Maputo (Canal de Moçambique) – O relatório divulgado há dias na cidade de Maputo, pelo Fundo para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), sobre o desempenho da sociedade civil em Moçambique no ano transacto, classificado como sendo fraco, já está a correr mundo e é matéria de comentários entre alguns cidadãos que, no entanto, exigem uma sociedade civil “isenta de influências partidárias”. Enquanto o referido relatório avança que “os moçambicanos são chamados a participar do exercício do seu direito de cidadania, mas na prática o seu poder de influenciar politicas, decisões relevantes ou mesmo de poder económico e político acaba por ser limitado. Cidadãos abordados pelo «Canal de Moçambique», por ocasião do 33º aniversário da independência nacional, consideraram que “o poder do cidadão de influenciar na tomada de decisões sobre assuntos que mexem na vida de milhares de moçambicanos não se pode efectivar enquanto as pessoas que compõem a sociedade civil forem membros de partidos políticos”. Aqueles cidadãos, apesar de não terem medido palavras para ao fazer o balanço positivo dos 33 anos da independência de Moçambique, apenas na vertente Paz, disseram ainda que os comentários do Presidente da República, Armando Guebuza, segundo os quais “a pobreza é um fenómeno vencível e que está na mentalidade das pessoas” poderão um dia lhe provar o contrário, tendo em conta o custo de vida aliado à subida generalizada de preços no mercado nacional, incluindo dos combustíveis”.
Falam os cidad찾os
Augusto Raiva, cidadão bem identificado, disse a este diário que “os 33 anos da independência de Moçambique reflectem um avanço na história dos moçambicanos que foram vítimas de várias guerras que devastaram as infra-estruturas que hoje fazem falta a um país que está a crescer da forma que todos temos estado a acompanhar”. Segundo Augusto Raiva o país está a crescer a passos desejados “apesar dos discursos que têm sido feitos à volta da pobreza e de outros males que nos afectam. Ainda há muitas coisas que minam o nosso desenvolvimento, como a falta de capacidade do Governo reconhecer que não é com discursos bonitos que vamos vencer a pobreza”. “O problema está na nossa agricultura que se debate com a falta de tecnologias de produção. Está na economia que não tem bases internas sólidas para crescer. É preciso que haja trabalho sério e feito por pessoas honestas, até porque com o crescente custo de vida os dias piores se avizinham”, concluiu. Este interlocutor refere que sem falar da falta de envolvimento da sociedade na discussão de assuntos que mexem directamente com os moçambicanos, “é preciso que se leve em conta que o Governo não irá encontrar a solução dos problemas do país sozinho”. “O Governo deve passar a questionar à sociedade de modo a conhecer a suas necessidades e satisfazê-las. É assim que as coisas deviam funcionar para que se evitem discursos políticos e teóricos que de prática nada têm”. Aponta que o PR anda a propalar aos quatro ventos que a pobreza é um fenómeno vencível e que a mesma está na mentalidade das pessoas mas “esquece que não é o moçambicano desprovido de meios que vai vencer tal pobreza. É necessário um trabalho conjunto baseado na auscultação” e “que a sociedade civil, representante dos interesses de milhões de moçambicanos não esteja composta por pessoas de partidos políticos que disputam o poder para depois de o tomarem subjugar os que lhes elegeram”, disse. “O relatório divulgado pela FDC sobre a Sociedade Civil espelha claramente a ineficácia e a dependência das pessoas que foram chamadas a representar os interesses das massas”, disse e concluiu que “que se crie uma sociedade civil livre de influências políticas e guiada por uma causa”. Abreu Nhatitima, outro cidadão de entre os vários entrevistados pela reportagem do «Canal», disse que “quanto à independência o balanço é positivo. Mas é ela não é motivo único para se ser feliz”. Num tom irónico, Abreu Nhatitima acrescentou que “para mim não há diferença entre morrer de fome enquanto alguns comem na sua cara e não ter poder para exigir a quem se confia uma coisa”. O que está dizer este interlocutor é que os moçambicanos confiaram o poder ao Presidente da República mas na hora de detectarem irregularidades não têm voz activa. De acordo com a fonte para se desenvolver o país e acabar com certas práticas já enraizadas de corrupção “é preciso que na hora de se tomar decisões haja participação de pessoas da sociedade civil isentas de influências política com a capacidade de pensar, propor, discutir e decidir”. “Discursos do tipo a pobreza é vencível e está na mentalidade das pessoas não tem enquadramento num País em que o custo de vida agrava-se com a influência de factores externos como a subida generalizada dos preços de combustíveis”, rematou. (Emildo Sambo) |