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CONTOS: NATAL INESQUECIVEL - POR GRAZIELA VIEIRA
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De: e-petromax  (Mensaje original) Enviado: 18/09/2007 21:00

NATAL INESQUECIVEL





Em finais da década de sessenta, a jovem Ana, encontrava-se em Mo챌ambique na companhia do marido, que ao servi챌o do Governo Portugu챗s, fora destacado, como agente da P.S.P., para o Norte daquela ex-colónia, no Distrito do Niassa.

Maniamba, era um pequeno aldeamento cercado de arame farpado, e que distava cerca de 80 km de Vila Cabral, uma Cidade lindíssima, mau grado a fúria do “terrorismo” que á data, fazia muitos estragos, materiais e humanos.

No dia 20 de Dezembro, o marido da Ana encontrava-se acamado devido a uma forte crise de Malária, vulgo, Paludismo. Tinha momentos alternados de febre altíssima que o faziam balbuciar palavras aparentemente sem nexo. O filho de ambos, ent찾o com 18 meses, gritava com fome e a desesperada Ana pouco mais tinha que lhe dar que um pouco de mandioca cozida. Os quatro casais de brancos residentes e toda a popula챌찾o em geral, encontrava-se em situa챌찾o id챗ntica.

Aproximava-se a passos largos o Natal; a Ana maldizia o dinheiro, que embora não faltasse, de nada servia uma vez que não havia nada para comprar. Toda a população era abastecida de géneros alimentícios através da tropa Portuguesa aquartelada no local. Como era extremamente perigoso a alguém, que não a tropa, aproximar-se do armadilhado arame farpado, não se cultivavam as machambas, “hortas”, e toda a população estava dependente da tropa, até para o abastecimento de água potável.

Por motivos de segurança, havia quase dois meses que a coluna militar não se deslocava a Vila Cabral em busca de géneros devido aos boatos, mais que fundados, de que a estrada de terra batida, se encontrava profusamente armadilhada pelos denominados “turras”. Não havia géneros alimentícios para ninguém, e até os medicamentos mais básicos, já escasseavam.

Como estavam distantes os Natais da Ana, passados alegremente no seio da família em Avidagos, sua linda e saudosa aldeia transmontana.

A noite já se fizera anunciar há algum tempo. Ouvia-se ao longe o regougar das hienas e das raposas, o rugido cavernoso dos le천es e o constante crocitar das aves nocturnas; eram aliás os únicos sons que atravessavam o cacimbo da cálida noite tropical, quando já todos os habitantes se haviam recolhido ao aconchego dos seus lares.

Não fossem as grandes inquietações, também a Ana estaria já nos braços de “Morfeu”. Como não conseguisse dormir, saiu para o pequeno quintal cercado de canas secas e encostou-se ao grande tronco do cajueiro, aspirando sofregamente, os inconfundíveis aromas africanos.

Absorta em viajar pelo seu próprio interior enquanto admirava o firmamento, teve a nítida sensa챌찾o da longínqua lareira acesa, das filhós polvilhadas de canela acabadas de fritar, dos seus irm찾os, todos mais novos, esperando impacientemente as doze badaladas do relógio da torre da velha Igreja anunciando a meia noite, para sofregamente desembrulhar as prendas que o Menino Jesus pusera nos respectivos sapatos, sem que eles vissem,. Depois da obrigatória Missa do Galo, toda a família se reunia em volta da grande lareira jogando o par e pern찾o, com am챗ndoas de casca enquanto iam debicando os acepipes próprios da época que a atarefada m찾e ia confeccionando sem descurar a chaleira do café junto das brasas mantendo o mesmo sempre quente para ir empurrando as guloseimas. Só os mais pequenitos é que sucumbiam ao sono, a restante família, n찾o se deitava nessa noite.





2짧

Ai que saudades meu Deus, suspirava a Ana de si para si…Ela que tinha construído a sua própria família há tão pouco tempo e que queria manter viva esta saudável e religiosa tradição, via-se agora na eminência de nem um pouco de pão duro ter, para dar aos seus. Continuando encostada á arvore junto da palhota que lhe servia de casa, sentiu duas grossas e deslizantes lágrimas queimarem-lhe as faces.

Lágrimas de prece? De revolta? De saudade? Jamais as saberia explicar. Uma certeza porém se apoderara dela. A adversidade, nunca a tinha amedrontado; não podia cruzar os braços! Tinha que fazer algo; mas, o quê? Entregar-se ao desespero é que não resolvia nada. Quase se assustou, quando o mainato, “empregado jovem”, lhe disse baixinho.

