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histria: PADRE ANTÓNIO VIEIRA POR GRAZIELA VIEIRA
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De: nhungue  (Mensaje original) Enviado: 21/11/2008 11:37
 

PADRE ANTÓNIO VIEIRA

(1608—1697)


Fluíam-lhe dos lábios as palavras,

Qual lira de mil cordas que empola

Os corações das gentes de então, ávaras

De ouvirem o discípulo de Loiola.


Palavras belas, opulentas, majestosas,

Ardentes do clarividente indúbito;

Espargidas sobre as almas ansiosas

Dos célebres Sermões vindos do Púlpito.


Presos da sua palavra colorida,

Andavam os plebeus e a nobreza:

Os sábios, os pontífices, e era tida

Como ouvinte a própria realeza.


Exortava os ateus à conversão,

O Jesuíta ilustre mas fogoso.

Denunciava a grande corrupção

Que grassava no Governo escandaloso.


Foi de D. João 1V, Embaixador

Em Roma, em Paris e Amesterdão:

Missões que desempenhou com o valor

Dum político de grande jurisdição.


Fundou várias Missões Jesuíticas

No Maranhão, onde era muito querido.

Depois, com as mudanças políticas,

Por novos revoltosos foi detido.

Logrou evadir-se para Lisboa,

A terra que o tinha visto nascer.

A fuga, não teria sido à toa:

Pois voltou ao Brasil com mais poder.


Nos seus Sermões impressos, há tal garra;

Há muito classicismo, muita crítica.

Há o crer nas profecias do (Bandarra)

A base d’acusação Jesuítica.


Para além dos Sermões encomendados,

Por toda a Europa difundidos,

Escreveu livros tão qualificados

E eruditos, que não serão esquecidos.


Foram uma avalanche, um vendaval;

Um deles, O Quinto Império do Mundo;

O outro, Esperanças de Portugal:

E outros mais, desse orador tão jucundo.


Tal fama o precedia em todo o lado,

Na esperança de ouvirem o comentício;

Que caiu invejoso, e algo irado,

Sobre a sua pessoa, o Santo Ofício.


O medíocre é o pai da prepotência

Sobre aqueles que têm mais valia.

Esconde a falta de competência

Por entre a denúncia e cobardia.


Tanto se encarniçaram os delatores,

Que por fim, deu entrada na prisão.

Doente, e sofrendo mil horrores

Nos cárceres da “Santa Inquisição”.

Algum tempo penou encarcerado

Este notável Padre; já com crises

De sangue, pela boca derramado,

Às quais os Doutos chamam hemoptises.


Valeu-se dum engenhoso artífice,

O homem duma vontade altaneira:

E se não fora o “Breve” do Pontífice,

Seria condenado à fogueira.


Assim, isento da jurisdição

Do Santo Ofício, que sem querer lhe deu

A liberdade sem qualquer caução,

Inda alguns anos no Brasil Viveu.




Graziela Vieira

Ourém 1997




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