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Exposição para marcar aniversário do Museu de Etnologia em Nampula
Para um aniversário do Museu Etnológico de Nampula, as máscaras aparecem com personagens principais. Na abertura, foi buscar-se o papel no teatro grego para, depois, se espreitar os segredos que se escondiam nas máscaras makondes.
Uma exposição intitulada “O Mundo das Máscaras” faz parte de um lote de presentes que os funcionários do Museu Nacional de Etnologia na cidade de Nampula prepararam para oferecer ao público, como forma de assinalar o aniversário daquela instituição que se comemora no próximo dia 23 de Agosto.
Na inauguração da mostra, na tarde desta quarta-feira, o reitor da Universidade Lúrio, Jorge Ferrão, fez recordar aos presentes que, ao longo das nossas vidas, o homem usa muitas máscaras, quer a nível profissional, no lar ou com amigos.
A exposição simboliza a moçambicanidade que é reconhecida além fronteiras.
Esta exibição é caracterizada por retratos de esculturas em pau-preto e máscaras enfeitadas com pele de animais. A apresentadora da exposição explicou que durante muito tempo, a máscara foi vista como sinal de guerra praticada por diferentes tribos indígenas, regulamentada numa actividade de ritual mágico ou procurando dar ao guerreiro um aspecto desumano e feroz para intimidar o adversário.
No entanto, podia também ter uma função protectora.
Normalmente, esta função era comum entre os povos e estava em torno das crenças das forças sobrenaturais, ou seja, a relação com a realidade oculta dos espíritos que, através da magia, permitia abrir a porta para o outro mundo.
A oradora levou-nos à origem do termo personagem, recuando para o tempo em que as máscaras usadas no teatro grego se chamavam personna.
A máscara foi ainda utilizada como acessório de festas, nomeadamente, no oriente e em alguns países da África, em danças e procissões com intenção de se misturar o ritual e o divertimento.
Na abertura desta exposição, também se fez saber que, na tradição makonde, a vida é considerada um processo de fenómenos que acompanham a organização socioeconómica do homem e a sua ligação com o mundo dos espíritos dos ancestrais.
Com máscaras, figurinos e outras formas de escultura em madeira, os makondes cultivaram, desde os tempos mais recuados, a tradição de representar o seu imaginário em relação à existência do mundo sobrenatural e a sua convicção na ligação lógica entre este e a tribo. Esta convicção dá ao artista makonde a capacidade de poder recriar na arte diferentes espíritos, usando uma rica simbologia ao seu dispor.
Entretanto, segundo os organizadores, a exposição “O Mundo das Máscaras” vem espelhar que há muitas máscaras, tantas quantas as ocasiões e os destinos, e nem sequer se restringem aos grupos humanos. Entretanto, a máscara tudo oculta, o bem e o mal. Ela pode ser usada em defesa ou em ataque.
Alguns estudantes que acorreram ao Museu Nacional de Etnologia em Nampula consideram o local como o mais valioso para a sociedade moçambicana. O ritmo desta exposição foi marcado pela dança makonde.
http://opais.sapo.mz/index.php/cultura/82-cultura/8616-um-mundo-de-mascaras.html