- Senhora! Xi, patr찾o tens malucos nos cabe챌a!

-Porqu챗?

-Sempre está a falar maningue, “muito”, nos bacalhau e nos couve.

Compreendera: no seu delírio febril, o marido n찾o esquecia a época que se aproximava.

-Saíde, já foste ao curandeiro falar da doen챌a do patr찾o?

-Sim senhora.

-Ele disse o qu챗?

-Ele falou que os espírito diz que patrão tem xicuembo, “feitiço”, e que só vai curar mais depressa quando há-de beber aqueles chá dos erva que tem maningue “muito” longe. Aquele gente não vai buscar porque os tropa não deixa ir passar arame e também porque tem medo dos turra. “terrorista. Quando vai esperar pouco, pouco, xicuembo acaba.

-O menino está a dormir?

-Sim senhora

-Ent찾o vai lá continuar a por os panos molhados na testa do patr찾o que eu já lá vou.

-Sim senhora.

Ficou sozinha novamente na semi-obscuridade da noite, agora com os pensamentos na incompreens찾o daquela guerra que, tantos malefícios causava a brancos e pretos. Via-a como uma guerra inglória e fratricida.

De súbito, ouviu passos que se aproximavam, e colou-se ainda mais ao tronco da árvore, como se fizesse parte dela, para n찾o denunciar a sua presen챌a. Eram dois soldados que passavam a ronda. Através de algumas palavras soltas que ouvira, ficou a saber que ás quatro horas dessa madrugada, a coluna militar partia rumo a Vila Cabral a fim de se abastecerem para o Natal.

-Ó meu Deus, ajudai-me! Esta é a minha grande oportunidade.

Mal os soldados se afastaram, correu ao Quartel para solicitar ao Capit찾o Campinas permiss찾o para seguir na coluna. Ele estava ao corrente da doen챌a do marido pois o médico era o mesmo da Companhia e que também já a tratara de Malária com Febre Tifóide em simult창neo mas agora com a quase total falta de medicamentos mais nada podia fazer, conhecia também a situa챌찾o precária pois a mesma se apoderara de toda a gente, mas n찾o queria, de maneira alguma dar-lhe a pedida autoriza챌찾o argumentando:

-A senhora já se deu conta que chegamos a este estado calamitoso devido ao perigo que esta viagem comporta? E citou-lhe o elevado número de militares, brancos e pretos, mortos e estropiados de um aldeamento próximo que dias antes se tinha aventurado a id챗ntica viagem. Além disso, n찾o eram permitidas senhoras, nessa altura, numa coluna militar. Etc, etc,

Mas o que é que uma jovem mulher debulhada em lágrimas n찾o consegue?

-Pronto, pronto! N찾o chore mais, disse o Capit찾o comovido: vou providenciar para que um Unimog pare á sua porta; mas nem uma palavra a quem quer que seja fui claro?




3짧


-Sim, senhor Capit찾o! E acto contínuo, a Ana fez o gesto de querer beijar-lhe as m찾os, ao que o jovem corajoso e bondoso Capit찾o se esquivou, mandando dois militares acompanhá-la a casa pois que eram quase 22 horas, e o gerador que fornecia luz ao Quartel e ao aldeamento, era sempre desligado a essa hora.

-Outra coisa, minha senhora, disse á laia de despedida. Seja qual for o desfecho da viagem, oficialmente eu n찾o sei de nada.

Esteja descansado senhor Capit찾o. Deus há-de permitir que tudo corra bem.

-Assim seja, para o bem da senhora e dos meus homens.

Os cerca de 400 metros que mediavam entre o Quartel e a sua casa, foram percorridos em breves minutos. Foi espreitar o marido e o filho que dormiam profundamente e até o dedicado mainato, dormia numa esteira, junto á cama do patr찾o.

