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General: MÁRIO CRESPO NO JN
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De: misabelantunes1 (Mensaje original) |
Enviado: 18/02/2008 15:35 |
"Brutalidade da descoloniza챌찾o merece pedido de desculpas Vivi a maior parte da minha vida em África. Em Moçambique mesmo quando o professor Adriano Moreira acabou com legislação racial ficou no quotidiano colonial uma prática segregacionista com a mesma força dos letreiros Whites Only na África do Sul. Lourenço Marques era um mundo psicótico inundado de meninos-criados e improváveis patrões e patroas. Visto a esta distância era um horroroso parque temático de incongruências. Os pequeninos serviçais (os Pikinin, como os colonos de origem sul africana ainda hoje chamam aos meninos negros) tinham um magnífico aspecto, vestidos com umas fardinhas de caqui ou sarja compostas por uns calções, uma espécie de bibe e um avental, tudo a condizer. Sempre descalsos. Serviam à mesa e iam às compras e lavavam a loiça e lavavam a roupa e engomavam e depois, chegava a noite e os meninos fardados desapareciam nas dependências em pequenos quartos raramente com cama (só gostavam de cobertor), quase sempre sem luz eléctrica (bastava-lhes uma improvisada lamparina com petróleo e uma torcida de trapos). Eram crianças, quando muito adolescentes. Por eles temos que pedir desculpas. Joseph Conrad, no seu Coração das Trevas, descreve o horror da colonização imperial no Congo no facto de se poder punir negros com sovas monumentais e deixá-los a esvair-se numa qualquer clareira de plantação, porque depois, diz Conrad, como que por magia eles, os espancados moribundos, fundiam-se na floresta e desapareciam. África tem uma imensa tolerância para o crime. Deixa sempre poucos ou nenhuns vestígios. Mesmo nos nossos espíritos. A negação daquilo que vimos vai acompanhar toda a geração que viu. Havia, nas colónias portuguesas uma aceitação fatalista de quem mandava e de quem acolhia ordens, fossem elas de ir à escola buscar os meninos, à mercearia as compras. Quem plantava e colhia o algodão o café ou a cana-de-açúcar. Quem descarregava barcos no porto. Quem frequentava os clubes de elites e quem dormia no bairro de caniço sem esgotos nem abastecimento de água. E todos aceitavam. Como se houvesse uma hierarquia natural que tinha que ser respeitada. Como as chuvas no Verão e a seca no Inverno e as tonalidades da pele. Porquê fazer um acto de contrição público e pedir desculpas? Porque nos tornávamos numa gente melhor como povo. Tendo África, como disse Conrad, a capacidade de conseguir fazer crescer uma cortina de verdura luxuriante tornando as barbaridades parte integrante da paisagem, a nossa própria libertação acarreta a obrigação de desbastar a folhagem à catanada e revelar o que está por baixo no terreiro da plantação. Se "os criados lá de casa sempre foram bem tratados" é preciso questionar esse "direito" que o estatuto colonial nos dava de ter serviçais. Sempre descartáveis e sempre sem apelido. Só tinham nomes próprios quando nos satisfazia a consonância com as nossas línguas. Aceitávamos os Albertos os Antónios os Alfredos. Aos outros que viessem com nomes Changane ou Ronga chamávamos-lhes Mufana, Mainato ou, genericamente, rapaz. A massa colonizadora n찾o estava consciente da identidade humana de quem nos rodeava na terra que ocupámos. A repulsa com que os ideais igualitários foram recebidos nas colónias foi o sustento das políticas nacionalistas que nos acabaram por vitimizar a todos, locais e expatriados. Infelizmente as utopias revolucionárias de Neto e Machel não acabaram com a desumanidade e as trevas. Ter criados no Maputo é tão frequente agora como o foi em Lourenço Marques. Morrer nos arredores de Luanda e deixar que um cadáver se funda na paisagem é tão banal hoje como nas descrições de Conrad no princípio do século passado. Os horrores relatados hoje por Rafael Marques nos campos diamantíferos de Angola são idênticos às denúncias do bispo de Nampula e do padre Hastings nos anos setenta em