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notcias: Confrontos na África do Sul não são xenófobos
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De: misabelantunes1  (Mensaje original) Enviado: 02/06/2008 15:11
Leitura brasileira do 챗xodo na SADC
Confrontos na África do Sul não são xenófobos
– diz professora Leila Leite Hernandez, livre-docente em História da África e professora da faculdade de História da USP (Universidade de São Paulo)
“A migração ocorre sempre que há problemas internos nos países com o mercado de trabalho. Sempre que há um deslocamento é porque as pessoas se sentem forçadas, ou são forçadas por políticas de governo.”

Maputo (Canal de Moçambique) - A violência de sul-africanos contra imigrantes de outras partes da África – que teve início em meados de Maio e já fez cerca de 60 mortos, e milhares de deslocados – não pode ser considerada xenofobia, na opinião da professora Leila Leite Hernandez, livre-docente em História da África e professora da faculdade de História da USP (Universidade de São Paulo)em entrevista com Fernanda Barbosa, e publicada este fim-de-semana pela «Folha online» que se edita no Brasil e aqui reproduzimos com a devida vénia pelo seu interesse e oportunidade. Afinal uma outra leitura do êxodo que pode por em causa a ideia de uma SADC coesa e unida.
“Não dá para atribuir a esses conflitos uma dimensão étnica. Não é xenofobia. Nem no Zimbabwe, nem na Zâmbia, nem em Moçambique e nem na África do Sul”, disse Hernandez, que também é autora do livro «A África na Sala de Aula: Visita à História Contemporânea», em entrevista à Folha Online.
Para a professora, a questão envolve motivos económicos, trabalhistas, sociais e políticos. “Os migrantes procuram melhores condições de vida”, diz.
Segundo Hernandez, os imigrantes de outras partes da África vão para a África do Sul em busca de trabalho, fixam-se nos arredores de Joanesburgo e acabam lançados à economia informal. Porém, o contingente migratório interno da África do Sul – que vai do campo para a cidade – se estabelece no mesmo local e não há empregos para todos. Como a mão-de-obra estrangeira é ainda mais barata que a local, os sul-africanos são prejudicados.
“O problema é que o surto migratório é feito por pobres que vão competir no mercado de trabalho de uma mão-de-obra também pobre, com baixos salários”, explica ela.
Leia na integra da entrevista:

Folha Online - Quando os zimbabweanos e moçambicanos começaram a migrar para a África do Sul?

Leila Leite Hernandez - A ida deles já vem de muitos séculos. Há deslocamentos nessa região desde antes do século 19, que são próprios dos povos dessa parte meridional da África. Esses deslocamentos se acentuam sobretudo com os trabalhadores de Moçambique – que ainda não eram moçambicanos porque o país não era independente – a partir da descoberta das minas de ouro e diamante na África do Sul, que são próximas a essa área onde é o conflito hoje.

Descontentes com políticas dos seus países

Folha Online - Qual o motivo dessa migra챌찾o?

Hernandez - Trabalho. A migração ocorre sempre que há problemas internos nos países com o mercado de trabalho. Sempre que há um deslocamento é porque as pessoas se sentem forçadas, ou são forçadas por políticas de governo. Elas se sentem extremamente descontentes com as condições de vida e saem em busca de outras oportunidades de trabalho e sobrevivência. Isso ocorre em todos os lugares, mas hoje está mais voltado para a África em razão das condições locais. O surto migratório é feito por pobres que vão competir no mercado de trabalho de uma mão-de-obra também pobre, com baixos salários.
Além disso, hoje nós temos um Zimbabwe extremamente empobrecido, com uma inflação de 165 mil % e uma situação económica bastante complicada. É um país que sofre de um problema político sério, que tem como marco o processo eleitoral deste ano, com perseguições a quem se opõe ao governo de [Robert] Mugabe.


Folha Online - A viol챗ncia contra os imigrantes já existia desde o início dos deslocamentos dos africanos?
Hernandez - N찾o. Esses conflitos s찾o recentes e tem a ver com um conjunto de circunst창ncias. Existe um encarecimento dos produtos básicos de alimenta챌찾o e o processo de mundializa챌찾o em curso acentua as desigualdades. As regi천es que já s찾o mais empobrecidas e que já tem quest천es alimentares sérias acabam tendo mais desafios pela própria sobreviv챗ncia.

Folha Online - Por que os migrantes do continente africano vão para a África do Sul?

Hernandez - Porque é o país mais rico dessa região meridional. Portanto, os migrantes procuram melhores condições de vida. Eu nem diria melhores, mas menos ruins. Então, eles avançam em direcção à periferia de Joanesburgo, onde vão tentar, sobretudo, empregos na economia informal.

Problemas de concentra챌찾o de renda

Folha Online - Quando os fluxos migratórios recome챌aram e tiveram seu ápice?

Hernandez - Na verdade, há um deslocamento de baixa intensidade contínuo, mas eles se intensificaram no final de 2007, quando começou o processo eleitoral no Zimbabwe. Foi na mesma época que a inflação atingiu os níveis mais altos registrados até hoje. Não dá para a gente entender como uma pessoa compra seis pãezinhos com 165 mil% de inflação (...) É uma situação de miséria muito grande. A mão-de-obra muito pobre migra para sobreviver e, evidentemente, não há empregos para todos.

Folha Online - Por que iniciaram os conflitos? Já que a imigra챌찾o sempre ocorreu pacificamente...