Em bicos de pés e á luz de uma vela, foi preparando tudo para a grande aventura. Vestiu o fato camuflado do marido ao qual teve que fazer duas dobras nas pernas das calças. Até aí, tudo bem mas, e as botas? Ficavam-lhe exageradamente grandes. Que se (lixe) vou de sapatilhas! O problema, é que as mesmas eram brancas e não convinha nada como é obvio. Um pouco de fuligem da chaminé de mistura com a graxa preta das botas, resolveram o problema. Pegou num punhado de notas e atafulhou um dos bolsos do casaco. No outro bolso, iam duas “pinhas”, granadas de mão. Verificou a G.3 e as respectivas munições, encheu o cantil de água, e noutro bolso, acomodou duas grandes raízes de mandioca crua, para matabichar pelo caminho. Olhou o relógio, ainda tinha tempo de descansar um pouco numa cadeira. Quando faltavam mais ou menos dez minutos para a partida, foi acordar o mainato para lhe dizer o que havia de fazer durante a sua ausência. Com um dedo nos lábios para não acordar o marido e o filho, fez-lhe sinal para ir até á cozinha. Ao vê-la assim ataviada, o atarantado empregado perguntou:

-Senhora vais passar ronda nos Cipaio? Cipaios eram Auxiliares da P.S.P.,


A pergunta até nem era descabida pois Ana por vezes fazia-o sempre que o marido estava doente ou ausente, mas nunca fardada.

-N찾o! Eu vou na Coluna a Vila Cabral buscar comida e remédios.

-Xi! Não pode senhora, tem maníngue perigoso! “Turra”pode matar.

-No estado em que as coisas est찾o, morrer de um tiro, ou de fome, é igual. Percebeste bem o que eu te disse para fazeres?

-Sim senhora.

-N찾o te esque챌as de dizer ao patr찾o onde fui, só quando já estiver muito longe. Agora deixa-o dormir.

-Sim senhora!

Mal acabara de dar as últimas instru챌천es, e já um Unimog lhe parava á porta para ela subir. O mainato, acenando um adeus balbuciou: Senhora, eu vai na Mesquita fazer minhas ora챌찾o e quando Deus quer, tudo vai correr maningue bem.

O Alferes que comandava a Coluna, estava ao corrente da integra챌찾o da Ana que no ápice

dos seus 24 anos, subiu de um pulo para o Unimog que logo se p척s em marcha.

Depois de transpor o arame farpado, a pouco mais de meia dúzia de kms, quando o raiar da aurora já se fazia anunciar, o Alferes mandou parar a Coluna para dar Instruções precisas. Fosse qual fosse o motivo, que ninguém fizesse fogo sem a sua autorização. Se tudo corresse bem, dentro de dez ou doze horas, chegaríamos ao destino. A Ana aproveitou a breve paragem para se mudar para a viatura de “rebente minas”. Para quem não sabe, é a viatura que vai á frente da coluna e como o nome indica, a primeira a sofrer as consequências se passar por

cima de uma mina ou outras armadilhas. A bem da verdade, n찾o escolheu esse carro para demonstrar coragem, mas t찾o-somente para se livrar da muita poeira que se levantava e sufocava quem vinha atrás.

Novamente retomaram a marcha com a Ana a pensar que parecia uma anedota demorar entre dez a doze horas para percorrer de carro 80 km, mas, quem como ela por lá passou na mesma altura, sabe que era mesmo assim. A estrada, que de estrada só tinha o nome, era uma picada por onde passavam as colunas militares, cheia de enormes buracos que mãos pareciam crateras vulcânicas, devido ao sucessivo rebentamento de minas montadas pelos “turras”. Era imperativo circular e a passo de caracol. Todos os carros passavam nos sulcos poeirentos que o primeiro fazia, pois que um desvio de cinco centímetros, podia provocar o rebentamento de uma mina e provavelmente a morte de todos os ocupantes. E se estivessem os “turras emboscados á espera, ocupavam-se do resto.

Durante o trajecto, a Ana ia rezando todas as ora챌천es que sabia e outras que inventava, tal era a pressa de chegar ao destino.

O astro-rei, já se elevara há muito na Abóbada Celeste e punha reflexos de oiro na paradisíaca paisagem. Era um deslumbramento ímpar, que fazia com que a Ana se alheasse por momentos das suas orações silenciosas e se interrogasse: Porque será que os homens teimam em destruir o que de mais belo há na Natureza, incluindo a eles próprios? É óbvio que ainda hoje faz a mesma pergunta sem obter resposta.