Moçambique. A chacina de opositores da Frelimo, fechados às dezenas numa prisão em Montepuez onde sufocaram até à morte, rivaliza com o que aconteceu em Wyryamu. É como se houvesse uma propensão na espécie humana para perpetuar este estado de opressão consolidando cada vez mais a desumanização. Podíamos come챌ar por pedir desculpa e talvez parássemos com este nosso quotidiano de explora챌찾o de trabalho ucraniano ou brasileiro ou cabo-verdiano em casas de alterne ou nos condomínios privados (n찾o há grande diferen챌a). N찾o devemos tolerar com indiferen챌a que o terrível apagar das consci챗ncia que Conrad nos relevou continue aqui na "Metrópole" neste novo século em que as hordas de servi챌ais descartáveis vindos de S.Tomé ou Bucareste, chegada a noite desaparecem em pequenos quartos na Cova da Moura, deixando-nos a cidade livre. E nós, com a tradi챌찾o que mantivemos intacta, continuamos a n찾o notar o que fazemos. Pedir desculpa pelo que fizemos era um passo para por fim ao que fazemos e nas palavras de Luther King no seu I Have a Dream, depois de as pedir, poderíamos dizer muito alto "Aleluia, finalmente estamos livres"." Mário Crespo escreve no JN, semanalmente, às segundas-feiras |
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De: m짧concei챌찾oalves1 |
Enviado: 19/02/2008 01:09 |
Bem......... O que é louvável e aceitável numa época, é reprovada noutra....always the same! Agora é fácil falar, é, mas na verdade, os que agora falam assim, é os que mais brutalizavam e escravizavam. Pelo menos, na minha casa, e posso dizer com orgulho, n찾o havia pikinin. E quem trabalhava para nós, era pago. Portanto, nem me vou pronunciar sobre o que se poderia ter passado nas casas de outras pessoas, pois achava (agora já n찾o) que tudo se processava da mesma maneira. Criados lá, como havia criados cá, com uma diferen챌a: lá, haveria mais fartura e mais colorido.... E, outra coisa: na àfrica negra, antes dos colonos lá chegarem, sempre houve povos escravizados e a servirem os regulos ou sobas.....aliás, essas tiranias, ao que sei, eram terriveis. Isto tudo, a par de superstições e manobras politicas menos escrupulosas. Brutalidade da descoloniza챌찾o? A quem e por quem? Acho sim acho que os que de lá vieram, mereciam um pedido publico de desculpas por quem fez a descoloniza챌찾o. Assim, como o Papa já falecido, fez, pelas vitimas brutalmente mortas pela inquisi챌찾o e outros pecados da Igreja. Mas parece que só ele teve essa coragem. Os nossos politicos, preferem passar ao largo........e alguns ate já se foram, portanto, ja viria tarde. Nao se passa nada, as consciencias ficam mais sossegadas. Pelo menos, o Mário Crespo disse que eles ,os pikinin, ( é a primeira vez que ouço este termo, sou Beirense.), tinham um magnifico aspecto. Pois é, agora andam vestidos com o que podem encontrar e a fome, essa é melhor nem falar. Os pikinin transformaram-se nos moleques marginais que rebuscam em latas de lixo ou entulhos já escolhidos e jogados fora. SAO ALVES |
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De: mariommarinho1 |
Enviado: 19/02/2008 02:55 |
S찾o, Não comento o artigo do jornalista Mário Crespo. Assiste-lhe o direito de opinião. Li e reli o artigo, no qual encontrei contradições.Para mim, ponto assente. Mas a ti, felicito-te pela coragem de mostrares a peito nú mágoas e verdades que muitos de nós também sentimos, mas que por "comodismo" guardamos cá dentro. A frontalidade com que o fazes, dito desta ou de outra forma, é na minha opinião, uma componente de verdade que a história oficial não corrobora, nem nunca terá vontade de o assumir..... Nós seremos os "pikinin" que vieram ..... Será???? Beijos Mário |
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De: antunesgalv찾o1 |
Enviado: 19/02/2008 03:45 |
Faço minhas as palavras da São.O termo pikini nunca ouvi.Conheço os termos:mainato e moleque.Sei também que o Homem continua a oprimir outro Homem e que em geral os "oprimidos"passam a "opressores".Admiro Homens como: Ghandi,Martin Luther King,Papa João Paulo II,Nelson Mandela,Dalai Lama e muitos mais que tiveram como lema nas suas vidas a Paz e o Perdão. Manela. |
