Maputo (Canalmoz) – A companhia multinacional de mineração, Vale, que em Moçambique está virada para a exploração de carvão de Moatize, na província de Tete, está a ser atacada por dezenas de organizações sociais e movimentos sindicais de todos os continentes do mundo. As políticas de “destruição do ambiente, exploração de trabalhadores e das comunidades” usadas pela Vale nos países onde desenvolve seus projectos de mineração, estiveram na origem de um encontro que reuniu, no Brasil, mais de 160 pessoas representantes, 80 organizações de 12 países da África, América, Ásia e Europa, para dizerem “não” à Vale. De Moçambique estiveram no encontro 5 organizações. Uma declaração conjunta elaborada pelos presentes no encontro que decorreu entre 12 e 15 de Abril de 2010, no Rio de Janeiro, refere que a “exploração de trabalhadores precarização das condições de trabalho, destruição da natureza e o desrespeito às comunidades tradicionais, periféricas, urbanas e sindicalistas” é o que caracteriza a actuação da Vale nos países onde desenvolve os seus projectos. O documento denomina-se “Carta Internacional dos Atingidos pela Vale”. Foi elaborado por 80 organizações sociais e sindicais da Alemanha, Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Equador, França, Itália, Moçambique, Nova Caledónia, Peru, Taiwan. De Moçambique participaram no encontro, contra as políticas da Vale, a Associação Comunitária de Apoio e Assistência Jurídica de Moçambique; o Centro de Integridade Pública; a Liga de Justiça Ambiental de Moçambique; o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Indústria de Construção Civil, Madeira e Minas de Moçambique e a União Nacional de Camponeses de Moçambique.
Os projectos da Vale em Moçambique
A Vale entra em Moçambique via Brasil, através da companhia mãe “Vale do Rio Doce”. Em 2009, a companhia iniciou, oficialmente, a construção do projecto de exploração do carvão mineral de Moatize, na província de Tete, que está orçado em cerca de 1,3 bilião de dólares norte-americanos e terá, conforme anunciado, capacidade de produção de 11 milhões de toneladas de produtos de carvão, metalúrgico e térmico, por ano. A exportação do carvão está prevista para arrancar em Dezembro do presente 2010. O presidente da Vale Moçambique, o magnata brasileiro Roger Agnelli, esteve em Moçambique por duas vezes em 2010 para tratar dos assuntos da sua companhia. O chefe do Estado moçambicano, Armando Guebuza, foi quem lançou a primeira pedra do arranque do projecto da Vale. Na carta dos “atingidos pela Vale” escreve-se que é política desta empresa “utilizar em suas propagandas a imagem de pessoas ilustres e artistas famosos” para lograr sucesso nos seus objectivos financeiros. (Borges Nhamirre)
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