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notcias: Maputo, a cidade das acácias
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De: isaantunes  (Mensaje original) Enviado: 02/08/2009 20:28

Maputo, a cidade das acácias

El Dorado para jovens portugueses

 

Foram para a capital moçambicana por amor. Ou em nome de um desafio profissional. Ou ainda à procura da família desconhecida. Histórias de vida de quem trocou a pátria pela terra de chão vermelho. só com visto de ida.

Se há vidas que merecem ter história contada, pelo recheio de estórias de acasos felizes, a de Marta Roff é uma delas. O destino roubou-a a Portugal, onde nasceu há 33 anos, em Lisboa, e levou-a para Moçambique. Aí, na véspera de regressar à morada de família, a casa do famoso médico Manuel Pinto Coelho, a vida trocou-lhe as voltas e deu-lhe mais do que esperaria então: um grande amor. E o início de uma nova família.

'Foi paixão à primeira vista', ri-se, ao lembrar o primeiro embate com Clint Roff, instrutor de mergulho sul-africano, que além do apelido por casamento ainda lhe deu três filhos, lindos de morrer.

Em 2000, findo o curso de Design de Moda e uma temporada na clínica do pai (de recuperação de toxicodependência), em Sintra, 'a dar apoio psicológico aos doentes em recuperação', Marta precisava de se reencontrar. Num 'impulso', e inspirada ainda pela história do amigo Pedro Krupenski, da Amnistia Internacional (então recém-chegado de Moçambique), Marta rumou até ao Bilene, praia a 180 quilómetros de Maputo. E aí tudo mudou: 'Vim como voluntária para ajudar numa escola. Dei aulas de Biologia, Inglês e Português nos Maristas do Bilene, escola subsidiada pelo colégio de Carcavelos, a moçambicanos de 12, 13 anos.'

Esteve no Bilene mais de um ano e fez de tudo, 'até partos no posto de saúde', onde se voluntariou nos tempos livres depois das aulas. 'Metade das meninas que nasciam eram Martas', conta. 'Foi uma experiência inesquecível: viver no meio da enorme pobreza mas extremo enriquecimento interior. Estava no auge da minha auto-estima', admite a portuguesa.

Clint, 38 anos, deve ter sentido a aura e apaixonou-se por ela. Já fala e percebe bem o português, ele que veio de Joanesburgo para aquela praia moçambicana que também lhe mudou o futuro. Foi a uma festa de uns amigos, tal como Marta, e puf... 'Demos uns beijinhos nessa noite e eu fui-me embora no dia a seguir', concretiza Marta. Seguiram-se telefonemas diários e a espera de uma visita de Clint. 'Quando ele disse que não podia ir ter comigo a Lisboa (por dificuldades na obtenção de visto), pedi eu novo visto e no dia seguinte meti-me num avião para Maputo.' Mataram as saudades em 20 dias e Clint logo voou até Portugal. Casaram em 2002 e voltaram ao Bilene. Um ano e meio depois, destino: Maputo, 'uma cidade linda ', garante a portuguesa, rendida à terra onde as acácias explodem em flores vermelho-vivo pelas avenidas, durante o Verão (o Inverno português), e a baía se espraia imponente até ao Índico.

António Lobo tem uma visão mais masculina da cidade. Não lhe escapam as bonitas moçambicanas e conhece a noite da capital de olhos fechados. Veio para Maputo no âmbito do programa Inov Contacto, promovido pelo AICEP (do Ministério de Economia português), que orienta jovens licenciados para estágios em empresas no exterior. 'E agora vou ficar', anuncia o jovem de Chaves, 30 anos, que, depois do estágio na SEG (Serviços de Economia e Gestão, do grupo IPG, accionista do banco Millennium BCP), passa a consultor na famosa PricewaterhouseCoopers, já em Setembro.

Chegou a Maputo no fim de 2008, arranjou casa por 400 dólares (281 euros) com amigos no bairro do Polana, conhecido por Polana Cimento – 'a zona mais nobre e internacional da cidade, por oposição à miséria do Polana Caniço' – e já tem roteiro para todos os dias – e noites – da semana. Depois do trabalho, vagueia com os amigos portugueses entre as melhores pastelarias (Nautilus), restaurantes – Costa do Sol, Zambi, Piri Piri –, bares – Gil Vicente, CFM (Caminhos de Ferro de Maputo), Rua d’Arte ('uma rua fechada com cortinas com dois bares, um mini--Bairro Alto') –, e discotecas – Coconuts, Havana. Os 1700 euros do estágio 'chegam e sobram' para a diversão.

'É um mercado espectacular para homens', diz, entre risos e Laurentinas (imperiais) que bebe com os amigos, Hugo e Pedro, à mesa do Piri Piri, uma cervejaria onde se juntam portugueses, na 24 de Julho, avenida de cinco quilómetros onde um ‘amontoado’ de moçambicanos vende de tudo – desde tubos de escapes, a canivetes, capulanas (tecidos típicos) e artesanato. 'E até me imagino a apaixonar por uma moçambicana?!', brinca o jovem, interrompido pelo colega, Pedro. 'E aquela vez em que nos pediram ‘refresco’?...'