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De: misabelantunes1 |
Enviado: 19/02/2008 13:00 |
Orgulho-me de vos ter por amigos. É em situações destas que, ressalta o carácter das pessoas. Admiro a coragem da S찾o a iniciar a discuss찾o, com a sua habitual frontalidade, o apoio do Mário, a sua pondera챌찾o, após uma cuidada análise e a sinceridade da Manela, defensora do perd찾o e da paz. Tal como o Mário, também, li o artigo mais do que uma vez e ficou-me a sensação de que, pelo menos, o título não se ajusta ao conteúdo que, quanto a mim, pretende ser uma pedrada no charco das nossas consciências, extemporânea. Quem sentiu que deveria dizer “mea culpa” e pedir perdão já o fez, sente-se liberto e feliz. Beijinhos. Isabel
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De: mariommarinho1 |
Enviado: 19/02/2008 18:33 |
Isabelinha, O orgulho e o privilégio de te ter como amiga é de todos nós!!! Sabes entender uma diversidade de opini천es e aceitá-las no que cada uma tem de bom ou n찾o, de acordo com a sua experi챗ncia e viv챗ncia.... Haverá no Café Zambeze pessoas que partilham a opin찾o do Mário Crespo e todas elas s찾o bem vindas e aceites. Temos que aceitar que a frase " Todos diferentes, todos iguais", contém um fundo de verdade muito aceitável, desde que queiramos abrir as nossas mentes e ouvirmo-nos uns aos outros. O maior ou menor sentido de revolta e nostalgia, fará sempre parte da nossa vida, e um dia, talvez, do nosso passado... Beijinhos, Mário |
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De: misabelantunes1 |
Enviado: 19/02/2008 23:14 |
Mário, Quanta gentileza tua! Obrigada. Quando coloquei, aqui, este documento, sabia que poderia gerar alguma discórdia entre os participantes, mas tinha a certeza que n찾o acabaria em conflito, pelo que conhe챌o das pessoas que, normalmente participam. Considero salutar as diferenças de opinião e procuro entende-las, o melhor possível. Neste caso, não estou em desacordo com o Mário Crespo, salvo alguns exageros, daí que me considere entre os que, a dado momento da sua vida tomaram consciência de si próprios, na então, sociedade moçambicana e pediram perdão…
Beijinhos. Isabel |
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De: misabelantunes1 |
Enviado: 20/02/2008 00:57 |
Amigos, Alguém, que n찾o conhe챌o, teve a gentileza de me enviar, por e-mail, este texto que considero dever partilhar convosco. Gostei, trata-se de uma opini찾o bem fundamentada: Ter챌a-feira, Fevereiro 19, 2008 A HIPOCRISIA DAS DESCULPAS Habituei-me a respeitar o jornalista Mário Crespo pela serenidade com que comenta os mais diversos assuntos nos órgãos de comunicação social, mesmo quando não concordo com algumas das suas opiniões, como é o caso de hoje, referente a um artigo que tive a oportunidade de ler no JN, sob o título “Brutalidade da descolonização merece pedido de desculpas”. Na história de quase todos os povos podemos encontrar episódios, ou mesmo fases, em que os factos à luz dos nossos olhos, hoje, nos suscitam condenação absoluta. Podia aqui referir as cruzadas, a inquisição, a escravatura, e muitos outros factos históricos de que os povos hoje não se orgulham de maneira nenhuma. Pode ser que esteja na moda, ou seja politicamente correcto, nos nossos dias, pedirem-se desculpas pelos erros praticados no passado pelas instituições ou Estados que praticaram actos ou políticas condenáveis, mas não acho que isso possa servir ou ajude sequer a esquecer o que já foi feito, pelo contrário. A igreja católica já pediu desculpas por alguns excessos e não me consta que o sentimento dos povos atingidos se tenha alterado, ou que se tenha deixado de ensinar na sua História nacional, os acontecimentos em causa. A Alemanha pediu desculpas pelos desvarios de um ditador que deu origem à segunda guerra mundial, mas continuamos a falar e a condenar o nazismo. As boas intenções que possam estar por detrás dos pedidos de desculpa, a que alude Mário Crespo no seu artigo, apenas servem para reavivar a