A minha vida é o mar o Abril a rua O meu
interior é uma atenção voltada para fora O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada Grava no espaço e no
tempo a sua escrita
Não trago Deus em mim mas no mundo o
procuro Sabendo que o real o mostrará
Não tenho
explicações Olho e confronto E por método é nu meu
pensamento
A terra o sol o vento o mar São a minha
biografia e são meu rosto
Por isso não me peçam cartão de
identidade Pois nenhum outro senão o mundo tenho Não me
peçam opiniões nem entrevistas Não me perguntem datas nem moradas
De tudo quanto vejo me acrescento
E a hora da minha
morte aflora lentamente Cada dia preparada