Produ챌찾o industrial da cana-de-a챌úcar
Biocombustíveis ainda v찾o fazer correr muita tinta
O CONSELHO Científico da Ag챗ncia Europeia para o Ambiente defendeu, na última quinta-feira, que a Uni찾o Europeia deve suspender a meta de utilizar dez por cento de biocombustíveis nos transportes, até 2020.
Maputo, Ter챌a-Feira, 15 de Abril de 2008:: Notícias
A ser aceite, esta proposta poderá incentivar a polémica em torno dos biocombustíveis, cuja produ챌찾o e exporta챌찾o está a tornar-se uma aposta em Mo챌ambique, com vista a contornar o actual custo dos combustíveis fósseis no mercado internacional.
A produ챌찾o de biocombustíveis, principalmente para o mercado europeu, é uma das apostas do Governo mo챌ambicano. Por exemplo, em Mar챌o último foi anunciado que uma unidade industrial para a produ챌찾o de biocombustíveis vai ser instalada na regi찾o norte do país, no 창mbito de um projecto de investimento de capitais mistos, envolvendo empresários mo챌ambicanos e portugueses.
Or챌ado em cerca de 80 milh천es de dólares norte-americanos, o projecto contempla a produ챌찾o de óleos vegetais a partir da jatrofa e outras culturas n찾o alimentares.
Em Fevereiro deste ano, o ministério mo챌ambicano da Agricultura confirmou que já foi atribuída uma área de 34638 hectares para grandes projectos de biocombustíveis, sendo 30 mil em Gaza, 1000 em Inhambane, igual número em Sofala, e 2638 em Nampula.
Por outro lado, o Ministério da Agricultura diz que deverá concluir, até Junho próximo, a elabora챌찾o de uma proposta de estratégia e quadro regulador sobre a produ챌찾o de biocombustíveis em Mo챌ambique, instrumento que vai normar os mecanismos de investimento, critérios de sustentabilidade, investiga챌찾o e a componente agrícola.
O Conselho Científico da Agência Europeia para o Ambiente, composto por 20 cientistas independentes, considera que a meta dos dez por cento é demasiado ambiciosa e terá “efeitos difíceis de prever e de controlar”.
Por isso, o Conselho recomenda a sua suspensão e a realização de um novo estudo sobre os riscos e benefícios dos biocombustíveis, bem como a “definição de uma meta mais moderada e a longo prazo, se a sustentabilidade não puder ser garantida”.
Segundo os investigadores, a produ챌찾o de biocombustíveis com tecnologias de primeira gera챌찾o ainda liberta gases com efeito de estufa em quantidades significativas, segundo um comunicado da organiza챌찾o.
“A utilização da biomassa implica a combustão de recursos muito valiosos e finitos”, escrevem os cientistas, citados pelo diário lisboeta “Publico”, na sua edição da passada quinta-feira.
A fonte acrescenta que “estes recursos devem ser preservados sempre que possível. Por isso, a utilização da biomassa deve, necessariamente, andar a par e passo com as melhorias na eficiência energética. O que não é o caso para a maioria das aplicações nos sectores automóvel e residencial”.
Segundo a agência, o solo arável necessário para a União Europeia conseguir cumprir a meta dos dez por cento excede a área disponível”.
Uma das consequências da intensificação da produção de biocombustíveis é o “aumento das pressões sobre o solo, água e biodiversidade”, sublinha.
Além disso, cumprir os dez por cento implicará igualmente a importa챌찾o de biocombustíveis.
Segundo aquela ag챗ncia, a destrui챌찾o acelerada das florestas tropicais devido ao aumento da produ챌찾o de biocombustíveis já está a acontecer em alguns países em desenvolvimento, assumindo que a produ챌찾o sustentável fora da Europa é difícil de conseguir e de monitorizar.
