Maputo, 22 Mai (Lusa) -- A Liga dos Direitos Humanos (LDH) de Moçambique repudiou hoje a violência xenófoba contra imigrantes na África do Sul e apelou ao governo sul-africano para punir "severamente" os responsáveis pela violência que já matou oito moçambicanos.
"Os moçambicanos estão cansados de ser humilhados e extorquidos os seus bens quando cruzam a fronteira com a África do Sul, sabendo que o inverso não acontece aos milhares de sul-africanos que entram em Moçambique no Verão e feriados para se divertirem nas praias moçambicanas, vezes sem conta, cometendo excessos e desmandos", acusa a LDH.
Numa nota enviada quarta-feira ao Alto-Comissariado da África do Sul em Moçambique, assinada pela presidente da LDH, Alice Mabota, aquela instituição de defesa dos direitos humanos afirma estar a acompanhar "com indignação" o caso de ataque a cidadãos estrangeiros residentes naquele país africano, especialmente moçambicanos.
A LDH lembra que "diversos casos de racismo já foram perpetrados por cidad찾os nas praias mo챌ambicanas e jamais cidad찾os de Mo챌ambique pautaram-se por comportamentos semelhantes" de viol챗ncia física.
Aquela organiza챌찾o afirma ainda que as imagens de "horror, vandalismo e terror" que continuam a ser transmitidas pelos meios de comunica챌찾o d찾o a entender que "as zonas atingidas s찾o do conhecimento das autoridades sul-africanas e que os perpetradores actuam em zonas confinadas e facilmente localizáveis".
"Há, por isso, que responsabilizar e punir os infractores" destes ataques que ditaram em dez dias a morte de 24 pessoas, oito das quais de mo챌ambicanos, segundo dados oficiais divulgados pela polícia sul-africana.
Dirigindo-se ao Alto-Comissário sul-africano em Maputo, a carta da LDH, a que a Lusa teve hoje acesso, lembra: "Depois da trágica história da morte de moçambicanos na África do Sul, em pleno período pós-apartheid, por agentes que estavam a treinar cães-polícia, utilizando nos seus testes imigrantes encontrados em situação ilegal, não podemos hoje tolerar que mais mortes se repitam, sob o olhar impávido e sereno das autoridades do seu país".
"É momento de o Governo sul-africano olhar para o contributo que o povo moçambicano deu na guerra contra o 'apartheid', sem descurar também o grande contributo que Moçambique dá anualmente no fornecimento da mão-de-obra para as minas e as grandes explorações agrícolas que fazem do país o gigante económico do continente", refere a missiva.
Numa outra carta enviada ao Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, a LDH elogia os esforços que estão a ser feitos pelas autoridades moçambicanas no sentido de dar assistência às vítimas, mas apela para a realização de um trabalho coordenado com outros Estados da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), cujos cidadãos são vítimas da xenofobia.
"A Liga apela ao governo mo챌ambicano para que conjuntamente com outros países da SADC, cujos cidad찾os s찾o também vítimas, n찾o me챌a esfor챌os para, junto do Governo sul-africano, p척r-se fim a estes actos e responsabilizar-se os seus perpetradores", diz a carta.
"Que o governo accione mecanismos para que os que tiraram a vida aos mo챌ambicanos sejam responsabilizados", conclui.
MMT
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