Aproximo-me da noite o silêncio abre os seus panos
escuros e as coisas escorrem por óleo frio e espesso
Esta
deveria ser a hora em que me recolheria como um poente no bater do
teu peito mas a solidão entra pelos meus vidros e nas suas enlutadas
mãos solto o meu delírio
É então que surges com teus passos de
menina os teus sonhos arrumados como duas tranças nas tuas costas
guiando-me por corredores infinitos e regressando aos espelhos onde
a vida te encarou
Mas os ruídos da noite trazem a sua esponja
silenciosa e sem luz e sem tinta o meu sonho resigna
Longe
os homens afundam-se com o caju que fermenta e a onda da madrugada
demora-se de encontro às rochas do tempo