Dia de África: Novos desafios esperam o "berço da humanidade"
25 de Maio de 2010, 05:16
O lema deste ano para o Dia de África é “Construir e Consolidar a Paz através do Desporto”.  A realização do Campeonato Mundial  de Futebol na África do Sul  terá estado na origem deste lema. A efeméride comemora-se por ocasião da criação da Organização da Unidade Africana, OUA, a 25 de Maio de 1963.

Há 47 anos nascia na Etiópia a Organização da Unidade Africana, OUA. Mais tarde, em 1972, as Nações Unidas instituíram o 25 de Maio o Dia da Libertação de África. A OUA foi criada por 32 países que tinha entre outros objectivos a aceleração do processo de descolonização. Contudo em 2002, a OUA é dissolvida e em seu lugar nasce a União Africana, UA.

 Dos 53 países que compõem o segundo maior continente do mundo, todos excepto Marrocos, fazem parte da UA. Marrocos afastou-se em após a admissão do Saara Ocidental como membro pela OUA.

Em vários países africanos, este dia é considerado feriado nacional. Actividades um pouco por todo o mundo marcam as comemorações do Dia de África. Um espaço de debate é promovido pela UA. Em Angola,  realizam-se várias actividades, inclusive o colóquio internacional, dedicado "A Paz e Segurança em África", a realizar-se  no Centro de Convenções Talatona, em Luanda.

Em Cabo Verde decorre a Semana Africana, com destaque para  o Seminário sobre Integração Regional e Desenvolvimento, onde se debateu a livre circulação de bens e pessoas na CEDEAO.

Em Wachington, realiza-se uma gala, organizada pelo corpo diplomático africano com a participação de alguns artistas africanos.

Em Portugal, várias comunidades de estudantes africanos promovem actividades locais. Em Lisboa, o Chapitô acolhe no domingo, dia 30, uma actividade que engloba nomes da música como o  Bonga, Guto Pires, André Cabaço, entre outros.

África, o continente negro

O continente negro ocupa por mais de 20 por cento do total de terra firme do planeta. É o segundo continente mais populoso do mundo, onde estão concentrados 14,7% da população mundial. É considerado “o berço da humanidade” já que foram encontrados os mais antigos fósseis hominídeos no seu território. O Egipto é considerado o estado africano mais antigo de que se há registo.

A escravatura e a colonização fazem parte de um passado que ficou para trás mas que deixou uma herança que ainda hoje se faz sentir em África. Um continente extremamente rico mas nem sempre capaz de gerir de forma eficaz as próprias riquezas.

O  sonho da moeda única

A União Africana propôs a criação de uma moeda única africana – o “afro”. No Tratado de Abuja foi estabelecido ano 2028 como a meta para que o “afro” seja instituído pelo Banco Central Africano.

O secretário executivo da Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD), Ibrahim Assane Mayaki, afirmou na Etiópia em Fevereiro que as naçõesa africanas devem trabalhar no sentido de conseguirem “rapidamente moedas comuns nas organizações sub-regionais. Uma vez ultrapassada esta etapa, podemos então ir para a moeda única africana”.

Contudo a moeda única africana é vista com alguma desconfiança pelos líderes africanos. Se o Egipto, a Suazilândia e o Lesoto pediram um adiamento na implementação da moeda única, países comoEtiópia e os Marrocos não querem sequer pôr a hipótese de aderir ao “afro”.

De olhos postos no futuro

A nível económico a situação parece estar mais animadora este ano. Dizem os dados do relatório anual das Perspectivas Económicas Africanas da responsabilidade do Banco Africano para o Desenvolvimento (BAfD), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e a Comissão Económica para África da ONU. O PIB , produto interno bruto, em África deverá crescer 4,5 por cento em 2010.

E se as relações com a Europa marcaram a história do continente negro, neste novo milénio é cada vez mais visível o interesse da China em África.  Esta potência ajudou a diminuir a dívida do continente atravês de condições favoráveis nos empréstimos que concebeu ao aos países africanos. A China está presente em vários países do continente, principalment nos ramos da construção civíl e do comércio. Contudo a relação com a potência asiática nem sempre é bem vista devido às questões polémicas como a violação dos direitos humanos.

A propósito do Dia de África, o Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, prometeu que a organização irá continuar presente no continente africano através das suas instituições que desempenham um papel fundamental na promulgação de valores basilares da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ban Ki-moon anunciou que irá irá fazer dois périplos a África nas próximas três semanas, para promover os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.

 O Secretário Geral referiu ainda várias questões cuja resolução é prioritária para África. É o caso dos conflitos armados, as tentativas de golpe de Estado, o desemprego no meio dos jovens, a violência civíl, em especial contra as mulheres, entre outros. “Somos todos membros de uma família global de nações," lembrou Ki-moon.

A realização do Mundial 2010 na África do Sul é também um marco histórico para o continente africano. O lema das comemorações do Dia de África este ano “Construir e Consolidar a Paz através do Desporto” deve-se exactamente a este evento. Segundo as autoridade  sul africanas, o Mundial 2010 vai encorajar o desenvolvimento em todo o continente, acelerar o crescimento económico e ajudar a reduzir a pobreza.

http://www.sapo.mz/