Wazimbo, figura incontornável da música moçambicana, está de pedra e cal na arte de cantar e anuncia para o Natal um novo disco do agrupamento RM e a reedição brevemente do histórico álbum Makweru.
O autor de “Nwahulwana” está feliz da vida e revela-nos, de entre outros aspectos, que este tema popular faz parte dos spots da multinacional norte-americana Microsfot, está a rodar em vários canais do mundo e faz parte da trilha sonora de um filme de Sean Pean. Noutro desenvolvimento, o músico exige que sejam feitas eleições na Sociedade Moçambicana de Autores (SOMAS).
“Nwahulwana”, um dos seus temas mais badalados é, sem margem de dúvidas, um best seller. Qual foi a inspiração para esta canção?
Foi algo que partiu de um nome fictício de mulher, que eu louvo pelos seus feitos e encorajo a batalhar pela vida. Não é que esta “Nwahulwana” exista de facto. não é uma pessoa concreta, mas sim uma criação que vem da minha inspiração. Não é que exista uma rapariga com o nome Maria Nwahulwana, é uma homenagem a todas as mulheres. mas devo dizer que faz parte da minha inspiração, tal como os outros autores se inspiram.
A autoria desta composição levantou muita polémica, com o músico José Mucavel a reivindicar que é dele. O que pode nos dizer sobre isso?
Vinte anos depois, surge um artista que reivindica a autoria deste tema. Só o facto de ele vir agora dizer isso, cheira a esturro! Nós falámos. Ele foi aos órgãos de informação e eu respondi o que era verdade. A canção é minha. Registei-a e ponto final. O que posso dizer é que ele está a agir de má-fé.
Poucas são as vezes que um artista se junta à Microsoft. Como surgiu a possibilidade de “Nwahulwana” ser escolhida para figurar como trilha sonora de um spot da mega-empresa de informática Microsoft?
Eu estou registado na Sociedade Alemã de Autores, sediada em Berlim. Eles agenciam a Orquestra Marrabenta Star de Moçambique, de que faço parte, e gravei com o grupo as minhas músicas. Ganho os meus direitos (royalities) pelo uso das minhas músicas. Eles informam quando é que a música foi usada e como é que está a ser adaptada para qualquer fim. A editora Piranha, sediada em Berlim, é que cuida do meu trabalho. A música foi ouvida pela Microsoft. Gostaram e sugeriram a sua inclusão num spot da empresa.
Quanto ganha pelos direitos na Microsoft?
(risos...) Não existe um budget claramente definido. Depende do uso. O que lhe posso dizer é que de seis em seis meses eles dão um informe sobre o que está a acontecer com as obras da minha autoria.
A canção “Nwahulwana” fez também parte da trilha sonora do filme americano “The Pledge”, de 2001, dirigido por Sean Penn. Como é que se abriu essa porta?
A editora que cuida dos meus trabalhos discográficos em todo o mundo recebeu um convite dos realizadores do filme, em 2001. Gostaram da melodia e decidiram incluí-la na banda sonora do mesmo.
TRABALHO COM O GRUPO RM
O seu colega José Guimarães disse, em entrevista ao nosso jornal, que saiu do Grupo RM por alegadas desinteligências com a direcção da RM após o concerto de Eric Clapton. O que significou a saída deste membro da vossa banda?
Nunca há uma saída voluntária de um grupo. Houve um pequeno conflito. Acredito que a saída do Zé abalou o grupo e veio a criar um certo défice. Hoje, lametamos e sentimos a falta dele. Veja que recriámos o grupo e somos poucos.
O que está a ser feito pelo Grupo RM?
A nossa missão de há um tempo a esta parte tem sido ensaiar e apresentar espectáculos. Recuando no tempo, permita-me dizer que foram anos de muito trabalho. éramos a única banda representativa e tinha o apoio incondicional da Rádio Moçambique. Existia este e outro grupo, mas o nosso era uma referência em Moçambique. Agora, estamos em estúdio a gravar um disco de 10 temas, quase todos novos. Écerto que iremos incluir algumas músicas antigas, mas a maior parte é inédita. Este disco vai sair no Natal. Quanto a mim, vou reeditar o álbum “Makweru” para satisfazer o mercado. Lembro-me que vendi 3 mil exemplares e isso é pouco, pois apenas chega para dar vazão à cidade de Maputo.