Calo a voz do vento que não traduzo
e o "modus vivendi" fora de uso.
Calo a voz da dor impertinente
e o tom de um acorde experiente.
Calo o desejo de cantar meu hino
e a visão do mundo que descortino.
Calo a juventude das minhas incertezas
e a altura das minhas fortalezas.
Calo a negligência das minhas crenças
e o inconformismo de tantas querenças.
Calo as verdades que tanto persigo
na incompreensão do ouvido amigo.
Calo o que busco e o que pressinto,
calo a voz a gritar que não minto.
Mas não calarão a pena que desliza,
a vontade que com o fim se harmoniza,
o brilho que sempre trarei no olhar
até que a morte me impeça de sonhar.