De: S.S. Potêncio
Aos Amigos do Café Zambeze e arredores!...
Já se passaram bastantes Luas desde o meu utlimo poste que botei aqui neste portal e por isso, eu hoje resolvi vos transcrever aqui mais uma das minhas letras de Fados, que eu costumo inserir como "poesias soltas"... talvez um dia eu as venha a publicar mas, por enquanto só faço internetizar!
Ah...sim!... se algum espectador tiver dificuldades de interpretação, é só me mandarem os vossos emails com as palmas porque, é melhor bater palmas do que bater no Cantor Com Caravelas Portuguesas!!!...
ghrrrrrhuuuum!.... aahhhgggrhuuuummmm!... som!!!...spermentrando!.... gghhhrrruuuummmm... som!...
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O Fado do CCCP (por: Silvêncio Retornado)
Quando eu era rapazote,
Eu emigrei lá do Norte...
P’ra esta “Lisbia” tão Garrida!!!
- E logo que aqui “xiguei” por ela me apaixonei...
P’ró resto da minha vida.
Sou emigrante...do Portugal tão distante,
Pequeno berço do “pobo”...
E então ao emigrar, na estranja eu fui parar!!!
- E logo que lá “xiguei” retornado me formei...
P’ra nunca mais lá voltar.
Às vezes numa pessoa,
Quando ela chega a Lisboa...
E entra p’ra emigração!!!
- Perde logo a esp’rança, e para encher a pança,
Faz do Fado uma Canção.
Certo dia na estação,
Comecei eu esta lição...
De amor a Portugal!!!
- Ali em Santa Apolônia, disse a Deus vou p’ra colônia,
P’ra crescer e ser normal.
(estribilho)
Sou emigrante...do Portugal tão distante,
Pequeno berço do “pobo”...
E então ao emigrar, na estranja eu fui parar!!!
Desde cedo... muito “nobo”.
- E logo que lá “xiguei” retornado me formei...
P’ra nunca mais lá voltar.
Todos moram numa terra,
Seja em paz ou seja em guerra...
Que chamam de “santa terrinha”...
- Eu moro na emigração, que me deu esta nação,
Tanto é tua como é minha.
(estribilho)
Sou emigrante...do Portugal tão distante,
Pequeno berço do “pobo”...
E então ao emigrar, na estranja eu fui parar!!!
Desde cedo... muito “nobo”,
“RETORNADO” eu voltei... a este Portugal de “nobo”!...
(in: ”Poesias soltas” de Silvino Potêncio)
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- Entrevista ao fadista “retornado” Silvêncio, pela “Ardina” (*)... a Ti Maria da Saudade do Bairro Alto e Madragoa;
Ardina: - voismecê canta a dor da saudade de forma totalmente diferente, e até nos traz uma certa ansiedade em voltar às coisas do passado, porquê... hein, hein???
SR: antes de mais nada, eu quero agradecer pela sua deferência em me vir a entrevistar aqui em pessoa, cá no meu camarim de escritor de fados portugueses, que – como imagino que o sabe – é a única canção totalmente luz & tana de nascença. Há muitos séculos que se sabe que a saudade é um sentimento só dos Portugueses... os outros seres humanos nunca sentem saudades!... só os Portugueses, porque a palavra “saudade” só existe na língua Portuguesa, e isso nós temos em demasia, por isso temos que nos orgulhar muito disso...
Ardina: - voismecê quer dizer que os Portugueses na emigração, são mais saudosos do que os Portugueses que nunca foram para a emigração!?...
SR: - antes de mais nada, eu gostaria de lhe afirmar que os emigrantes Portugueses não gostam de ser ”saudosos” porque esse é um estatuto que se dá a quem já morreu de saudades!!!,... e nós os emigrantes ainda vivos, felizmente antes de morrer, somos todos “retornados” porque, ao voltar à “santa terrinha”... depois de tantos anos fora, a grande maioria nem sequer as mata, morre com elas!... e eu até recentemente lhe dei um título genérico que é um verso meu... de “fique são”, antes de morrer saudável em Portugal...
Ardina: - muito bem!...e voismecê agora me diga cá, como é que consegue escrever estas letras de fado modernas, feitas com um sentimento tão antigo?... é que, pelo seu cu riculum, nós sabemos que “voismecê” foi da MP (Malta Portuguesa) que viveu a juventude no tempo do Estado Novo...
SR: - antes de mais nada, volto a dizer-lhe que como emigrante retornado eu não sou de cá... só vim cá ao Cu liseu fazer esta apresentação e depois volto p’ra emigração... olhe!... até rima, carago!... E, sobre o meu Cu riculum, olhe me desculpe a ousadia mas pode ter certeza de que nunca ninguém o leu por completo, logo eu acho que a sua pergunta é um tanto ou quanto “fá ke siosa” e por isso eu peço-lhe que restrinja a sua entrevista apenas a esta parte do corpo que temos na cara... olho no olho, é uma verdadeira “entre a vista” e não no olho do Cu riculum do “entre a vistado” que neste caso sou eu mesmo em Pessoa!...
Ardina: - sim...sim... está bem... mas, “voismecê” me desculpe,... mas é que eu estou aqui tão empolgada com a sua história de vida emigrante, que até já me entusiasmei e gostaria de o convidar para uma outra “entre a vista” mas não aqui no camarim do Cu liseu... e sim lá no estúdio do Lu Miar...
O que é que o “voismecê” me diz?...
SR: - antes de mais nada,...
Ardina:... peraíiiiii óoooo páaaa!!!!... toda a vez que “voismecê” responde a qualquer pergunta, começa sempre com essa lenga-lenga do “antes de mais nada”?....não sabe dizer mais nada além de cantar o fado emigrante?
SR: - antes de mais nada, eu lhe digo que muito antes de ser fadista e ser emigrante, é preciso ser humorista, optimista e... acima de tudo, estar preparado para nada pedir à vida!, e sim roubar dela tudo o que pudermos enquanto estivermos cá!
- interrompemos aqui a entrevista para escrever uma crônica de apoio ao Candidato Conselheiro de Caravelas Portuguesas
(*) “ARDINA” é a profissão de vendedor de jornais, revistas, e publicações gráficas, que no tempo do inicio da vida emigrante do autor o ajudou a suportar a dor de estar em terra alheia, sem ninguém conhecido!...
Recebam um grande e fraterno abraço!
Portugal é Eterno!... e nunca se diga Adeus para sempre!
Silvino Potêncio, Emigrante Transmontano!
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