A fusão foi perfeita, denotando um inesperado entrosamento. Da plateia alguém atirou: “– Parece que já actuam juntos há anos.”
Assim foi o espectáculo que ontem, sexta-feira, encheu o cinema Gil Vicente em Maputo e que colocou em palco Daniel Navarro, um dos mestres espanhóis do Flamenco, e o grupo moçambicano de Timbila Muzimba, esse instrumento nosso que foi declarado património artístico de todo o Mundo pela UNESCO.
Daniel – que esta tarde dará o seu último espectáculo na Escola Secundária Quisse Mavota, no Zimpeto, em conjunto com a velha guarda da Marrabenta – foi o primeiro a subir ao palco para um aperitivo de quatro minutos, dando depois lugar à tímbila.
Após uma curta actuação de tímbila, foi a vezes de entrar em jogo a fusão que ocupou todo o restante show. Assistiu-se então a uma mistura de ritmos fascinantes com o nostálgico flamenco a alegrar-se com as danças moçambicanas. Daniel Navarro entrou na perfeição no jogo, dançando ao som da tímbila, dos batuques, das pandeiretas, da bateria e espalhando magia, arte, movimento e muito suor – mudou três vezes de camisa. Entre o público houve quem não tivesse resistido a invadir o palco para dançar com os artistas.
No final, foram os artistas que desceram as escadas para comungar da alegria com esse mesmo público que, de pé, rendido, lhes prestou durante minutos vários encores de palmas.
Cristóvão Araújo