Nigéria rejeita plano Americano
Joanesburgo (Canal de Moçambique) - O presidente nigeriano, Umaru YarâAdua, disse que o seu governo não permitiria que os Estados Unidos estabelecessem uma base militar na Nigéria no contexto do chamado Comando Africano, AFRICOM. O Presidente YarâAdua considerou que em vez de uma presença militar norte-americana na Ãfrica Ocidental ele preferia que fosse criada uma Força de Reserva Africana. A posição do Presidente YarâAdua foi anunciada no final de um encontro por ele mantido com os governadores e legisladores nigerianos. O governador Bukola Saraki do Estado de Kwara disse a jornalistas que a Nigéria opõe-se igualmente a que o AFRICOM estabeleça a sua sede em qualquer outra parte da Ãfrica Ocidental.
Num editorial a louvar a posição da Nigéria, o diário “This Day” de Lagos considerou que em face das “objecções corajosas e incisivas” das autoridades nigerianas, “os Estados Unidos deviam agora demonstrar respeito e compreensão pelas sensibilidades de outras nações, aceitando de boa fé aquele pronunciamento.” O editorial acrescentou que os Estados Unidos “deviam rever a estratégia e as operações que levam a cabo como forma de eliminar a sua postura de tipo conquistador que tem provocado suspeita e ódio contra aquele país em muitas partes do Mundo.”
Os Estados Unidos, no entanto, sentem que há uma percepção errónea quanto aos objectivos do AFRICOM. O contra-almirante Robert Moeller, vice-comandante das Operações Militares do AFRICOM, disse que “a missão do Comando Africano é primeiro que tudo apoiar os esforços dos governos africanos em lidar com questões de segurança e de manutenção de paz, capacitando-os para esses fins.”
Diversos observadores consideram que o AFRICOM é uma força criada para defesa dos interesses estratégicos dos Estados Unidos e para assegurar o acesso de Washington a recursos, como por exemplo as jazidas de petróleo do Golfo da Guiné e os depósitos de urânio de Darfur, e a pontos nevrálgicos em África. Como justificativo para edificação de uma tal feitoria, os Estados Unidos têm realçado a incapacidade de muitos países africanos em proteger os seus recursos naturais. A protecção das espécies marinhas, incluindo corais, contra actividades predadoras ao longo da costa africana passou a ser um dos temas preferidos dos estrategas do Pentágono, pese embora o facto das cargas de profundidade que a Marinha de Guerra dos Estados Unidos utiliza amiúde em manobras militares, conjuntas ou individuais, em redor de África, contribuírem sobremaneira para a dilapidação dessas mesmas espécies. Neste contexto, poder-se-ia igualmente citar o desastre ecológico causado pelo despejo de substâncias poluentes e de afluentes radioactivos no perímetro de Diego Garcia.
(Redac챌찾o/ This Day / Daily Trust)
2007-12-03 05:30:00