Mercedes Sosa vive, sempre viverá, toda aquela força, aquela voz, me causando tristeza de ser brasileiro e aguentar o nosso povo ridicularizar nossos vizinhos.
Lógico, temos nossas diferenças, mas cultura não tem fronteiras e essa magnifica cantora éra do mundo, de todos nós, que espetáculo, que voz, que presença de vida, citando Guimarães Rosa, "as pessoas não morrem, ficam encantadas", já em vida éra um encanto.
Mercedes Sosa nasceu em San Miguel de Tucumán, na província de Tucumán, no noroeste da Argentina, cidade onde foi assinada a declaração de Independência da Argentina em 9 de julho de 1816, na casa de propriedade de Francisca Bazán de Laguna, que foi declarada Monumento Histórico Nacional em 1941.

Nascida no dia da Declaração da Independência, e na mesma cidade onde foi assinada, Mercedes sempre foi patriota, como a maioria do povo argentino o é. Afirmou inúmeras vezes que "pátria só temos uma". Foi também uma árdua defensora do Pan-americanismo e da integração dos povos da América Latina, muito visível na música "Canção da América" de Milton Nascimento, com quem interpretou várias canções, ainda hoje existem pessoas que a usam para definir um amigo e só, que não deixa de ser muito válido, devido a versatilidade poética de sua letra, mas a realidade é a integração, união dos povos da América Latina, vermos nossos vizinhos como irmãos.

Criada durante o governo de Juan Domingo Perón e sofrendo - como quase todos da sua geração - uma influência muito grande de Eva Perón, Sosa cresceu embalada pela ideologia peronista. Devemos nos lembrar que o peronismo era então difundido nas escolas e nos meios de comunicação, como a imprensa, o cinema e o rádio.

Sua ascendência era mestiça (mistura de europeus com ameríndios): francesa e dos indígenas do grupo quechua.

Sua carreira se iniciou em 1950, aos quinze anos de idade, quando Sosa venceu uma competição de canto organizada por uma emissora de rádio de sua cidade natal e ganhou um contrato para cantar por dois meses.Depois disso não parou mais, correu o mundo, arrebatou prêmios, poucos, perto do que ela merecia, levou sua Argentina no coração, provou ao mundo que poderíamos, nós latinos americanos, sermos vistos como verdadeiros irmãos, sem fronteiras, dividiu palcos com pessoas maravilhosas, León Gieco, Charly García, Antonio Tarragó Ros, Rodolfo Mederos,Fito Páez,Chico Buarque, Daniela Mercury, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Gal Costa, Sting, Andrea Bocelli, Luciano Pavarotti, Nana Mouskouri, Joan Baez, Silvio Rodríguez e Pablo Milanés.
Estamos todos um pouco orfãos, seu corpo se foi, mas sua alma estará sempre conosco, cada zampoña, cada tambor andino, cada quena, cada charango, soará um lamento, pela partida inesperada, de nossa fantástica Mercedes Latino Americana Sosa.