ABEL COELHO DE MORAIS
Gra챌a Machel chegou a Nairobi numa tentativa de mediar a crise política
Protestos em Nairobi e noutras cidades do Quénia terminaram ontem em confrontos com as for챌as de seguran챌a, verificando-se duas dezenas de mortos e um número indeterminado de feridos, segundo um porta-voz do movimento de Raila Odinga, que contesta a reelei챌찾o do Presidente Mwai Kibaki.
Um responsável da polícia, citado pelas ag챗ncias, admitiu a exist챗ncia de dois mortos na capital, Nairobi, e um total de cinco em todo o país.
As manifestações integravam-se numa campanha de Odinga e do seu Movimento Democrático Laranja (ODM, na sigla em inglês) de contestação às presidenciais de Dezembro, que defendem terem sido fraudulentas. Odinga, comentando ontem os últimos desenvolvimentos, acusou o Governo de ter transformado "este país num campo de morte dos inocentes, executando-os indiscriminadamente numa fúria sanguinária sem precedentes". Segundo observadores independentes, já morreram entre 600 a 700 pessoas e refere-se a existência de 250 mil deslocados, com milhares a procurarem refúgio no vizinho Uganda (ver caixa).
Numa tentativa de mediarem a crise, a actual mulher de Nelson Mandela, Gra챌a Machel, e o ex-presidente tanzaniano Benjamin Mkapa chegaram ontem a Nairobi, onde é também aguardada a presen챌a do ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan. Esta parecia ontem posta em causa, depois de um ministro queniano desvalorizar na véspera o seu envolvimento no processo. Annan, por sua vez, adiou a visita para data a anunciar, oficialmente por motivos de saúde.
Os últimos desenvolvimentos prefiguram o agravamento da crise surgida após as presidenciais de 27 de Dezembro, em que o Presidente cessante, Kibaki, se afirmou como vencedor perante o seu antigo aliado, Raila Odinga, que o acusa de fraude eleitoral. Após o anúncio da vitória de Kibaki por mais de 200 mil votos, o ODM desencadeia uma campanha de contestação. Desde então, o clima de violência intensifica-se de dia para dia, com diplomatas e analistas a não afastarem a hipótese da crise política se transformar numa guerra civil. Com isto, a mancha de instabilidade que percorre a Ãfrica oriental atingiria um dos últimos bastiões de relativa tranquilidade política e social no continente. Com agências