Quando já estavam próximos da “ Mão Fatal”, nome dado pelo exército ao local por ser o mais perigoso em armadilhas e emboscadas, ouviram-se dois tiros. A Ana não esteve com meias medidas e saltou do carro em andamento, o que aliás, era o que todos estavam a fazer. Julgou chegada a sua última hora quando se desencadeou um violento tiroteio que demorou dois minutos no máximo. A imagem do filho com fome e do marido acamado fizeram-na sufocar a torrente de lágrimas revoltosas. Foram os dois minutos mais longos da sua vida. Escondida no capim alto que circundava a picada, apertava a arma nas mãos, sem sentir o quanto as mesmas lhe doíam bem como os joelhos, todos esfolados, devido ao salto que dera do carro em andamento. Por fim; o silêncio. Ouviu que a chamavam pelo nome. Quando saiu do precário esconderijo esperando encontrar uma cena terrífica, deparou-se-lhe uma outra bastante bizarra. O Alferes responsável, tentava a todo o custo conter os soldados que queriam dar uma valente sova num camarada. As pragas, e todos os nomes feios que não constavam dos Dicionários, choviam de todos os lados, e o pobre maçarico que era a primeira vez que fazia aquela viagem, não escapou a alguns murros dos colegas mais exaltados. O esforçado Alferes , elevou a voz, dizendo: Tenham tento na língua que vai aqui uma senhora. Estupfação geral. O que era só do conhecimento de meia dúzia de elementos devido á sua camuflagem, Passou a ser do conhecimento geral. Retomada a marcha, é que ela se inteirou do ocorrido. A dita picada, fazia uma curva muito fechada, razão pela qual os carros da frente não viam os de trás; o referido soldado que vinha na última viatura, ao ver uma ave de grandes proporções empoleirada numa árvore, e lembrando-lhe talvez o apetecido peru do Natal, olvidando as recomendações precedentes do Alferes, fez fogo e abateu-a. Os militares dos outros carros, julgando-se atacados pelos “turras”, começaram todos a fazer fogo na mesma direcção.

Da ave nem penas ficaram. O condutor, depois de uns momentos de reflex찾o, alvitrou.

Estou em querer que esta confusão toda nos pode beneficiar. Já pensaram que se os “turras” estivessem emboscados por perto, ao ouvir o tiroteio, iriam pensar que tinham sido descobertos e que daqui a duas horas ainda vão a correr batendo com os calcanhares no rabo?

Risota geral. Mas bem vistas as coisas, a lógica, nem estava t찾o errada assim.

O resto da viagem, decorreu sem incidentes dignos de relevo.




5짧


O dia seguinte, levou-o a Ana de loja em loja, de Vila Cabral, a fazer compras que quase enchiam uma Berliet. Desde sacos de arroz, a챌úcar, farinha de trigo e de milho, os indispensáveis fardos de bacalhau, produtos hortícolas, brinquedos para as crian챌as do aldeamento e até carne e peixe fresco acondicionados em caixas de madeira e cobertas de gelo

e muitas outras coisas para distribuir pelos habitantes. No regresso, a Ana já não veio no “rebenta minas” mas no Unimog que precedia a Berliet com as suas coisas.

Chegaram dia 23 á tardinha tendo a viagem corrido muito bem.

Pois km antes de chegar ao aldeamento, todos os carros buzinavam freneticamente anunciando a chegada. Todos os habitantes, brancos e pretos, incluindo os militares que ficaram, se encontravam á entrada do arame farpado, para saudar os viajantes. A Ana muito emocionada, viu á frente de toda a gente, O marido, amparado pelo mainato e com o filho nos bra챌os. Ainda estava muito fraco, mas a febre, tinha desaparecido.

-Merecias que te ralhasse, disse enquanto a envolvia nos bra챌os. Depois, enquanto a Berliet se dirigia para sua casa para ser descarregada, a Coluna prossegui direita ao Quartel que era um pouco mais acima. Come챌ou uma algaraviada de sucessivas perguntas ás quais ela n찾o conseguia responder ao mesmo tempo:

-Se a viagem foi boa, se tinha comprado isto e aquilo que eles pagavam, etc. etc .A Ana só dizia; calma, calma, trouxe muita coisa que chega para toda a gente. A dada altura, fez-se um sil챗ncio súbito: De entre a multid찾o que a cercava, sobrepunha-se a figura hercúlea do Régulo.

