Porto, 02 Fev (Lusa) - Um trabalho realizado pela investigadora portuguesa Sílvia Vilarinho deu origem a estudos em amostras humanas de doentes infectados pelo vírus da Hepatite B, que podem culminar num novo medicamento contra esta doença que afecta 400 milhões de pessoas.
No quadro da tese de doutoramento, realizada no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto, a investigadora demonstrou que a Hepatite B pode ser prevenida pela administração endovenosa de um determinado anticorpo.
"Esta investigação, efectuada num modelo animal, esteve na origem de outros estudos, já iniciados, em amostras humanas de indivíduos infectados pelo vírus da Hepatite B", refere uma nota de imprensa do ICBAS, hoje enviada à Lusa.
Nesse sentido, o ICBAS admite que o trabalho desenvolvido pela investigadora portuguesa pode vir a originar um novo tipo de tratamento para a Hepatite B, que afecta cerca de 400 milhões de pessoas em todo o mundo.
Esta questão assume especial importância atendendo a que, apesar de existir uma vacina eficaz há mais de 20 anos, todos os anos registam-se mais de um milhão de mortes em todo o mundo associadas a complicações resultantes desta infecção crónica.
A novidade da investigação realizada por Sílvia Vilarinho resulta da identificação de um mecanismo pelo qual determinadas células conseguem provocar a morte daquelas que estão infectadas.
Desta forma, abre-se a possibilidade de uma nova estratégia terapêutica para os doentes infectados pela Hepatite B.
"Apesar do vírus da hepatite B não ser maléfico para a célula infectada, a resposta imunitária do organismo contra essa infecção conduz ao mau funcionamento do fígado. A descoberta de Sílvia Vilarinho permitiu tratar ratinhos infectados com a administração endovenosa de um anticorpo que previne a lesão hepática", salienta o comunicado do ICBAS.
Segundo destaca, a prevenção da lesão hepática e, consequentemente, do mau funcionamento do fígado deve-se ao facto das células do sistema imunitário residentes neste órgão serem capazes de reconhecer as células infectadas.
Na sequência destes estudos em animais, já tiveram início as investigações em amostras humanas, além de ter sido registada a patente do anticorpo utilizado.
Sílvia Vilarinho, licenciada em Medicina pela Universidade do Porto, completou a tese de doutoramento no ICBAS e encontra-se actualmente a trabalhar na Universidade da Califórnia S. Francisco, nos EUA, considera a segunda mais importante norte-americana na área das ciências biomédicas, apenas ultrapassada pela de Harvard.
FR.
Lusa/fim