Quinta-Feira , 24 de Julho de 2008 |
 |
Onde a África encontra a Europa
|
|
No meio do caminho entre a África pobre e a Europa rica, um mundo separa as duas realidades. Para os africanos, o Marrocos representa um sonho que muitas vezes termina em pesadelo. Na nossa série especial, os correspondentes S척nia Bridi e Paulo Zero visitam Rabat, a cidade onde os imigrantes ilegais tentam um recome챌o. |
Um encontro de mundos acontece na capital do Marrocos, onde imigrantes que saíram da África ao sul do Saara, a África negra, jogam a capoeira brasileira. Um dos objetivos é integrar os imigrantes que estavam em Rabat de passagem e foram obrigados a ficar.
O Marrocos é hoje para a Europa o que o México é para os Estados Unidos: a fronteira mais próxima para imigrantes ilegais. No estreito de Gilbraltar, só 14 quilômetros separam Marrocos e Espanha – distância que Tony tenta cruzar há sete anos.
Tony é da República Democrática do Congo – país em constante disputa tribal, guerra civil. Ele atravessou cinco países, cruzou florestas e o deserto. Foi preso na Argélia, tentando embarcar num nacvio para a França. “Nós colocamos nossa vida em perigo. Muitos dos nossos compatriotas morreram aqui no Marrocos e na Argélia”, ele conta.
Tragédias como essa s찾o pouco conhecidas, mas muito freqüentes. Segundo o governo da Espanha, 30 mil imigrantes ilegais entram no país por ano; no mesmo período, seis mil morrem tentando a travessia.
O enclave espanhol de Ceuta, fincado no norte do Marrocos, é isolado por cercas imensas que alguns tentam pular para embarcar nos navios a caminho da Europa. A fiscaliza챌찾o ficou mais rigorosa; todo veículo que entra na cidade é inspecionado. A polícia encontra imigrantes escondidos em fundos falsos, espremidos em espa챌os quentes e sem ar; muitas vezes, quando abre o compartimento, a polícia encontra um imigrante morto.
Há dois anos, as autoridades marroquinas passaram a ajudar no controle da imigração, tornando ainda mais difícil a passagem para o mundo da fartura, do outro lado do Mediterrâneo. Assim, os imigrantes da África negra vão sendo barrados nessa porta entre os dois mundos.
O Marrocos não tem a miséria do Congo ou do Senegal, por exemplo, mas ainda é muito pobre se comparado ao ideal da Europa sonhado por eles. Mesmo o Marrocos é uma África bem diferente da que eles conhecem, caracterizado pela religião muçulmana, a língua árabe e a cor clara da pele.
Doze mil africanos negros que estão no Marrocos podem até ver o país se desenvolvendo, mas lá o desemprego é alto – e a resistência aos imigrantes também.
A moçambicana Matilde, vendo os negros da África perdidos nas ruas, resolveu reuni-los em torno da capoeira e do teatro. “Temos que fazer alguma coisa pelo nosso próprio pais, pela nossa própria dignidade”, diz
P.S.
Para garantir que será assistido o vídeo, eis o link:
http://jornalhoje.globo.com/JHoje/0,19125,VJS0-3076-20080724-326213,00.html
Beijinhos,
Mayra