Manica (Canal de Mo챌ambique) - O distrito de Manica, com cerca de 23 por cento de seropreval챗ncia, é um dos mais afectados pela epidemia na província devido ao corredor que o liga ao Zimbabwe, Malawi e Botswana, países que possuem taxas de seropreval챗ncia, das mais altas do mundo. Dados avançados pelas autoridades governamentais na provincia afirmam que há um êxodo de zimbabweanos que atravessam a fronteira à procura de tratamento da Sida na provincia, concretamente ao distrito de Manica. “Muitos zimbabweanos atravessam a fronteira para ter acesso aos antiretrovirais em Moçambique, porque o governo disponibiliza as drogas gratuitamente”, disse Arão Uaquiço, coordenador do núcleo provincial de combate a Sida. O número de zimbabweanos beneficiários de antiretrovirais em Manica n찾o está documentado, mas estima-se que mais de 100 estejam em tratamento. “Apesar de termos estrangeiros em TARV, nós acomodamos todos os pacientes, sem discriminação de proveniência”, disse a Dra. Inga Nicole, médica chefe distrital. Entretanto as autoridades de saúde em Manica t챗m as aten챌천es viradas na expans찾o dos servi챌os de acesso ao TARV. Até Maio, pelo menos quatro postos de saúde-satélites haviam sido implantados nos postos administrativos de Machipanda, Méssica, Vandúzi, para além de um que funciona junto do hospital distrital de Manica. Estes postos de saúde-satélite permitem o acesso facilitado aos servi챌os de testagem e tratamento para as comunidades em zonas rurais e encurtam as dist창ncias e diminuem os custos de desloca챌찾o das pessoas. "É muito mau que doentes crónicos tenham que se deslocar dezenas e centenas de quilómetros para ter acesso aos serviços de testagem e tratamento e ou só para ir buscar um medicamento ao hospital. Assim vamos poder atender a mais pessoas que precisam do tratamento”, disse a Dra. Nicole. Com uma média de 1.6 milh천es de doentes, actualmente calcula-se que 100 mil pessoas HIV-positivos recebem tratamento antiretroviral gratuito em Mo챌ambique contra sete mil em 2005, tratamento que custa ao governo mo챌ambicano 50 USD por pessoa/ano. Entretanto, a expans찾o dos servi챌os de TARV para o posto fronteiri챌o de Machipanda está a atrair cada vez mais zimbabweanos que vivem nos arredores de Mutare que precisam de deslocar-se em menos de 10 quilómetros para adquirir as drogas do lado mo챌ambicano, informaram as autoridades sanitárias de Manica.
Imigra챌찾o dos zimbabweanos para Mo챌ambique
O número de zimbabweanos que atravessa a fronteira para Mo챌ambique tem estado a crescer desde a supress찾o dos vistos de entrada entre os dois Estados rubricado em Outubro passado, indicam as estatísticas de Migra챌찾o em Manica, que ressalvam que 400 zimbabweanos entram diariamente para Mo챌ambique, dos quais 85 por cento regressam a proveni챗ncia, desconhecendo-se o que acontece com os restantes 15 por cento. Os vistos de entrada permitem uma perman챗ncia de 30 dias noutro país. “Muitos zimbabweanos entram para o país. Até Maio mais de 60 mil haviam atravessado legalmente as três fronteiras de Manica, com mais incidência na de Machipanda, contra menos de mil entradas registadas em igual período de 2007”, disse Alberto Limeme, chefe do posto fronteiriço de Machipanda. Manica e Mutare partilham uma das mais extensas linhas fronteiri챌as da regi찾o (500Km de linha fronteiri챌a) controlada por cerca de 60 guardas, que patrulham muitas vezes a pé. E distinguir zimbabweanos da popula챌찾o local é quase impossível porque ambos falam Shona, um dialecto local. Mo챌ambique é um dos exemplos na regi찾o da Africa Austral que tem uma resposta extraordinária ao tratamento de HIV/Sida. Entretanto, Manica, apesar de ser o segundo distrito com a taxa de seropreval챗ncia mais alta da província de Manica (23 por cento) - depois de Chimoio e G척ndola -, esta regista um défice acentuado de pessoal qualificado para atender a problemática do HIV/Sida. Actualmente o distrito responde com 10 pessoas especializadas no tratamento antiretroviral, sendo dois médicos, quatro técnicos de medicina e igual número de enfermeiros do servi챌o materno infantil. “Temos respondido à altura possível. Reconhecemos um grave défice de pessoal qualificado para responder a pandemia de Sida”, disse a Dra. Nicole. Para auxiliar os servi챌os, as estruturas de saúde também contam com 16 agentes terap챗uticos, que fazem assist챗ncia domiciliária diária aos doentes de Sida, quer inscritos ao tratamento antiretroviral, quer em tratamento. Estes agentes também t챗m a tarefa de buscar para o hospital os doentes que faltam a assist챗ncia médica ou ao levantamento dos medicamentos antiretrovirais, além de consciencializar-lhes sobre a necessidade das refei챌천es equilibradas. Diariamente só no hospital distrital de Manica, mais de 80 pessoas procuram o tratamento antiretroviral, incluindo uma média de 10 crian챌as. Apesar desta press찾o para os servi챌os de saúde, as autoridades governamentais descartam a possibilidade de registar escassez de medicamentos antiretrovirais naquele ponto de Manica. (José Jeco)
|