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General: NÃO OS ESQUEÇAMOS - António Espadinha
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De: misabelantunes1  (Mensaje original) Enviado: 24/09/2008 02:52
N찾o os esque챌amos!
Foi recentemente publicado mais um livro sobre a Guerra Colonial. Muito bem documentado, e exibindo um acervo fotográfico que, além de vasto, é, em alguns casos, inédito, oferece-nos uma panorâmica do que foram treze anos de operações de contra-guerrilha nas três antigas colónias portuguesas de África – Guiné, Angola e Moçambique.
Foi com verdadeira emoção que, ao adquirir esse livro e folheá-lo, nele fomos encontrar a fotografia da sepultura, na Guiné-Bissau, de um militar do nosso concelho falecido em combate. Natural da freguesia de Odivelas, Paulo Maia pertencia ao corpo de fuzileiros especiais quando, em 25 de Outubro de 1964, tombou para sempre na Guiné. Filho de um casal humilde foi sepultado na terra onde combateu, por falta de meios que permitissem à família transferir os seus restos mortais para a aldeia da naturalidade.
A surpresa desta descoberta levou-nos a abordar algumas pessoas da sua terra com a inten챌찾o de colher mais detalhadas informa챌천es. E, quando falámos com os que o conheceram pessoalmente, a emo챌찾o tornou-se ainda maior. N찾o pudemos deixar de imaginar o que teria sido o curto percurso desse jovem que, como tantos da sua gera챌찾o, sacrificou a vida numa guerra que, desde logo, se adivinhava de difícil solu챌찾o militar. Foram os erros dos políticos de ent찾o, que, n찾o sabendo interpretar o curso da História, conduziram a uma situa챌찾o desastrosa para Portugal e para as popula챌천es que desenvolviam a sua actividade nos antigos territórios ultramarinos. Para além da perda de tantas vidas, de ambos os lados do conflito.
As palavras que aqui deixamos n찾o s찾o isentas da natural como챌찾o de quem participou também como militar no teatro de opera챌천es em Mo챌ambique. N찾o tivemos, felizmente, interven챌찾o directa em campanha porque a nossa unidade era constituída por um comando militar, localizado numa cidade. Desse tempo guardamos algumas gratas recorda챌천es, mas a morte passou-nos pelas m찾os em muitos documentos e relatórios. E, quando se tratava de companheiros das nossas unidades subordinadas, era ainda mais doloroso e difícil de aceitar.
Porém, as histórias da Guerra Colonial vão ficando cada vez mais distantes e, por isso, quase esquecidas dos nossos meios de comunicação social. Para além das notícias do chamado “stress” de guerra, que atinge muitos dos que nela participaram, pouco mais é transmitido às novas gerações. Mas seria importante que o sacrifício de muitos militares dessa época não fosse esquecido. Existem sem dúvida muitos episódios de guerra, de grande dimensão humana, que vão irremediavelmente perder-se. Infelizmente não temos uma indústria cinematográfica que os possa perpetuar, como seria desejável. Há, no entanto, algumas obras que irão constituir documentos extremamente valiosos para a história desses trágicos acontecimentos. Para além dos grandes volumes, de especialistas militares, com pormenorizadas descrições, podem encontrar-se nas livrarias algumas narrativas de episódios de guerra verdadeiramente notáveis e dignos de serem conhecidos dos portugueses. Será o caso dos livros dos capitães Salgueiro Maia e Vasco Lourenço. Mas até humildes soldados foram autores, quase anónimos, de obras que nos relatam as suas experiências pessoais, bem dramáticas por vezes.
Mas voltemos ao militar de Odivelas. Ao imaginá-lo sepultado nessas longínquas paragens de África, numa campa abandonada e esquecida, não podemos deixar de propor a todos os que forem sensíveis a este caso que nos ergamos e, unidos às nossas Autoridades Locais, e também nacionais, tudo façamos para conseguir trasladar para Odivelas os restos do que foi o fuzileiro especial Paulo Maia. É uma dívida que temos para com ele. Honremos a sua memória e, nele, a de todos os que tombaram em combate na Guerra Colonial. Não os esqueçamos!
António Espadinha


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