A palavra mágica sai-lhe da boca e é código de risota entre os amigos mas de constrangimento para as autoridades moçambicanas. Todos sabem dos ‘refrescos’, todos já ouviram falar, todos garantem já ter sido vítimas de extorsão por parte da polícia. Apesar da intensa campanha anticorrupção, veiculada pela TVM (Televisão estatal de Moçambique)...

'Uma vez, saí à noite e não tinha passaporte, fui interpelado por um polícia', começa Pedro, que conduz um jipe de 1992 (comprado por cinco mil dólares), mas, tal como os amigos, prefere andar de táxi, 'porque é seguro e barato'. E para evitar problemas com os copos... 'Como é que vamos resolver isto?', perguntou ele ao agente fardado. Resposta pronta: 'Tem de pagar refresco!' E com a entrega de 100 meticais (cerca de três euros) apenas, Pedro seguiu caminho com mais uma estória para contar.

Quem os policiais nunca apanharam nesta teia foi Victor Caeiro, nascido há 47 anos em Évora, desde há dois na capital moçambicana. Ex-quadro da Polícia de Segurança Pública (PSP) portuguesa, agora com uma licença sem vencimento, apaixonou-se por uma jovem de Maputo num intervalo de uma das formações que, em 2006 e 2007, vinha dar à Polícia de Investigação Criminal moçambicana (pertencente à PRM – Polícia da República de Moçambique).

'Eu trabalhava num escritório ao pé do hotel onde o Victor estava instalado e fomos trocando olhares. Um belo dia, ele veio dizer-me que queria a minha opinião para comprar um relógio. No dia seguinte, mandou um rapaz entregar-me um relógio e começámos a falar.' Quem conta a história é Marília, de 25 anos, moçambicana, linda de palavra solta, enquanto ampara os primeiros passos do filho de ambos, indecisos pelo chão de tijoleira da empresa do pai, também moradia de família. Há menos de um ano, Victor Caeiro abriu as portas da Across Mozambique e, nos tempos (poucos) livres, ainda é consultor da Omega, uma empresa de segurança privada. 'Sou workaholic', admite quem, três vezes por semana, se levanta às quatro da manhã para olear os serviços da Across: aluguer de viaturas, transporte de mercadorias, destinos turísticos...

Anda de jeep topo de gama, ao qual acabam de roubar o retrovisor lateral – 'é preciso gravar as matrículas nos espelhos para não os levarem', explica –, mais pelo conforto e segurança do que só pelo poder de compra, usual entre estrangeiros por estas terras, que se passeiam em Hummer, Porsches Cayenne, entre outros modelos de fazer inveja: 'As estradas são terríveis, esburacadas.' Além do mais, o acesso a bens de luxo já não é exclusivo de portugueses ou altos quadros expatriados: 'Há uma classe média-alta moçambicana emergente', identifica o ex-polícia.

Ainda assim, são raros os portugueses aqui – 13 mil em Maputo, segundo o Consulado – que não têm ‘mordomias’ denunciadoras de um elevado padrão de vida. Além de ordenados confortáveis, 'mais do que receberíamos em Portugal', como confirma António, todos têm empregadas e baby-sitters a tempo inteiro, preciosas ajudas para que, por unanimidade, se reconheça em Maputo um denominador comum: a qualidade de vida. A possibilidade de, depois de iniciarem o dia às 08h00, já com o sol alto, voltarem do trabalho pelas cinco da tarde para um lanche com os amigos, um gelado com os filhos ou um cocktail com colegas, numa das avenidas movimentadas (mas não caóticas ou barulhentas) da cidade é um luxo que todos estes jovens sabem que dificilmente teriam em solo luso.

E este é um cenário de que Marta usufrui, naturalmente. Hoje, depois do choque que provocou na família, que esperaria dela um trajecto mais ‘tradicional’ – 'arranjar um trabalho, um namorado, casar e ter uma família em Lisboa' –, Marta é a imagem da felicidade. Como todos os portugueses em Maputo, convive com os amigos da mesma nacionalidade – advogados, consultores, administradores bancários, designers –, a sua 'segunda família', viaja aos fins-de-semana para as praias do Bilene e da Ponta do Sol, onde o marido continua a fazer mergulho, e sente-se da terra. Tem três filhos – a Mariana (6 anos), o Thomas (3) e a Matilde (2) – e uma actividade profissional que a realiza e lhe deixa tempo livre: é directora de um guest house (Mozaica) e montou um negócio pioneiro no país – de gestão de expatriados (ajuda na integração de quadros enviados para Maputo pelas empresas internacionais).

Quanto ao futuro: 'Para já, imagino-me a ficar aqui. Passo tempo de qualidade e não de quantidade com os meus filhos', enaltece Marta. 'Adoro Maputo! Sinto-me em casa, apesar da falta dos meus pais e irmãos. O meu coração está em Lisboa...'

"JÁ TEMOS SIDO PROCURADOS POR HOLLYWOOD": Entrevista a Aires Ali, Minstro da Educação e da Cultura

Como são as relações com o Ministério da Cultura português?

