CHUVA DAS BêNçãOS
Choveu
E a chuva lavou a terra
Mas não se fez enchente
Fez-se lixívia, como purgante
Que o intestino aterra
A chuva forte
Não é sinal de morte
É sinal de vida
A semente germina
E frutifica
O fruto é doce
A alma pura
O amor semente
Na alma da gente
A chuva acalma
Enche o rio
Pode arrastar as margens
Mas enche as barragens
De água pura
Que mata a sede
Dos que têm candura
A chuva pode ser ácida
Afinal, o homem polui
O ar que respira
Mas também exala
A poesia que embala
Um sonhar menino
Do passarinho
A ninar em seu ninho
A chuva é bênção
Ao sertanejo cansado
Humilhado
No labor diário
Quando a chuva cai
Sua tristeza se esvai
Um sorriso brota
Na alma já torta
Porque o alimento vem
A chuva é linda
Porque sempre resta ainda
No final da tempestade
Um arco-íris
Denise Severgnini
Novo Hamburgo/RS
Brasil
Glosando A A de Assis
Gislaine Canales