Sente-se um clima de tensão por toda a cidade. Segundo o antropólogo Paulo Granjo, a "situação de revolta é sempre uma possibilidade" sendo que neste momento existe por toda a cidade de Maputo uma presença significativa do exército.
Depois de a situação ter acalmado durante toda a tarde, há instantes uma equipa da RTP1 ouviu distúrbios enquanto dava uma volta pela cidade.No momento em que a situação estava aparentemnte calma, foi feita uma barricada em alguns segundos e os jornalistas da RTP1 presenciaram novos tumultos entre a policia.
Nas palavras do investigador Paulo granjo, "há uma questão imeadata que tem a ver com preços, que leva a que as pessoas se revoltem (...) nós nao estamos perante uma população miseral, é um povo que vai construir formas de ser superar, sempre numa situação de incerteza quanto ao seu futuro.". Tal como outras vozes que já se fizeram ouvir, Granjo
Depois de o Governo ter falado ao país duas vezes - ontem pela voz de Guebuza e hoje depois da Reunião extraordinária pelo porta-voz - há, de acordo com Paulo Granjo, dois caminhos para serem tomados: ou o Governo muda de estratégia e decide discutir com os populares e chegar a um acordo ou então continua com a atitude mais hostil e tal como afirmou ontem, vai aumentar o preço do pão no dia 6 de Setembro: "As pessoas não protestam só contra o aumento do pão, há a sensação geral de que o Governo não está atento às necessidades do povo". A opção menos tolerante vai trazer um problema externo, já que grande parte dos fundos moçambicanos vêm de investimento do exterior. Deste modo,a inflexibilidade terá com certeza repercursões a nível do olhar internacional.
Ao longo da entrevista que o antropólogo dá à RTP1, ele faz referência a um ditado popular da zona do Caniço - "na democracia podemos dizer que queremos, mas ninguém liga aquilo que a gente diz"- enquanto se refere à oposição, "a oposição não terá grande sucesso porque o que está em causa não é pôr em causa o próprio Governo, mas sim a necessidade de ser ouvida por parte do povo (...) quem governa tem a obrigação de garantir o bem-estar do seu povo".
Numa análise mais alargada e relembrando os incidentes de 5 de Fevereiro de 2008, Granjo descarta a hipótese de uma crise alimentar, focando o facto de que a Frelimo "alterou ao longo dos últimos dezoito anos a sua forma de governar: transformaram os políticos em empresários e consequentemente enriqueceram as classes políticas". Assim, "quem está no poder tem direito a comer mais mas não pode comer sozinho nem à custa das outras pessoas."
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