memória dos povos para factos do passado, pelos quais esses mesmos povos já pagaram um elevado preço. No caso vertente, os portugueses que viviam em Moçambique perderam os seus bens, foram humilhados lá e à chegada a Portugal, onde não foram bem recebidos, pelo menos no princípio, e tiveram que refazer as suas vidas e cicatrizar as suas feridas. Os moçambicanos também pagaram, e de algum modo ainda estão a pagar a sua factura pela sua independência, e tem sido bem pesada. Incólumes ficaram apenas aqueles que detendo o poder nunca foram responsabilizados por nada. Redime-se o jornalista, no final do seu artigo de opini찾o ao falar da situa챌찾o actual, onde dentro de portas se continua a explorar os imigrantes, e n찾o só, considerando quem trabalha como um artigo descartável, independentemente da cor, credo, ou nacionalidade, e pretendendo ignorar as Covas da Moura que ainda por aí persistem e a exclus찾o que nem com roteiros presidenciais, deixa de existir. Mário Crespo sugere que depois de pedir desculpas poderíamos dizer bem alto “Aleluia, finalmente estamos livres”, mas eu pergunto de quê? Não temos agora as mesmas atitudes e os mesmos comportamentos à porta de casa? N찾o sejamos hipócritas, só seremos desculpados por ac챌천es concretas, nunca por gestos simbólicos, por muito nobres que se nos afigurem. Publicada por O Guardião em 12:00 AM Etiquetas: Desculpas, Hipocrisia, Simbolismos
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De: monteiro_1 |
Enviado: 20/02/2008 13:36 |
Olha! Afinal não estou tão doido como cheguei a pensar! Sempre que o meu pouco tempo me permite, dou por aqui uma vista de olhos, textos mais longos leio-os em diagonal, n찾o há tempo para mais. Este em particular, tive de o ler e reler. Chamou-me á atenção o termo "descolonização" que nada tem a ver com o texto em si. Cheguei a duvidar do meu discernimento, pior, da minha sanidade mental. Fiquei a pensar em que Mo챌ambique é que o Mário Crespo terá vivido, e isto foi só o come챌o, em determinado momento comecei a duvidar se ele habita a mesma galáxia que eu, se tem vis찾o normal e a cores, etc. O que me ocorre é que, o conceituado jornalista, pensou numa coisa e escreveu outra, isto de escrever artigos com periodicidade obrigatória tem destas coisas, ou então, na pressa de entregar algo para ser publicado enviou um rascunho que tinha na gaveta, sem sequer se dar ao trabalho de verificar. Errar é humano. Obrigado amigos, afinal n찾o estou louco, AINDA! Monteiro |
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De: m짧concei챌찾oalves1 |
Enviado: 20/02/2008 18:16 |
Gostei. Gostei deste texto publicado pelo Guardi찾o. Texto coerente, objectivo e real. E estou de acordo com o Quim. Eu também ao ler o tal texto, pensava que estava com ilus천es de optica. Só lamento que o tal Jornalista, o Mário Crespo, ao escrever, n찾o tivesse tanta lógica, ao jogar com um titulo e um texto, nao coerentes entre si. Induziu em erro. Um erro que nós sabemos que pagamos e ainda estamos a pagar muito caro. Muito mais haveria a dizer sobre o que lá se passava, a história duma vida, que nós ouviamos e viamos, n찾o importa o lado em que estivessemos. Eu tenho a minha ideia formada. Pode ser que alguém, nesta mesa de café, com um bom chá Licungo (parece que o pre챌o disparou!), queira falar. È que ás vezes, sabe bem, apesar de não se gostar de remexer no passado, desmistificar e acertar pontos de vista em diversas opiniões. Jinhos a todos, SAO ALVES |
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De: misabelantunes1 |
Enviado: 20/02/2008 21:08 |
S찾o, Acredita que, se nos sentassemos a uma mesa do Café Zambeze, para falarmos do passado, surgiriam opini천es e pontos de vista muito diferentes, consoante se viveu no mato ou na cidade. Eu nasci e vivi no mato... Beijinhos. Isabel |
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De: ant처nio7742 |
Enviado: 20/02/2008 21:53 |
Meus Caros
Pessoalmente até tenho receio em entrar nesta discuss찾o ( pois tenho um raciocínio muito meu e uma cultura bastante fraca), mas, estou como o Monteiro.