Actualmente, o transporte rodoviário é responsável por mais de 90 por cento das emiss천es de todo o sector dos transportes. Até ao momento, as políticas e medidas aplicadas t챗m sido insuficientes para travar este aumento.
O agravamento do pre챌o dos combustíveis
QUEDA DO DÓLAR E NOVOS MÁXIMOS HISTÓRICOS NOS PREÇOS DE PETRÓLEO
Maputo, Ter챌a-Feira, 15 de Abril de 2008:: Notícias
A proposta do Conselho Científico da Agência Europeia surge numa semana marcada por novos máximos históricos no preço do petróleo nos mercados internacionais, bem como pela perda de terreno do dólar norte-americano face ao euro, moeda única europeia. A moeda única da zona do euro valorizou para 1,59 dólar na última quinta-feira.
Em rela챌찾o ao brent do Mar do Norte, que serve de refer챗ncia para a Europa e é transaccionado em Londres, na Gr찾-Bretanha, subiu 2,97 por cento para um máximo histórico de 109,82 dólares americanos por barril.
Em Nova Iorque, o West Texas Intermediate, para entrega em Maio, ganhou 3,4 por cento, subindo para 112,21 dólares por barril, o que penaliza as chamadas economias de periferia, como é o caso de Moçambique que não produz o chamado “ouro negro” e não dispõe de refinarias, embora esforços estejam em curso para a sua construção.
INSTABILIDADE SOCIAL PREOCUPA AFRICANOS
Maputo, Ter챌a-Feira, 15 de Abril de 2008:: Notícias
O anúncio do Conselho Cientifico da União Europeia ocorre igualmente numa altura em que os governos africanos estão cada vez mais apreensivos face à crescente onda de instabilidade social, agravada pela subida galopante do custo de comida e combustíveis, principalmente no Continente Africano.
Em Fevereiro, tumultos registados nos Camar천es e Mo챌ambique provocaram a morte de várias dezenas de inocentes.
Na Costa do Marfim, Maurit창nia, Senegal e Burquina-Faso também ocorreram vários tumultos como consequ챗ncia do agravamento do custo de vida.
Por seu turno, o Egipto advertiu semana passada que seria forçado a agir com severidade contra todas as pessoas que aderissem à greve geral convocada para domingo último, para protestar contra a inflação galopante e exigir aumento salarial.
A alta dos preços de matérias-primas no mercado internacional e a crise de cereais representa uma ameaça considerável ao crescimento económico, à paz e segurança de África, advertiram semana passada os ministros africanos das Finanças, em comunicado de imprensa emitido no término de uma reunião realizada na capital etíope, Addis-Abeba, e que tinha como agenda discutir a actual crise de alimentos.
PMA E A CRISE ALIMENTAR
Maputo, Ter챌a-Feira, 15 de Abril de 2008:: Notícias
As Nações Unidas estão, desde Março último, a fazer “lobbies” junto dos principais doadores internacionais para obter contribuições para um fundo de emergência orçado em 500 milhões de dólares norte-americanos para ajudar a alimentar populações africanas em crescente risco de passar fome.
S찾o milh천es de pessoas que est찾o amea챌adas de fome em todo o Mundo, dada a crescente necessidade de ajuda alimentar e cada vez menor disponibilidade da mesma.
O Programa Mundial de Alimentação (PMA) já está a ressentir-se dos efeitos da subida dos preços dos alimentos no mercado internacional e já fala de uma “iminente crise alimentar” com características globais, apesar de poder vir a incidir sobre as regiões mais pobres.
Na semana passada, a directora do PMA, Josette Sheeran, falando numa conferência em Addis-Abeba, Etiópia, sublinhou que se instalou uma “tempestade” cujo abrandamento se torna difícil de prever, a breve trecho, devido à tendência crescente dos preços dos alimentos.
Desde que foi feito o apelo para a disponibilização dos 500 milhões de dólares, há cerca de um mês, os preços dos alimentos voltaram a subir em 20 por cento, o que torna difícil esperar qualquer descida nos próximos tempos.
