Aqui estou inclausurada contando os dias que faltam para a Primavera.
Ando com os nervos á flor da pele, lá se foi mais uma unha, e um prato que ficou feito em fanicos... não era para o chão que ele ( o prato ) devia ir mas!...
Ontem então não sei que tinha, quando me cheguei á lareira pensei mil e uma coisas, agora até deixou de se ouvir o chefe da estação dando a partida do comboio que se ouvia nitidamente, que estranho... Me deu vontade de comer, fui buscar uns salgadinhos que tinha numa caixa, puxa, mal abri sairam ladinas dezenas de formigas que se acoitavam dentro das minhas ricas bolachinhas, gaita foi tudo para o lume, viraram esturro!
Depois lembrei-me de uns amendoíns com casca, quem sabe os descascando remoia a minha raiva, azar, sabiam a mofo... Não, tinha de encontrar algo para roer, fui á geleira e tirei um gelado (com este frio) mas que me soube mesmo bem, não resta duvida que eu fui feita de encomenda, mais teimosa que uma jumenta, chorona que nem uma menina mimada, e fácilmente me sobem os azeites ao nariz.
Hoje o dia até que esteve mais ao menos, mas para contrariar as sandálias não quiseram dar aos slides e acabei ficando em casa, amanhã se der vou curtar o cabelo e ficar um pouco mais bonita.
Não quero ficar uma mulher amarga, quero ser eu até ao fim, um pouco difícil sei, todos os dias se sofre uma decepção e isso é tão triste, era a última coisa que eu queria era ter de deixar de acreditar no ser humano... não é possível que se tenha "duas caras", que se diga sim sabendo que a resposta é não!
Hoje não acendi o lume, ainda não tive nenhum apetite estranho, e estou escrevendo mais uma crónica, mais um bocadinho de mim, desta mulher estranha que nem todos conhecem; uma mulher que ri, que chora e que muita vez cala a raiva que sente na impotência de nada poder fazer; uma mulher sempre pronta a dar a cara, e embora pareça impossível um coração já bem fraco por tantas desilusões!
Agora na falta dos amendoíns a saber a mofo, vou ler um pouco, desta vez a Roça, que ainda não sei se é bom ou mau, apenas sei que tem um cheirinho á minha terra natal.
São Percheiro