“...Nóis fumo ó mercado da Rócas ...”
Nóis fumo ó mercado da Rócas,
P'ra fazê um troca-troca, da nossa literatura...
Ali xiguêmo, à pois intão!?...
E foi com muita emoção, que fizêmo a transação!
Purquê nois tem lá muita cultura..
- Pendurada no cordel, tinha versos em papel...
P'ra fazê um troca-troca, da nossa literatura...
Tinha poema rimado, tinha livro já usado, e disco de pedra e vinil.
Tinha muita poesia, de gente que nós nem sabia
Que um dia lá existia!...
Era um tár de Luis d’ Camões, e outro de Luis Carlos Guimarães...
E outro Da Cunha Lima, que das leis ele tá por cima!...
Até do Camara Cascudo, lá tinha de um todo,... um tudo!
Foi uma beleza pura!...
- fazê lá um troca-troca, da nossa literatura...
- Nóis fumo ó mercado da Rócas,
Et fizêmo lá um troca-troca, da nossa literatura...
De repente, por entre a gente...
Do mercado da Ribeira, xigou uma turma inteira,
Com mãos e braços repletos, de panfletos com sonetos...
Do tar Machado de Assis,... que escreveu pelos Brasis,
E até lá du Santos Reis, também vimo aparecê...
Um porreta estrangeiro, que por ser um português,
Ali virou nosso freguês!
À pois... Nóis fumo ó mercado da Rócas,
P'ra fazê um troca-troca, sem gastá nem um tostão...
Purquê isso nois não tinha não, só um trocado na mão!,...
Da venda do outro dia, quando fumo em romaria...
Ao bairro da Cidad'Alta, onde Sebo lá não falta,
P'ra fazê a transação...
- Intremo na Conceição, ali por trás da Igreja.
Assim nóis lá discubrimo, que tem livro que é um mimo...
Tem até lá obra primo, do prémio da literatura...
Fiquemo até cum inveja!
De tanta literatura, de cordel e do pincel,
Pois lá tem também pintura...
P'ra fazê um troca-troca, c’ua nossa literatura.
Muita coisa nóis ali vimo, é bestial, é massa!... é sensacional,
Poder viver em Natal...
- à despois que nóis viêmo de Portugal.
Autor: Silvino Potêncio – NATAL – 1990/2000
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