Estamos a ver acções concretas no terreno, sobretudo de formação de quadros na área do restauro.

Em Moçambique?

É preferível, para podermos formar mais quadros nessa área, para nós fundamental.

Quais seriam os edifícios a restaurar primeiro?

Temos muitas obras a fazer no país: a ilha de Moçambique, as zonas históricas das capitais provinciais... A componente cultural e os estilos arquitectónicos vão desaparecendo. Falta-nos sobretudo conhecimento para uma eficaz manutenção. O restauro vai desde túmulos da 2ª Guerra Mundial a edifícios públicos e cinemas e teatros mais recentes.

Falando em cinema, este é um país com potencial para atrair produção externa, até de Hollywood?

Sim. E até produção nacional: rodou-se aqui, há pouco, o filme a partir do livro do Mia Couto [‘O Último Voo do Flamingo’, realizado por João Ribeiro]. Quanto a Hollywood, temos condições paisagísticas, culturais e sociais excelentes e é por isso que já temos sido procurados [Ex.: ‘Diamante de Sangue’, com Leonardo DiCaprio, foi parcialmente rodado em Maputo].

Como está a produção de artistas moçambicanos?

Apesar de poucos recursos e dificuldades, há cada vez mais talentos, em especial jovens que se afirmam na música. Tenho muito orgulho em ser ministro da pasta da Cultura. Nós dançamos, cantamos e a música está sempre muito presente.

SONHOS DESFEITOS EM ASSALTO

Há dez anos a viver em Gondola, Moçambique, Guilherme Monsanto sucumbiu à ganância de ladrões. Há duas semanas, foi encontrado morto, em casa, estrangulado com um cordão. As circunstâncias do crime que vitimou o português, de 64 anos, natural de Almeirim, ainda estão por apurar, mas tudo indica tratar-se de um assalto à sua residência, onde o empresário (do ramo de bebidas) tinha uma mala com 10 mil dólares, trocados dias antes para pagar mercadoria. O dinheiro foi o único bem de valor roubado. Para além da vida e dos sonhos de Guilherme...

NOVA FAMÍLIA

Menina lisboeta da Alameda e neta do primeiro deputado negro do governo de Salazar, o comendador Burity da Silva, Magda veio para Maputo em 2003 conhecer o pai moçambicano (que não via desde os seis anos). À chegada, tinha "uma segunda família, toda sorridente." Ficou seis meses. Nem um ano depois voltava. Para ficar. Tem agora "o coração dividido entre Maputo e Lisboa", ainda chora com as marchas alfacinhas e ganha sotaque moçambicano para falar com os maputenses. "Para que me percebam", explica. Se recorrer ao sotaque lisboeta de sempre: "Pensam que me estou a armar e que sou uma negra com estudos em Portugal."

HOTEL POLANA EM OBRAS

Ainda que boa parte do património esteja degradada, Maputo tem exemplos ímpares da arquitectura portuguesa do século passado. Com um estilo colonialista e inaugurado em 1922, o luxuoso Hotel Polana, ex-líbris com vista para a Baía, está agora escondido por lonas e andaimes (e nas mãos do gigante grupo Aga Khan, desde 2002). Mais umas obras de recuperação, entre outras de raiz que fazem despontar novos edifícios pela cidade.

A REVOLTA DOS 'CHAPAS'

A revolta popular em Fevereiro de 2008, contra o aumento da tarifa dos ‘chapas’ – transportes públicos (carrinhas em más condições, geralmente Hyace, e a abarrotar) –, foi um momento de tensão e insegurança na cidade. Os manifestantes bloquearam estradas, incendiaram carros... O protesto contra o aumento de cinco meticais (treze cêntimos) para sete e meio é bem revelador do nível de pobreza da população.

RUAS CHEIAS DE ACÁCIAS

Cidade de contrastes entre bairros nobres como o Polana Cimento e Sommerchield, onde vivem os ricos, e a periferia, onde cerca de um milhão de moçambicanos se amontoa em autênticas favelas com lixeiras e esgotos a céu aberto, Maputo consegue diluir a decadência de edifícios degradados e ruas esburacadas no vermelho-vivo da flor que rebenta das incontáveis acácias que povoam a capital no Verão tropical (o Inverno da Europa).

A ESCOLA PORTUGUESA

Ao nível da educação Pré-escolar, Básica e Secundária, a Escola Portuguesa, com mais de mil alunos de 22 nacionalidades, é das melhores. "Não conheço muitas escolas em Portugal com estas instalações", elogia o embaixador de Portugal em Moçambique, Godinho de Matos. Kevin Cruz, português actualmente a viver em África do Sul, confirma: "Ao nível tecnológico tem tudo. Andei lá oito anos e adorei", diz o jovem, de 17 anos.

Sofia Canelas de Castro


 

 

http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?contentid=69AE89A3-EFB4-4940-9323-98384CBDADE1&channelid=00000019-0000-0000-0000-000000000019

02 Agosto 2009 - 00h00



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