Maputo (Canal de Moçambique) – O impacto da crise política, económica e social instalada pelo regime de Harare, naquele país vizinho, está afectar directamente Moçambique. A face mais visível dos efeitos da crise Zimbabweana é o fluxo de cidadãos daquele País que diariamente violam as fronteiras nacionais para buscarem refúgio e sustento em Moçambique. As autoridades governamentais de Moçambique tentam desvalorizar o impacto da entrada ilegal destes cidadãos no País. Porém, os factos mostram que estes, sem local de hospedagem nem fonte de rendimento em Moçambique, acabam por se envolver em roubos, prostituição, tráfico de estupefacientes, entre outras formas criminais já reportadas nos pontos do País onde se situam fronteiras com Zimbabwe.
Só na semana de 12 a 18 de Julho corrente, pelo menos 153 cidad찾os zimbabweanos entraram ilegalmente no País. Os dados s찾o do Comando Geral da Polícia da República de Mo챌ambique (PRM). O porta-voz do Comando Geral, Pedro Cossa, afirmou que "estes números n찾o espantam", alegando que "semanalmente s찾o detidos centenas de zimbabweanos que entram ilegalmente no País".
Fora destes números que s찾o contabilizados, sabe-se que, muito pela vulnerabilidade das fronteiras do nosso país, tantos outros cidad찾os zimbabweanos entram em Mo챌ambique, sem conhecimento da polícia.
O impacto da entrada ilegal destes cidad찾os no nosso país é visível para qualquer um enquanto se mantém a cumplicidade do governo de Mo챌ambique com o regime liderado por Robert Mugabe .
O porta-voz do Comando Geral da PRM face à detenção dos cidadãos do Zimbabwe que fogem à violência e vida difícil no seu país, diz "não constituir preocupação para a polícia".
"Não estamos preocupados com os zimbabweanos, são cidadãos inocentes que vem procurar refúgio em Moçambique. São vítimas da crise que todos nós conhecemos. De princípio todos foram restituídos à liberdade e repatriados para o seu País", afirmou Pedro Cossa.
A imprensa presente no briefing da terça-feira última insistiu para Pedro Cossa fornecer dados referentes às detenções de cidadãos zimbabweanos ilegais, ocorridas durante o mês de Junho último, mas este recusou-se. "Lamento, mas não posso dar estes dados, se não vocês ampliam a dimensão do impacto destas detenções", afirmou Cossa, para de seguida abandonar a sala onde decorria a conferência de imprensa.
Serve recordar que o Partido Frelimo, no poder em Moçambique desde a Independência Nacional em 1975, felicitou a ZANU-FP pelo que classificou como “vitória do seu presidente Robert Mugabe”, na controversa segunda volta das eleições presidências em que Mugabe foi o único concorrente, devido à desistência do seu opositor e vencedor da primeira volta das mesmas eleições, Morgan Tsvangirai.
Mugabe e o seu Partido ZANU-FP, este decrrotado nas legislativas que se realizaram em simultaneao com a primeira volta das presidenciais, s찾o tidos por largos sectores de opini찾o como os responsáveis pela crise zimbabweana que agora tem já confirmadamente repercuss천es em Mo챌ambique e em toda regi찾o austral da Africa, que a n찾o serem estancadas de já poder찾o fazer descambar a estabilidade relativa que se tem vivido na regi찾o da SADC.

Envolvimento de estudantes em actos criminais preocupa a Polícia

Já no capítulo das ocorr챗ncias criminais registados pela Polícia, durante a semana de 12 a 18 deste Julho, Pedro Cossa afirmou que houve uma ligeira redu챌찾o, em compara챌찾o com o mesmo período de 2007. "Este ano registamos (esta semana) 212 casos criminais, contra 216 do mesmo período do ano passado".
Apesar da anunciada redu챌찾o insignificante de casos criminais, a polícia diz estar preocupada com o aumento de envolvimento de estudantes em cenas de crime.
"Depois de na semana anterior termos detido alguns estudantes do ensino superior, envolvidos no rapto de uma cidad찾 holandesa, esta semana voltamos a deter um grupo de estudantes do ensino secundário, da Escola Secundária Josina Machel, indiciados de furto qualificado", afirmou Pedro Cossa, lamentando o envolvimento de estudantes no mundo da criminalidade.

Acidentes de via챌찾o

Já sobre os acidentes de via챌찾o, a semana em análise teve o registo de 96 casos, contra 89 do igual período de 2007. O saldo é mais uma vez preocupante em termos de perdas humanas: 23 óbitos. Registaram-se ainda 51 feridos graves e 57 feridos ligeiros.

(Borges Nhamirre)