As Rosas
Rosas que desabrochais, Como
os primeiros amores, Aos suaves resplendores Matinais;
Em vão ostentais, em vão, A vossa graça suprema; De pouco vale;
é o diadema Da ilusão.
Em vão encheis de aroma o ar da
tarde; Em vão abris o seio úmido e fresco Do sol nascente aos beijos
amorosos; Em vão ornais a fronte à meiga virgem; Em vão, como penhor de
puro afeto, Como um elo das almas, Passais do seio amante ao
seio amante; Lá bate a hora infausta Em que é força morrer; as
folhas lindas Perdem o viço da manhã primeira, As graças e o
perfume. Rosas que sois então? – Restos perdidos, Folhas mortas que o
tempo esquece, e espalha Brisa do inverno ou mão indiferente.
Tal é o vosso destino, Ó filhas da natureza;
Em que vos pese à beleza, Pereceis;
Mas, não... Se a mão de um poeta Vos cultiva agora,
ó rosas, Mais vivas, mais jubilosas,
Floresceis.
Machado de Assis, in 'Crisálidas'
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