O alerta foi feito através de um relatório apresentado no final da 26.ª Conferência Regional daquele organismo que terminou ontem na capital angolana.
O texto sublinha que os governos africanos devem dar prioridade à adopção e aplicação de medidas viradas para o desenvolvimento sustentável na ordenação de recursos naturais e na agricultura com vista a garantir a segurança alimentar das suas populações.
Os países mais pobres de África vão ser, de forma desproporcional, os mais afectados pelas mudanças climáticas, refere o documento. “As pessoas mais pobres desses países vão sofrer as maiores consequências e entre eles encontra-se o produtor que pratica a agricultura de subsistência”, sublinha o relatório.
O documento apresenta ainda “a actividade económica rural nesses países” como outra justificação para que os mais pobres sejam os mais afectados. Por exemplo, as populações pobres africanas são na maioria dependentes da agricultura, pesca e silvicultura, sectores mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas.
O director-geral da FAO, Jacques Diouf, lembrou, na sua intervenção, que a regulamentação da água “constitui o factor determinante para a segurança da produção alimentar e a melhoria rápida da produtividade agrícola em África”, região onde menos de quatro porcento dos seus recursos hídricos empregues são renováveis, em comparação com os 20 porcento na Ásia.
“Nos seus 93 porcento de terras cultiváveis, a agricultura africana depende de precipitações imprevisíveis, com um risco mais elevado de sofrer secas devido às mudanças climáticas”, frisou Jacques Diouf.
Entretanto, o documento frisa que a promoção e protecção dos conhecimentos tradicionais locais sobre a agricultura e alimentação “podem ajudar a fazer frente ao problema da insegurança alimentar causada pelas mudanças climáticas”, através da comunicação e cooperação internacionais, interculturais e interdisciplinares.
No final, o relatório salienta que as medidas visando a redução dos efeitos das mudanças climáticas em África devem ser “complementares” às iniciativas em curso de ajuda internacional para o desenvolvimento e não “substitutivas”.
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