Por Ana Lucia Santana |
Benedito cresceu sempre ao lado de seus melhores amigos, os livros. A princípio ele dividia essa amizade com as habituais brincadeiras de menino, depois com os estudos secundários e, quando jovem, com a Faculdade de Direito. Sua vida foi incessantemente dedicada à Filosofia e à Literatura.
Desde os anos 50 atua como professor, lecionando na Universidade Federal do Pará, como professor titular de Filosofia, e em outras universidades brasileiras, francesas e norte-americanas, no campo da literatura. Embora hoje esteja aposentado como titular, ele insiste em continuar ensinando, através de suas inúmeras conferências e das obras que produz.
Ele foi um dos criadores da Faculdade de Filosofia do Pará, realizou seu mestrado na Sorbonne, em Paris, tendo a honra então de ser aluno de mestres como Merleau-Ponty e Paul Ricoeur. Sua carreira intelectual não impediu que ele se aventurasse também no campo do teatro, fundando, ao lado de sua esposa Maria Sylvia Nunes e da cunhada Angelita Silva, o Norte Teatro-Escola, depois assumido pela Universidade Federal do Pará.
A representação da peça Morte e vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, no 1º Festival Nacional de Teatro Amador, em 1958, na cidade de Recife, garantiu a Benedito o prêmio de melhor adaptação teatral, enquanto Maria Sylvia ganhava o de melhor direção. Ele e seu grupo deixaram marcas na história do teatro do Pará ao darem início neste campo a um estágio mais moderno.
Quanto à literatura, Benedito escreve desde a infncia. Na fase adolescente ele escreveu para periódicos da escola, colaborando posteriormente com jornais da região, elaborando resenhas e críticas literárias, que depois se estenderam aos veículos de mbito nacional. Sua obra é vasta, composta de livros, participações em criações coletivas e artigos inúmeros em edições especializadas. Sua primeira obra foi justamente uma análise do trabalho de Clarice Lispector – O mundo de Clarice Lispector, de 1966 -, sobre quem escreveria constantemente. Ele se especializou particularmente em discorrer sobre a ligação entre a literatura e a filosofia, unindo assim suas duas paixões.
Alguns de seus livros mais conhecidos são:
- O Crivo de Papel
- O drama da linguagem – uma leitura de Clarice Lispector
- Oswald Canibal
- O tempo na narrativa
- No tempo do niilismo e outros ensaios
- O dorso do tigre
- entre outros
É especialista também em Guimarães Rosa, na esfera literária, e em Kant, Heidegger e Nietzsche, no campo filosófico. Suas produções mais recentes são Heidegger e Ser e Tempo, de 2002, e Crônica de duas cidades: Belém e Manaus, escrito em parceria com o escritor amazonense Milton Hatoum, de 2006.