Fernando Peixoto
D Á D I V A
No me pidan palabras melosas cuando apenas la sonora carcajada me irrumpe del pecho como piedra astillada ni sonrisitas de catálogo de moda cuando el mear en una esquina de la ciudad es un acto poético y huele a vida no me pidan gestos simétricos y convencionales cuando un cosmo político en un corte de manga abarca toda la nausea de Bordalo a Pasolini No me pidan nunca aquello que vosotros quereis por qué yo doy apenas aquello que poseo y que es esta rábia enorme de escupir esta feroz voluntad de gritar y el sexo amplio enorme y predispuesto para fertilizar el amor en todas las esquinas pidanme a mi nada más y os daré todo lo que poseo el sudor la sangre el sexo YO y conmigo os daré el hombre primitivo lo que rechaza la civilización del marketing lo que caga en las corbatas de los public-relations pero que apuesta en el futuro único del CRECED Y MULTIPLICAOS si pidanme a mi Tomaré y comeré ESTE ES MI CUERPO
D Á D I V A
Não me peçam palavras melífluas quando apenas a sonora gargalhada me irrompe do peito como pedra lascada nem sorrisinhos de catálogo de moda quando o mijar numa esquina da cidade é um acto poético e cheira a vida não me peçam gestos simétricos e convencionais quando um cosmopolítico manguito abarca toda a náusea de Bordalo a Pasolini Não me peçam nunca aquilo que vós quereis porque eu dou apenas aquilo que possuo e que é esta raiva enorme de cuspir esta feroz vontade de gritar e o sexo amplo enorme e predisposto a fertilizar o amor em todas as esquinas peçam-me a mim nada mais e dar-vos-ei tudo o que possuo o suor o sangue o sexo EU e comigo dar-vos-ei o homem primitivo o que recusa a civilização do marketing o que caga nas gravatas dos public-relations mas que aposta no futuro único do CRESCEI E MULTIPLICAI-VOS Sim peçam-me a mim Tomai e comei
ESTE É O MEU CORPO
Fernando Peixoto
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