LUIZA TODY
1753—1833
Seu nome, Luiza Rosa
De Aguiar. Era fogosa
E conceituada artista.
Tody, era o apelido
Herdado de seu marido,
Ítalo e violinista.
Esta notável mulher
Setubalense, ao nascer
Já trazia a arte à tona.
Artista fenomenal;
No Teatro mundial,
Foi a maior Prima-dona.
Manavam-lhe sublimes, sons
Líricos de doces tons
Na sua voz de cristal.
Eram de encanto e magia;
Eram viva poesia
Nessa voz transcendental.
Eram murmúrios do mar,
Segredados ao luar,
Maviosas melopeias.
Eram gaivotas formosas
Voando em marés de rosas!
Eram lendárias sereias.
Eram o doce torpor
Envolvendo no amor
Os espíritos sensíveis.
Eram almas de poetas
Num jardim de violetas;
Eram sensações incríveis.
Se o tom da Ópera mudava,
A Diva se agigantava
Como as revoltas marés.
Punha na voz um maremoto,
Na alma, um terramoto,
Caía o mundo a seus pés.
Era terrífico esplendor,
Qual gigante Adamastor
Nas brumas do mar profundo.
Erguia monumental
O nome de Portugal
Nos quatro cantos do mundo.
Quando a Tody obtinha
Os aplausos da rainha
Maria Antonieta,
Os séquitos das artistas,
Maratistas e Todystas,
Praticavam luta aberta.
Tinha Londres e Paris,
Essa Grandiosa Actriz,
Rendidas ao seu encanto!
Madrid, Itália, Alemanha,
Aplaudiam a façanha
Da artista do Bel Canto.
Na sua alma fecunda,
Viu Catarina Segunda
Da Rússia, a delicadeza,
A plena sensibilidade,
Que estendeu sua amizade
À Lírica portuguesa.
Com menos de meia - idade,
Pra dar descanso à saudade
Regressa ao berço materno…
Mais uma vez actuou
Em Lisboa, que escutou
Aquele coração tão terno.
Depois!...Foi o esquecimento,
No arrastar do sofrimento
Do desastre que a cegou.
Quem tantos louros colhera,
E a Pátria enaltecera,
Na solidão se finou
Graziela Vieira
Ourém