Sempre dou por aqui uma mirada, mas, especialmente em textos muito longos, n찾o é que n찾o tenha tempo, todavia a paci챗ncia nem sempre me deixa avan챌ar.
Até porque também sou daqueles que respeito todas as cren챌as, as ra챌as e as tend챗ncias mais ou menos poíticas.
O que me fez ( meter num cofre o meu receio de alguém se podia ofender com a minha opinião, aqui no Café Zambeze) não foi bem e só o, agora já caso " MÁRIO CRESPO".
à que infelizmente estamos rodeados de Mários Crespos, se olharmos á nossa volta.
Todos de faca afiada para golpear em algo que lhes d챗 gal천es e lucros.
Est찾o sempre dispostos a desenterrar algo ou alguém para ver se assim, conseguem e, v찾o conseguindo, não falar e realçar toda a míséria, a morte à fome e de doença que prolifera pelo mundo que eles dizem ter libertado.
E bem assim, n찾o falarem, n찾o escreverem, n찾o filmarem aquelas gentes, terras, culturas, economías ... etc etc como eu a vivi, e vi viver, nos anos 60, e 70.
(à dificil, para mim escrever e não alongar.)
É que, custou-me muito a (engolir) sem aqui desabafar, o que me massacrou, aqui entrando em minha casa sem minha autorização durante muito tempo e algo que certamente muitos adoraram, eu detestei e, só não alertei aqui porque temi ofender algum amigo do Café Zambeze.
GUERRA COLONIAL, GUERRA COLONIAL ... ...Enfim ... n찾o há paci챗ncia.
É que, penso que seria muito mais humano, posítivo, criativo ilucidativo e até cultural que esse tal, Senhor Furtado e (todos aqueles) que davam a cara no filme com afirmações até especulativas, para não ferir mais.
Seria muito melhor ou ent찾o, como cantaram "as doce" BEM BOM, que eles filmassem e comentassem como viviam as popula챌천es por lá durante anos e anos, pra챌as cheias de tudo, praias cheias de toda as ra챌as e gentes, romarias carnavalescas e outras, convívios, o comércio e a industria, a fartura o trabalho.
O Mato, onde qualquer pessoa andava de dia e de noite por todos os caminhos de cobras e feras e ninguém fazia mal a ninguém. Hoje, nem dentro das proprias grandes cidades andam, pois t챗m medo.
Medo, medo, medo.
Medo de que ? medo do assalto, da fome, da doen챌a... Talvez, medo da tal que eles dizer ter dado.
A LIBERDADE DO MEDO, da miséria, da inveja, do ra챌ismo, do reavivar dos ódios.
Sim, é bom que fa챌am roteiros, roteiros, roteiros.
Mas eu seria capaz de os convidar ou dezafiar a fazerem um roteiro pelo KAMBOTOTO, pelo MOKUMBURA, PELA ANGÃNIA, POR MITENGO BALAME e ... por por outras paragens qie eu roteirei de ginga.
,,,/...
Abra챌o
António
Em 20/02/08, "M짧Concei챌찾oAlves1" <shanti593@hotmail.com> escreveu:
MÁRIO CRESPO NO JN
Responder
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De: M짧Concei챌찾oAlves1 |
Gostei. Gostei deste texto publicado pelo Guardi찾o. Texto coerente, objectivo e real.
E estou de acordo com o Quim. Eu também ao ler o tal texto, pensava que estava com ilus천es de optica.
Só lamento que o tal Jornalista, o Mário Crespo, ao escrever, n찾o tivesse tanta lógica, ao jogar com um titulo e um texto, nao coerentes entre si. Induziu em erro.