Hernandez - Temos uma conjuntura internacional entre Zimbabwe, Zâmbia, Moçambique e África do Sul. E temos também as questões internas a cada um desses países. A Zâmbia, assim como o Zimbabwe, tem problemas seríssimos. Em Moçambique a situação é um pouco melhor, mas também há problemas. Todos esses países tem uma concentração precária de distribuição de renda. A situação também tem a ver com problemas internos à África do Sul. O país é a economia com os melhores índices da África meridional, mas tem por volta de 30% de desemprego, o que é elevado.
Em torno de Joanesburgo existiam as cidades para os negros viverem durante o «apartheid», precárias em termos de energia eléctrica, saneamento básico, saúde e educação. Já são locais com grande acumulo urbano e ainda recebem os imigrantes. A África do Sul também tem uma das maiores taxas de migração do campo para a cidade. E essa população fica nas proximidades de Joanesburgo, com uma vida extremamente precária.
A m찾o-de-obra estrangeira que se desloca também para essa área compete no mercado informal com a m찾o-de-obra local, que já tem salários baixos. Os migrantes acabam aceitando salários ainda menores, o que fomenta sérios problemas de aceita챌찾o. Esse embate gera outro problema, pois faz com que as pessoas voltem aos seus países de origem, que n찾o os comporta também.

Folha Online - Então, a situação é mais uma rejeição à situação do que ao estrangeiro em si?

Hernandez - Exatamente. Em cada um dos lugares na África, as questões tem respostas específicas na economia. A taxa de desemprego, a taxa de inflação, a má distribuição da renda, as doenças e epidemias, sobretudo a Aids (HIV-Sida). É uma reacção local à pobreza e é evidente que essas questões são apropriadas politicamente, de forma muitas vezes banalizada, reduzida a embates entre estrangeiros, quando a questão é muito mais profunda. Envolve, por exemplo, uma política trabalhista que não dá aos trabalhadores da África do Sul nenhuma protecção, o que, aliás, é uma tendência no novo modelo de mercado actual.

N찾o há motiva챌찾o étnica

Folha Online - Então, os actuais embates na África do Sul não possuem motivação étnica?

Hernandez - Não. Não dá nem para pensar em atribuir a esses conflitos uma dimensão étnica. Não é xenofobia. Nem no Zimbabwe, nem na Zâmbia, nem em Moçambique e nem na África do Sul. Muitas vezes esses conflitos se revestem para uma parte da população em uma questão racial. Porque, historicamente, houve um «apartheid» que teve seu término nos anos 90. Mas a gente sabe que a segregação de facto, as questões económicas, sociais e o preconceito pertencem a uma dimensão simbólica e, portanto, levam algum tempo para apresentarem uma diminuição. Então, até hoje a gente vê que nos próprios países essas questões são banalizadas como conflitos étnicos, mas os verdadeiros motivos são os económicos e sociais.

Governo sul africano n찾o controla situa챌찾o

Folha Online - A situação da África do Sul pode prejudicar o presidente no processo eleitoral?

Hernandez - O país está em um processo de eleições. A partir do momento em que o governo não consegue controlar a situação, é um problema para ele, sem dúvida nenhuma. O desemprego é uma questão própria da África do Sul. Claro que ele é influenciado pelos zimbabweanos, mas o problema é anterior. A má distribuição de renda, além do desemprego, são questões que foram postas na agenda do presidente Thabo Mbeki, mas estão sem repostas.
Mesmo após a diminui챌찾o da viol챗ncia, ainda haverá muito a se fazer em rela챌찾o a saúde, educa챌찾o e a luz eléctrica. E a gente sabe que, em ano eleitoral, a situa챌찾o lembra o que fez e a oposi챌찾o lembra o que n찾o foi feito. Ent찾o, sim, esses embates podem prejudicá-lo [ao presidente Thabo Mbeki].

O Mundial de Futebol n찾o tem import창ncia agora

Folha Online - O que poderia ser feito para resolver os embates?

Hernandez - Na verdade, a questão é regional e deve ser resolvida regionalmente, a partir de uma mobilização da União Africana, de Angola, Moçambique e Zâmbia. No entanto, é um problema que também interessa às empresas que investem na África do Sul, alcançando uma dimensão ainda maior. Para dar conta disso, é necessário um esforço dos governos envolvidos, sobretudo o do Zimbabwe e o da África do Sul. A questão ainda necessita de muitos programas de governo e, mesmo com vontade política, isso só deve acontecer em médio prazo.
A curto prazo, o que se pode fazer é uma ajuda internacional localizada, com alimentos e produtos básicos. Já existe uma ac챌찾o internacional lá, no campo de refugiados, da «ACNUR» (Alto Comissariado das Na챌천es Unidas para Refugiados) e dos «Médicos Sem Fronteiras» (MSF). Antes de qualquer coisa, tem que haver paz. Com uma economia de guerra n찾o dá para se pensar em refazer o tecido social e económico.
Actualmente, nós vemos um movimento dos meios de imprensa e da sociedade a pensar no que pode acontecer em 2010, na Copa do Mundo. O interesse chega a tal ponto que o governo local afirma que os conflitos podem prejudicar a Copa e também gerar viol챗ncia. Mas é justamente o contrário, a viol챗ncia n찾o pode ficar em segundo plano. A Copa (Mundial de Futebol) n찾o tem import창ncia agora.

(Redac챌찾o / «Folha Online»)

2008-06-02 08:32:00

In http://www.canalmoz.com/default.jsp?file=ver_artigo&nivel=1&id=8&idRec=3893



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