O Amor e o Tempo
Pela montanha alcantilada
todos quatro em alegre companhia,
o Amor, o Tempo, a minha Amada
e eu subimos um dia.
Da minha Amada no gentil semblante
já se viam indícios de cansaço;
O Amor passava-nos adiante
e o Tempo acelerava o passo.
- "Amor! Amor! mais devagar!
não corras tanto assim, que tão ligeira
não pode com certeza caminhar
A minha doce companheira!"
- Súbito, o Amor e o Tempo, combinados,
abrem as asas trémulas ao vento ...
- "Por que voais assim tão apressados?
Onde vos dirigis?" - Nesse momento,
volta-se o Amor e diz com azedume:
- "Tende paciência, amigos meus!
Eu sempre tive este costume
de fugir com o Tempo ... Adeus! Adeus!"
(António Feijó)
1859 - 1917