Hoje, noite de Abril, sem lua,
Aminha rua
É outra rua.
Talvez por ser mais que nenhuma escura
E bailar o vente leste
A noite de hoje veste
As coisas conhecidas de aventura.
Uma rua nova destruiu a rua do costume.
Como se sempre nela houvesse esse perfume
Do vento leste e Primavera.
A sombra dos muros espera
Alguém que ela conhece.
E às vezes, o silêncio estremece
Como se fosse a hora de passar alguém
Que só hoje não vem.
(Pintura: Lenid Afremov)
(Poesia: Sophia de Mello Breyner Andresen)