Um erro que nós sabemos que pagamos e ainda estamos a pagar muito caro.
Muito mais haveria a dizer sobre o que lá se passava, a história duma vida, que nós ouviamos e viamos, n찾o importa o lado em que estivessemos. Eu tenho a minha ideia formada.
Pode ser que alguém, nesta mesa de café, com um bom chá Licungo (parece que o pre챌o disparou!), queira falar.
È que ás vezes, sabe bem, apesar de não se gostar de remexer no passado, desmistificar e acertar pontos de vista em diversas opiniões.
Jinhos a todos,
SAO ALVES | | Exibir outros grupos nesta categoria.
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De: m짧concei챌찾oalves1 |
Enviado: 21/02/2008 00:39 |
António: Mas é isso mesmo que se pretende, pelo menos, é isso que eu acho, nestas comunidades: falar, conviver, deitar tudo cá para fora, as coisas que aqui n찾o nos entendem, porque n찾o sabem, nunca viveram, nunca quiseram saber, as nossas mágoas, tristezas, mas também os nossos dias felizes e ricos. Não há que ter medo, pois lá, nós não o tinhamos. à certo que devemos ter cuidado com muitos camaleoes que vao mudando de cor, ou nhocas, largando a pele á maneira e de acordo com as suas vontades. Mas, uma boa conversa, com civismo e modera챌찾o, umas boas gargalhadas á mistura, faria t찾o bem, á nossa grande maioria..... Por mim, não me ofendo com nada, se dito com educação e do coração. Cada um é livre e deve expressar as suas opiniões. È curioso ate, que um de nós, achando que tem uma opinião dada como certa, ao ouvir uma outra versão, nao a mudará? Desde pequena que fui vendo coisas, que me recordo agora; umas que na altura me passavam ao largo, por demasiado artificiais e complicadas para mim; hoje, noutro contexto, analizo e revejo...entendo-as, mas muitas, revoltam-me. Na época, tudo faia parte dum sistema, que tinhamos que aguentar e n찾o questionar. È certo, no entanto, que houveram muitos desmandos, muita revolta sufocada por medo das represálias....mas não eramos nós, filhos da terra que os faziamos...muitos de nós, encobriamos muita coisa, para as autoridades delas nao terem conhecimento. Eu notava, em casa, muita vez, um descontentamento surdo, mas silencioso. E via, em actos, aquilo que ninguem vem mostrar para a televisão ou jornais. Porque a esses, com os intuitos politicos, só interessa mostrar o lado negro e podre das coisas. A mediocridade, é bem mais facil de ser assimilada! Um achincalhar do colono, que na opini찾o dos doutos senhores, só sabiam explorar e castigar. Mas, António, não sabem dizer, que os maiores exploradores estavam cá, porque para esses e para cá, vinha o fruto do que nos obrigavam a explorar. O mato.....passava nele alguns fins de semana e algumas férias.....apesar de ser menina da cidade. O mato, era fascinante....aquele silencio pesado e denso, em que se ouvia o murmurio ou do rio, ou de algum animal que circundava por perto, as palhotas iluminadas pelas fogueiras onde se preparavam as refei챌oes, as batucadas, de dia a azafama das machambas e do barulho do pil찾o, as risadas felizes das crian챌as, a kuvereketa das mulheres a lavarem a roupa no rio ou a tomarem banho......nunca tive medo do mato. Aqui, tenho ...nao bem medo, mas desprezo por certo tipo de "mato" urbano que nos cerca. E certas mentalidades bem mais perigosas que o dito mato que eu também conheci. Beijinho, António, participa, nao há que ter medo (pelo menos, nao da minha parte...) SAO ALVES |
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De: misabelantunes1 |
Enviado: 21/02/2008 01:18 |
António, O CAFà ZAMBEZE é um espaço de convívio, logo, de conversa, troca de ideias e opiniões. Fizeste muito bem em te manifestar! Por teres falado em Mitengo Balame e medos, recordei-me dos tempos em que o meu pai esteve colocado no Biribiri e numa noite de chuva, ao regressar a casa,depois de ter estado no Posto Administrativo, o matope era tanto que, teve que deixar a mota, na famosa "curva dos le천es" e ir a pé. Enterra pé aqui, desenterra acolá, ele e um colaborador que o acompanhava, fizeram o percusro todo, muito caladinhos, com a sensa챌찾o que estavam a ser perseguidos. Só depois de terem passado o port찾o do quintal, partilharam a suspeita que, confirmaram no dia seguinte, ao verem as patas de um le찾o, marcadas, até muito perto da nossa casa. Um beijinho para ti e para a Nazaré. Isabel |
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De: ant처nio7742 |
Enviado: 21/02/2008 02:25 |
Isabel Antunes e S찾o Alves
Embora sendo para todos, a resposta acho que dá para as duas.
