Consultas externas triplicaram em dois anos no HGM
O hospital está superlotado e regista falta de pessoal e insuficiência de camas Quatro mil e cento e oitenta (4.180) doentes deram entrada no Hospital Geral de Machava (HGM) em 2005, padecendo de tuberculose. Dois anos depois, em 2007, este número quase que triplicou, atingindo a cifra dos 10.631. Os dados foram recolhidos no HGM e a directora clínica da referida unidade sanitária afirma que âquase todos doentes que são internados naquele hospital, acabam sucumbindoâ.
Maputo (Canal de Moçambique) â A Tuberculose, doença que num passado recente já foi principal causa de morte em Moçambique, tende a voltar ser âdor de cabeçaâ às autoridades sanitárias do País. à que o Hospital Geral da Machava, na província de Maputo, pelo sinal, o único hospital público no País especializado para a cura desta doença, âestá superlotadoâ, garantiu a respectiva Directora Clínica, Iolanda Sofia Dos Santos, em entrevista exclusiva ao «Canal de Moçambique» que acrescenta que novos pacientes procurando serviços sanitários naquela instituição, ânão param de chegarâ.
O relatório anual referente aos servi챌os prestados durante 2007 naquela unidade sanitária, a que o «Canal de Mo챌ambique» teve acesso mostra a tend챗ncia que esta doen챌a toma no país e ilustra aqui alguns dados que achamos importantes para o conhecimento público.
Em 2007 4.180 indivíduos procuraram servi챌os do HGM padecendo de tuberculose e no mesmo ano, 484 dos internados no hospital, morreram. Estes números, disparam dois anos depois: em 2007 as consultas externas foram na ordem de 10.631 e os óbitos cifraram-se em 559.
A taxa geral de mortalidade hospitalar também teve a mesma tend챗ncia, foi de 21.4 por cento em 2005, 25% em 2006 e no ano transacto a taxa de mortalidade hospitalar atingiu pouco mais de 27 por cento.
Comentando estes dados, Iolanda Sofia disse que “se não forem tomadas medidas imediatas, pela parte de quem de direito, de modo a travar a tendência desta doença, ou pelo menos se prestar serviços mais abrangentes e melhorados aos indivíduos que sofrem de tuberculose, o país pode despertar já mergulhado em mais uma epidemia”.
Sida no ressuscitar da TB
Considerando que Moçambique parecia já ter vencido na luta contra a propagação desta que em tempos foi considerada a principal causa de mortalidade no País, procuramos saber da Directora Clínica do HGM o que estaria na génese do “renascer” desta doença.
A Dra. Iolanda Dos Santos explicou que a Sida é que fez ressuscitar a tuberculose, e segundo a sua explicação “a tuberculose aparece como uma doença oportunista atacando em muitos dos casos pessoas infectadas com o Vírus de Imunodeficiência Humana (HIV) e acelerar a sua morte”.
“Este facto”, segundo conta a nossa interlocutora, faz com que “todas as pessoas que dão entrada no HGM, padecendo de tuberculose e ao mesmo tempo estando infectadas por HIV, sucumbam sem ter levado muito tempo de permanência no hospital”, disse.
Falta de Pessoal e camas
Um dos grandes problemas com que se debate aquela unidade sanitária para satisfazer a demanda dos utentes é a falta de pessoal médico e de enfermagem.
Sem dar mais pormenores, Iolanda Dos Santos disse que “há falta de pessoal médico e de enfermagem no hospital para o atendimento dos doentes”.
A insufici챗ncia de camas para o internamento é outro problema apontado pela Directora Clínica do HGM como uma dor de cabe챌a para a direc챌찾o do hospital.
No HGM faltam ainda elevadores para transportar doentes e roupas e outro material do rés- de- ch찾o para os pisos superiores e vice-versa. O hospital tem tr챗s pisos, e segundo disse Iolanda Sofia Dos Santos, tudo é transportado pelas escadas, desde doentes até ao resto de tudo o que é necessário ser movimentado do primeiro ao terceiro andar e vice-versa.
(Borges Nhamirre)
2008-02-19 06:37:00