAL
 
Novedades
  Únete ahora
  Panel de mensajes 
  Galería de imágenes 
 Archivos y documentos 
 Encuestas y Test 
  Lista de Participantes
 BEM VINDOS 
 PRINCIPAL 
 QUEM SOMOS 
 REGRAS DO GRUPO 
 FELIZ NATAL 
 FELIZ ANO NOVO 
 
 
  Herramientas
 
General: SAUDADES
Elegir otro panel de mensajes
Tema anterior  Tema siguiente
Respuesta  Mensaje 1 de 2 en el tema 
De: Dorinha  (Mensaje original) Enviado: 02/03/2010 18:56
Saudades  
                          José Antônio Oliveira de Resende, Doutor em Lingüística - UFMG, Mestre em Língua Portuguesa - UFMG, Pós-graduado em Língua Portuguesa - PUC-MG
                           Graduado em Letras - Faculdade Dom Bosco
 
 
          Sou do tempo em que se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho porque a família toda ia visitar algum conhecido. Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente, à noite.Ninguém avisava nada, o costume era chegar de paraquedas mesmo.
          E os donos da casa recebiam alegres a visita. Aos poucos, os moradores iam se apresentando, um por um.
          - Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.
          E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos. Aí chegava outro menino. Repetia-se toda diplomacia.
          - Mas vamos nos assentar , gente. Que surpresa agradável!
           A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro... casa singela e acolhedora. a nossa também era assim. Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que também era costume servir um bom café aos visitantes.
Como um anjo benfazejo, surgia alguém lá da cozinha, geralmente uma das filhas, e dizia:
          - Gente, vem aqui pra dentro que o café está na mesa.
          Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães, bolos, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite...tudo sobre a mesa.Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também. Pra que televisão? Pra que rua? Pra que droga? A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço na esperança... era a vida respingando eternidade nos momento que acabam... era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade...
            Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminha muita vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida. Era assim também lá em casa.Recebíamos as visitas com o coração em festa...A mesma alegria se repetia. Quando iam embora, também ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos...até que sumissem no horizonte da noite.
            O tempo passou e me formei em solidão. Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD e email... Cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa. Agora a gente combina com os amigos fora de casa:
            - Vamos marcar um saída!...- ninguém quer entrar mais.´
              Assim, as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados do assustadores. Casas trancadas ...Pra que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga, dos
biscoitos, do leite...
                Que saudade do compadre e da comadre!!!


Primer  Anterior  2 a 2 de 2  Siguiente   Último  
Respuesta  Mensaje 2 de 2 en el tema 
De: NATY-PT Enviado: 04/03/2010 22:02


 
©2025 - Gabitos - Todos los derechos reservados