BRASIL PREPARA REACÇÃO AOS CRÍTICOS DO ETANOL
Maputo, Ter챌a-Feira, 15 de Abril de 2008:: Notícias
A pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Governo brasileiro pretende criar uma estratégia para “responder” às críticas à produção de biocombustíveis que têm sido levantadas nos países europeus.
O Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, disse que o Governo projecta criar um grupo de trabalho constituído pelos ministérios ligados ao etanol para “estabelecer uma estratégia permanente de comunicação” em defesa do produto.
“Aparentemente, começou uma estratégia de ataque ao biocombustível na Europa. Isso não faz muito sentido. Nós vamos estabelecer uma estratégia para que a gente possa responder a isso da melhor maneira possível”, disse o ministro Miguel Jorge.
A estratégia será concebida pelos ministérios do Desenvolvimento e da Agricultura, e executada por órg찾os brasileiros no exterior, com a distribui챌찾o de obras explicativas sobre o etanol por embaixadas em diversos países.
Miguel Jorge disse ser “surpreendente” que as críticas ao etanol estejam sendo levantadas agora, “porque o processo não é novo”.
“A questão do etanol vem sendo discutida há muito tempo e, num determinado momento, aparecem relatórios e outras questões que até então não haviam aparecido. Em minha opinião, é muito proteccionismo. Faz parte do proteccionismo clássico europeu”, acrescentou.
O ministro disse ainda que a cria챌찾o do grupo de trabalho foi uma orienta챌찾o dada pelo presidente Lula da Silva.
“Foi isso que o presidente pediu, que criássemos um grupo de trabalho para divulgar melhor (o etanol), ter um esforço permanente para atingir a opinião pública”.
A produ챌찾o de etanol tem sido cada vez mais criticada por entidades e especialistas que alertam para os efeitos colaterais da produ챌찾o de biocombustíveis.
Organizações como a FAO dizem que utilizar colheitas de alimentos para produzir combustível ameaça o fornecimento de comida para as populações e, portanto, põe em causa o combate à fome.
Por seu turno, entidades ambientais alegam que os ganhos com a produ챌찾o de biocombustíveis s찾o anulados por uma suposta acelera챌찾o no processo de desmatamento.
Há, por fim, argumentos que sublinham as más condições de trabalho – por vezes trabalho escravo – nas fazendas de cana-de-açúcar no Brasil.
“É verdade que as condições de trabalho melhoraram. Há um esforço da UNICA, união das usinas de açúcar de São Paulo, que é a maior, que está a discutir com os sindicatos formas de melhorar e fazer ajustes de conduta para evitar esse problema que acontece muito em regiões isoladas”, afirmou Miguel Jorge.
“Você não vê esse problema nos chamados Estados mais desenvolvidos” – acrescentou – “o trabalho escravo, por exemplo, não ocorre em São Paulo, que é o maior produtor do mundo, pelo menos que a gente tenha conhecimento”.
Para o ministro, a Europa desconhece o mundo todo e toma a situa챌찾o em duas ou tr챗s fazendas no Estado do Pará, por exemplo, como uma quest찾o do país inteiro.
Miguel Jorge disse ainda que a questão do desmatamento levantada por alguns críticos “não tem nada a ver com a produção do etanol. Se você olhar para o mapa do Brasil, as grandes áreas produtoras de cana-de-açúcar estão muito longe da fronteira agrícola do Brasil, e muito longe inclusive da Amazónia”, explicou.
Por outro lado, indicou o ministro, o uso do etanol reduz a polui챌찾o ambiental das grandes cidades, principalmente com a popularidade dos carros com tanque de combustível flexível.
“Eu não consigo imaginar São Paulo, com seis milhões de veículos, se 90 por cento dos automóveis que entram em circulação na cidade não usassem álcool”, defendeu.