Obrigado pelo que me ensinam.
Pois desde que aqui encontrei alguém, muito tenho aprendido.
Dos "medos" que falei, s찾o em diversos sentidos e sei que voces bem entendem.
Eu, sai aqui de uma aldeia de Portugal com 18 anos apenas e fui trabalhar para os confins das selvas, lá na zona do Fumo Kambototo, so zi nho.E nunca tive medo.
Em 1962, se a ideia me n찾o atrai챌oa, ja ent찾o morava mo Mulande, fui chamado para a inspec챌찾o com vista ao apuramento para o Servi챌o Militar e, em Vila Coutinho Juntei-me com o Fernando Martins Lopes, com ele e com mais alguém que nos conduziu seguimos rumo ao Furankungo para sermos inspeccionados.
Paramos algures no MATO, antes da noite para molhar a guela e claro petiscar algo. ( Assim contou o Lopes, na semana passada quando nos encontramos no aeroporto de Lisboa).
Quanto aprecia-mos a panor창mica e nos preparava-mos para reativar a viajem e rugido surgiu e o Le찾o saltou e nós só tivemos tempo de nos ocultar do modo que podemos uns dentro outros por baixo do carro e ...
MEDO COM FARTURA ( mas o Lpes é que sabe bem contar a história verdadeira, mas ele agora está em Londres).
Bom, la conseguimos afastar a fera e seguir o nosso destino.
No Furankungo, fomos apurados para todo o serviço militar e regressamos à Angónia.
S찾o, histórias como estas que nunca passam, ricas em tudo, até no nada que s찾o. Mas s찾o lembran챌as gravadas e escritas por históriadores do povo verdadeiros, afastados das políticas e falam das vozes da Selva do Mato da pureza do ar e da bondade até das proprias feras que nasceram para serem feras, carnivores dependentes de o serem para viver.
Agora, historiadorsitos, jornalistas e reporteres que deveriam esclarecer o povo verdadeiramente, daquilo que que foi e do que é hoje.
Para que comparativamente os menos esclarecidos podessem avaliar correctamente as coisa e n찾o o fazem.
Pelo contrario, só mostram as coisas menos boas e tentam ainda acrescenta-las para se justificarem e para obterem benesses e louros à custa do mal alheio esses sim. Cuidado com eles.
São os verdadeiroa TUBARÕES da selva da liberdade e da chamada democracia.
... / ...
Zikomo Kombire.
In Kiss
António
Em 20/02/08, Misabelantunes1 <mariaisabelantunes@hotmail.com> escreveu:
MÁRIO CRESPO NO JN
Responder
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De: Misabelantunes1 |
António,
O CAFà ZAMBEZE é um espaço de convívio, logo, de conversa, troca de ideias e opiniões. Fizeste muito bem em te manifestar!
Por teres falado em Mitengo Balame e medos, recordei-me dos tempos em que o meu pai esteve colocado no Biribiri e numa noite de chuva, ao regressar a casa,depois de ter estado no Posto Administrativo, o matope era tanto que, teve que deixar a mota, na famosa "curva dos le천es" e ir a pé. Enterra pé aqui, desenterra acolá, ele e um colaborador que o acompanhava, fizeram o percusro todo, muito caladinhos, com a sensa챌찾o que estavam a ser perseguidos.
Só depois de terem passado o port찾o do quintal, partilharam a suspeita que, confirmaram no dia seguinte, ao verem as patas de um le찾o, marcadas, até muito perto da nossa casa.
Um beijinho para ti e para a Nazaré.
Isabel
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