Beira (Canal de Mo챌ambique) - Qualquer observador que se disponha a analisar a situa챌찾o mo챌ambicana, a pobreza em que vive a maioria da sua popula챌찾o só pode ficar perplexo. Como compreender e aceitar que um país com um manancial de riquezas tenha um nível de vida t찾o baixo é de facto difícil de entender. Uma vis찾o e estratégias políticas envolventes e abrangentes nunca foram t찾o necessários para se enfrentar com 챗xito os desafios actuais. A mediocridade e toda uma gama de resultados negativos que se observam no país todo v찾o de conson창ncia com as práticas insuficientes e de pouco alcance que est찾o sendo executadas. Na posse de inúmeros recursos alguns dos quais estratégicos, a incapacidade de usá-los de maneira aberta tendo como agenda central reduzir e eliminar a pobreza crónica dos cidad찾os revela-se o verdadeiro cancro nacional. Quando a maioria dos benefícios que a indústria extractiva traz é para as corporações envolvidas nas operações e obviamente alguma da elite político-financeira local fica claro que há algum erro de concepção de politica económica, está presente e governando os assuntos. Não é a questão de que todos não podem ser ricos ao mesmo tempo que está aqui em causa. Também não está em causa a capacidade que uns tem de aproveitar momentos oportunos para investirem ou usarem de suas possibilidades para se desenvolverem. Também ninguém está contra que se enriqueça neste país. O problema deve ser colocado em termos do que impede que haja mais justiça no acesso à riqueza nacional? O que impede que mais moçambicanos se beneficiem daquilo que é afinal de todos? Toda a corrida desenfreada que se verifica para a implementa챌찾o de projectos energéticos na actualidade é sintomática dos apetites que elite demonstra e n찾o tem nada a ver com objectivos planificados de desenvolvimento nacional. N찾o somos pobres por pregui챌a, ignor창ncia ou destino. Somos pobres porque existe uma aplica챌찾o de politicas que negam aos mo챌ambicanos a possibilidade de se afirmarem na esfera económica. Numa situa챌찾o de vazio no que respeita a políticas de fomento, dificilmente será possível aumentar o número de mo챌ambicanos que se dedicam a agricultura. Num momento t찾o propício para a prática de uma agricultura comercial de alto rendimento, que aproveitaria dos actuais aumentos pre챌os de mercadorias agrícolas, n찾o se v챗 nenhuma decis찾o no sentido de favorecer a emerg챗ncia de mo챌ambicanos fazendo aquilo que aliviaria os cofres públicos no que se refere a importa챌찾o de alimentos. Quase todos os países do mundo falam de aboli챌찾o do proteccionismo mas na prática isso continua a ser feito. Só nós é que nos abstemos de fazer aquilo que é pratica comum. Proteccionismo e fomento s찾o duas faces da mesma moeda que tem servido para melhorar a capacidade com que as indústrias específicas dos países sobrevivem no ambiente de concorr챗ncia internacional violenta que vigora. Uma quest찾o de interesse nacional permanece no segredo dos deuses. Estamos falando das contrapartidas financeiras que as autoriza챌천es de prospec챌찾o de explora챌찾o de recursos naturais mo챌ambicanos trazem para o país. Esses fundos poderiam muito bem ser usados para alavanca de actividades geradoras de emprego e bases de fundos de fomento reais e n찾o meras declara챌천es de inten챌천es. Grande parte da terra arável do país pode muito bem, ser usada pelos mo챌ambicanos com sucesso. Em vez da forma챌찾o de agrónomos distantes da agricultura e pouco dominando as técnica contempor창neas o pais beneficiaria com investimentos direccionados a moderniza챌찾o do ensino técnico superior nessa e noutras áreas. Há necessidade de mo챌ambicanos com capacidade de avaliar as nossas potencialidades e sobretudo conhecimento adequado para intervir com sucesso no aproveitamento das mesmas. Ser pobre n찾o é o destino a que estamos condenados desde a nascen챌a. Cabe a quem governa a sensatez de come챌ar a entender essa fun챌찾o como um privilégio concedido para servir os cidad찾os e nesse sentido, fazer tudo o que é necessário para que o bem-estar dos governados esteja garantido. Aceitar desculpas e justifica챌천es sobre incumprimento de planos, adiar a realiza챌찾o dos mesmos sob a alega챌찾o de escassez de recursos e outras artimanhas tem de come챌ar a ser punido com destitui챌천es do cargo. Custa muito dinheiro ao erário público manter funcionários públicos que n찾o conseguem satisfazer nem cumprir com as suas tarefas. A pobreza de que todos os dias se fala é um mal que pode e deve ser combatido com ac챌천es reais e concretas. N찾o se compreende que se destrua a capacidade nacional de fazer certas coisas e em substitui챌찾o se promova a importa챌찾o dos bens antes produzidos localmente. Isso leva muitos ao desemprego e a pobreza que se diz querer combater. Urge entender a todos os níveis de que a normaliza챌찾o da vida nacional, a viabiliza챌찾o de Mo챌ambique como pais requer que se respeitem as leis e que se combata com vigor e firmeza os atropelos as mesmas. As pessoas t챗m de se sentir seguras e confiantes de que investir neste país é seguro e proveitoso. Mas também n찾o se pode permitir que a concorr챗ncia desleal com a m찾o-de-obra local seja apadrinhada por uma emigra챌찾o sem critérios de gente oriunda dos diversos cantos do mundo. Se aos mo챌ambicanos s찾o colocadas limita챌천es no estrangeiro, o mesmo deve acontecer com os outros que chegam ao país e montam tabacaria e quiosques e recebem o nome de investidores. A contrata챌찾o de m찾o-de-obra para os grandes projectos, a estrutura salarial praticada nos mesmos n찾o deve lesar os mo챌ambicanos que fazem trabalho igual e recebem remunera챌찾o de nível diferente. Governar no caso de Mo챌ambique tem de significar ser capaz de produzir solu챌천es para que as potencialidades existentes sirvam efectivamente os mo챌ambicanos sem exclus천es de alguma natureza. Essa de que vamos combater a pobreza absoluta tem de virar a prática real e n찾o uma mensagem para adormecer os cidad찾os enquanto os seus proclamadores enriquecem através de esquemas e mecanismos montados para impedir o acesso dos outros a actividades económicas rentáveis. Sentido de Estado e clarivid챗ncia governativa devem ser evidenciados nesta frente e abandonar-se a prática de discursos ocos, repetidos e ultrapassados. Alguma pobreza seria combatida simplesmente com um pouco mais de austeridade pelos governantes. Os mo챌ambicanos n찾o s찾o pobres. Forma empobrecidos por práticas de governa챌찾o lesivas. (Noé Nhantumbo)
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