Era um venerável octogenário a quem todos tratavam deferentemente por Chefe Bonaia. Acercou-se da Ana, pegou-lhe no bra챌o direito que levantou e em pose solene, discursou:

Meus filhos! Ouvi há dias na rádio, (ele expressava-se num portugu챗s quase fluente),

Que a senhora do nosso ministro de Lisboa o acompanhou de avi찾o até Louren챌o Marques. Eu sei que ela n찾o saía debaixo da asa do avi찾o sem escolta branca: mas todos os jornais e rádios, diziam que ela era o Símbolo da Mulher portuguesa. Isso n찾o é verdade, o Símbolo da Mulher portuguesa, está aqui entre nós, e acto contínuo beijou a testa da comovidíssima Ana que ficou perplexa com aquela manifesta챌찾o de autentico carinho e amizade da qual se orgulhou e lhe caiu fundo na alma. As palmas, os vivas e os abra챌os choviam de todos os lados como se ela fosse uma heroína de um conto de fadas. O seu ego, regozijou-se porque n찾o eram manifesta챌천es encomendadas mas sim genuínas

O Chefe Bonaia, reparando no seu cansa챌o, fez um sinal e dois espadaúdos Cipaios, carregaram-na em ombros até casa enquanto ordenava a popula챌찾o que n찾o fizesse mais barulho que senhora precisava descansar.

-Uma vez em casa, e com receio de que a carne e o peixe fresco se estragasse, começou a dividir as porções destinadas a cada lar, conforme o agregado familiar, enquanto o mainato preparava uma suculenta refeição e o filho se empanturrava alegremente de bolachas. Depois de comer, o mainato auxiliado por quatro mufanas, “crianças em idade escolar” iam de casa em casa levar carne, peixe, arroz e sal.

- Diz ás pessoas que venham cá amanh찾 para levar as outras coisas.

-Sim senhora! Mas,

-Mas o qu챗?

-Quando aquele gente pergunta quanto é, eu diz o qu챗?

-Dizes que, fazemos contas amanh찾, vai despacha-te.

-Senhora!?

-Que foi agora?

- E aquele gente que n찾o tem dinheiro?




6짧














-Quem n찾o tem dinheiro, n찾o precisa pagar, mas precisa de comer e pronto, n찾o te rales tu, que eu também n찾o. Com um sorriso de orelha a orelha, correu célere a cumprir as ordens da patroa.

Deitou-se por fim, cansada mas feliz e dormiu até ás onze horas do dia seguinte. Quando chegou á porta, viu as mamanas “mães de filhos”, todas sentadas á volta da casa, com os filhos ás costas embrulhados nas capulanas garridas. Todas receberam o quinhão correspondente e as crianças deliravam com os brinquedos e guloseimas que eram oferta da Ana por intenção das melhoras do marido.

Durante tr챗s dias, houve batuque em sua honra, delicadeza que ela jamais esquecerá.

Foi um Natal diferente, porque contrariando todas as etiquetas militares da época e com s coniv챗ncia do Capit찾o Campinas, que Deus aben챌oe; foi possível tornar feliz, um Natal que se augurava paupérrimo.

Foi, enfim: Um Natal Inesquecível,







Graziela Vieira

Ourém




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Respuesta Eliminar Mensaje  Mensaje 2 de 4 en el tema 
De: espadinha1940 Enviado: 19/09/2007 20:23
Achei este relato extraordinário. Li-o até à última palavra com grande curiosidade. Acho até que deveria ser publicado na revista da Liga dos Combatentes onde há uma secção intitulada: "As mulheres na guerra". Por vezes só com a sua divulgação se valorizam episódios que marcaram a Guerra Colonial e que tiveram os mais inesperados protagonistas.
Um abra챌o
Espadinha

Respuesta Eliminar Mensaje  Mensaje 3 de 4 en el tema 
De: espadinha1940 Enviado: 19/09/2007 20:23
Achei este relato extraordinário. Li-o até à última palavra com grande curiosidade. Acho até que deveria ser publicado na revista da Liga dos Combatentes onde há uma secção intitulada: "As mulheres na guerra". Por vezes só com a sua divulgação se valorizam episódios que marcaram a Guerra Colonial e que tiveram os mais inesperados protagonistas.
Um abra챌o
Espadinha

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De: graziela_vieira Enviado: 20/09/2007 14:18
Amigo Espadinha, por motivos alheios á minha vontade, só hoje vi o seu amável comentário ao meu relato verídico de Natal inesquecível. Tenho outras passagens á laia de histórias mas que ainda n찾o enviei. Obrigada pela sugest찾o e sobretudo por ter gostado
Um abra챌o


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