Maurício Santanelli
A paixão é fogo e engana...
Pela beleza da chama...
Arde, queima e até inflama...
E a gente... sequer reclama!
E quanto maior a labareda formada
Mais ela ofuscará a nossa visão
E só depois da flama apagada
É que se pode constatar a devastação...
Mesmo assim isso não é nada...
Pois nascerá uma outra plantação
A qual também será queimada
Ah, quão fértil é o solo-coração
A magia será de novo reinventada
Poisé infinito o poder da ilusão
Será novamente, a mente enganada
Por ser ela incapaz de reter tal lição...
E ainda bem que é assim que se passa
Que nesse embate a vencida é a razão
Pois a vida só é boa e tem graça
Quando é capaz de destilar a emoção
A paixão não contempla a calma
O amor nunca nos é submisso
Germina e nasce dentro da alma
Floresce no ar sem nenhum compromisso
E se por ventura deixa de amar, o coração
O corpo inteiro sentirá um tremendo frio
Sofrerá a mente, e no interior da razão
Formar-se-á um imenso e profundo vazio...
Pois é essa aparente contradição
Que torna a vida mais bela
Se não houvesse nela a dor da paixão
Qual então seria o real sentido dela?