A MANHàera frenética e o ambiente desusado no Café Pérola. Um cardápio perfeito: diálogo literário acompanhado de café. Cafés e prensadas. À volta livros e braços abrem-se e soltam-se. O movimento mistura-se com pedidos de autógrafos a Ungulani. Autógrafos para obra Choriro, que a crítica considera a melhor de 2009. No jardim do local pedidos não param. Não pára também a compra de Choriro.
Amigos e amantes da literatura chegam e saem e pedem-se mais livros e mais cafés. Não param. Um livro, um autógrafo, um café, um suco, uma prensada, um sumo. Outra vez, um livro, um autógrafo. Amigo e confrade de Ungulani, Tomás Viera Mário conversa com ele e tira o seu Choriro, que é rapidamente autografado.
Ungulani está satisfeito. Solta um sorriso. Jubila. Levanta-se. Dá abraços. Senta-se. Sorri. Na pequena, mas grande mesinha, um Choriro autografado e um outro à espera também de uma assinatura. Ao lado a caixa com mais livros. Outra vez, um livro, um autógrafo. “Este é para mim e o outro para o meu amigo”, ouve-se. “Ungulani, como estás, meu caro”, diz alguém que passa e não pára. Acenam outros ali presentes somente pelo café, e outros ainda pelo café, pelo Choriro e pelo Ungulani.
“Eu comprei o livro porque gosto da escrita de Ungulani. É um bom escritor. Depois de ter lido Ualalpi e Orgia dos Loucos decidi não perder mais nenhuma obra sua. E é uma honra para mim, e, certamente, para qualquer outra pessoa, ter um livro comprado e autografado por ele”, estas são palavras de Lucílio Zunguze, exibindo-nos uma obra acabada de ser assinada por Ungulani.
A esposa, Salomé, chega ao local e vem com a amiga Catija. Mais livros compram-se e mais autógrafos dão-se.
O tempo passa, a sessão de autógrafos continua. Já são quase dez horas da manhã. Há que interromper, na certeza de que esta é uma acção a continuar pelos bons resultados conseguidos, não obstante ser a primeira iniciativa de género. Que continuou a tarde.
“Nada melhor que vender perto de cem livros numa manhã. Estamos satisfeitos com os resultados”, confessa Sérgio Hitie, Director Comercial da Alcance Editores.
Quando pedimo-lo para falar connosco, Ungulani era uma pessoa visielmente satisfeita com a iniciativa e os seus resultados: “Isto é um atrevimento muito bom da minha editora. Foi muito bom. De princípio quando me colocaram a questão dos autógrafos fiquei apreensivo por a ser a primeira vez. É natural. Mas, as pessoas estão a aparecer e acho que está muito bom”.
A ideia é para continuar e replicar, assim entende o autor de Ualalapi e Choriro.
“E acho que a agressividade da editora também tem estado a ajudar nesta acção. No final, quem sai a ganhar é o escritor, são os livros, a editora e os leitores, pois eles, neste ambiente informal, aproveitam saber mais sobre nós”, diz-nos, entre sorrisos, Ungulani.
E quanto ao impacto de Choriro, ele revela: “Com Choriro não esperava isto, devo confessar. E não tenho razões para explicar este impacto. O livro está a ter boa recepção e, com esta aceitação, acho que ele tem pernas para andar sozinho. Não precisa mais de mim. Posso largá-lo, pensar e andar noutras coisas”.
Victor Santana, gerente do Café Pérola, diz-nos também que está satisfeito com o ambiente criado. São cafés, livros, conversas e autógrafos.
“Acho a ideia excelente e vamos continuar a apostar forte nisso. E o que começou numa conversa está a ser uma experiência extraordinária, por isso estamos aqui com a Alcance Editores porque temos interesse em participar na promoção da cultura”, diz Santana.
Afinal, mais não se pretende senão servir um café cheio de cultura.
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