Maputo (Canal de Moçambique) - Dois dias depois das violentas manifestações que aconteceram na cidade de Maputo, a vida na cidade continua longe de ter voltado totalmente à normalidade. A situação de falta de transporte continua e está longe de ter voltado à sua condição normal, pese o facto de alguns transportes semi-colectivos e também os transportes públicos terem voltado timidamente a circular.
Em algumas rotas continua a haver escassez de transporte. A título de exemplo, os transportes semi-colectivos que fazem a rota Maputo-Matola e vice-versa ainda n찾o est찾o a circular. Esta situa챌찾o continua a causar sérios embara챌os a várias pessoas que pretendem deslocar-se de Maputo para Matola e vice- versa. Apesar desta situa챌찾o, as autoridades mo챌ambicanas ainda n찾o fizeram nenhum pronunciamento público nas últimas horas.
Entretanto, sabe-se que continuam as conversações entre o Executivo e «FEMATRO-Federação Moçambicana dos Transportes Rodoviários» com objectivo de se encontrar “uma solução definitiva para o preço dos transportes semi-colectivos”. No momento em que escrevíamos esta peça reinava na cidade grande expectativa em volta das referidas conversações em virtude dos transportadores terem dado um prazo de “três dias ao governo” (hoje é o dia D) para que se encontre uma plataforma que permita que se estabeleça um preço para os transportes semi-colectivos que não prejudique nem aos transportadores muito menos aos utentes.
A tese gasta da m찾o externa
No seu editorial de ontem, o matutino e oficioso jornal «Notícias» nalguns parágrafos insinua a existência de uma mão externa por detrás das manifestações da passada terça-feira. A dado passo da sua prosa, o editorialista escreve o seguinte: “Se a reivindicação poderia, em grande medida, ter um fundo de justeza, um aspecto que saltou à vista foi que, uma vez mais, ficou provado que é preciso ter atenção com o aproveitamento de diverso tipo que é dado a este tipo de acontecimentos por outras pessoas com outras agendas que não o problema de fundo”. No mesmo texto, o editorialista parece insinuar que o recurso a manifestações violentas não é apanágio dos moçambicanos e escreve: “Em poucas horas praticamente todos os bairros suburbanos de Maputo e Matola, e depois os de cimento, foram literalmente tomados por vândalos movidos por outros interesses, que não o de ver resolvido o problema do preço de transporte. Não é apanágio do moçambicano pacato, mesmo quando se sente com razão do seu lado, agir no sentido de prejudicar cidadão que não tenham nada a ver com a questão em discussão.”
Aqui, o editorialista parece embarcar na sempre discutível tese que acredita que, “os moçambicanos são pacíficos e passivos e por isso, incapazes de se levantarem perante situações como a carestia de vida”.
Deten챌천es
Entretanto, notícias na posse do «Canal de Mo챌ambique» indicam que a Polícia da República de Mo챌ambique efectuou na ter챌a-feira, dia da revolta, e também na quarta-feira, deten챌천es de indivíduos alegadamente envolvidos nos tumultos que aconteceram nas cidades de Matola e Maputo nos referidos dias. Contudo, esfor챌os feitos pelo «Canal de Mo챌ambique» no sentido de saber o número de indivíduos detidos redundaram em fracasso. O porta-voz do Comando da PRM na cidade de Maputo, Arnaldo Chefo, disse-nos telefonicamente que estava fora de Maputo.
(Celso Manguana)
2008-02-08 05:58:00